Na quarta-feira de abril,
Ele sentou atrás
Daquele banco de madeira,
Escorando-se.
Juntou uma flor
Que ficava ao final
De um ramo que descia
Próximo ao seu cabelo.
Retirou-a.
E contemplou
Sua coloração azulada.
A moça vinha com suas botas
De borracha sujas de terra,
Soltando terra para os lados,
Nisto acertou nele
Um torrão.
- oh, me desculpa!
Ela disse.
Ele permaneceu imóvel.
- você é uma estátua?
Ela indagou,
Aproximou-se e tocou seu ombro.
- nossa, mas é tão real.
Quente e parece suar.
Ela falou enquanto mexia
Em suas vestes brancas.
Olhou o ramo de flor
Entre seus dedos imóveis,
Pegou ele de lá,
E prendeu atrás de sua orelha.
-Mash’allah,
Seus cabelos são feitos
De algodão,
Possui até perfume!
Ela continuou.
- Isto porquê eu não sou estátua.
Ele respondeu.
Olhando-a seriamente
De frente,
Olhos fixos e vivos.
Ela deu um salto para trás.
- perdão, nunca vi homem
Tão perfeito e atraente.
Ela respondeu
Segurando o coração.
- sinto como se meu coração
Não me pertencesse mais,
Minha nossa,
Se você pedisse agora
Minha vida,
Eu lhe daria.
Ela continuou.
- ótimo!
Ele respondeu
Levantando-se de salto.
- dá-me, então,
Um beijo!
Ele pediu
Parando ereto
Em sua frente.
- ora, não seja imaturo.
Beijar é para adolescentes.
Adultos pagam as contas.
Ela respondeu sorrindo.
- veja, não há erro maior.
Temos em idade quarenta minutos.
Ele disse.
Ela sorriu altiva e elegante.
- não entendi.
Nossa idade é o momento
Em que vivemos,
Está certo...
Ela respondeu pensativa.
- na verdade,
Nossas vidas se iniciaram
Quando nos conhecemos.
Ele disse.
Nisso se aproximou
E lhe tocou no pescoço,
Percorrendo seu cabelo
Até chegar nos seios.
Ela arfou,
Quase não respirou.
- está certo,
“quarenta minutos”.
Ela disse,
Com um sussurro
Que mal saia de seus lábios
Entreabertos e sufocados.
Depois aproximou-se dele,
Ergueu os pés
E beijou afetuosamente
Seus lábios quentes
E sedentos.
- “quarenta minutos”.
Ele teve tempo de sussurrar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário