Mentiroso, trapaceiro e covarde,
Eu jamais abandonaria
Um parceiro de arruaça,
Bem, nem me espinho a ruas,
Então, campeão no que digo,
Melhor no que faço,
Eu luto sozinho,
Mas, para os outros: acompanhado.
Se a questão for sinceridade,
Ou jogar limpo,
Ou mesmo coragem,
Já sabe:
Não condiz comigo.
Sempre achei que a questão
Maior é a vitória,
Daí proveio meu lema:
Bater pelas costas
E me aproveitar do que puder.
Neste intuito me vem
Em mente uma artimanha simples:
Chego por trás,
Aponto o dedo para a frente
E indago:
“O que é aquilo?”
Enquanto ele se distrai
Eu ataco,
Com único golpe
O jogo ao chão.
Com a experiência dos dias,
Abandonei o gesto,
Após isto,
Encontrei idiotas para fazer a voz,
Agora só ataco
E me satisfaço.
Quanto menos souberem
De você, melhor.
Contudo, outro dia, errei:
“Aí, Jesus! Que dor é esta?”
Indagou ele,
Logo após meu golpe
Sobre sua cabeça,
Mesmo com o sangue
A escorrer por sua face,
E pescoço.
Quando a pessoa
Em que você desfere seu golpe,
Esquece a elegância do cair,
Você engole o ódio que sente
Por ele e usa seu plano alternativo:
Corre antes de ser visto,
A questão maior agora
É não ser descoberto
Para tentar depois,
E tirar o máximo de proveito.
Larguei o que restou do vaso
Contra ele de volta,
Ante a sua resistência
Eu corri,
Ele se curvou com um simples
“uff”, isto me permitiu fugir
Antes de ser descoberto.
Caso estivesse desmaiado,
Meu caminho estava aberto,
Sabido que meu lema
É não deixar provas,
Então, analiso a existência
De vestígios e os elimino,
Este por incumbência:
Eu o queria morto,
Ao invés disso,
Estou a correr dele
Dentro desta casa
Feito um louco
Por entre os cômodos.
Este corpo ensanguentado,
Com certeza em instantes
Se recuperação bastante
Para correr atrás de mim
Em busca de vingança
E sangue,
Porquê não há como evita-lo,
Não nestas circunstâncias.
Eu atravessei a porta
De sua própria casa,
E a bati com força
Contra o próprio nariz dele,
Eu estava, realmente, preparado,
O deixei tonto,
E incapacitado de completo
Raciocínio.
Alam se chocou contra a porta,
Perdendo o ar de seus pulmões,
Eu o imaginei caído,
Enquanto prendia o trinco,
Eu o quis detido no chão,
Porém, não me voltei,
Precisava, agora, escapar,
Houve um erro
E isto desacelerava o plano.
Dali do jardim,
Eu pude ver Elisa na janela,
Ela vestia apenas as sombras
Da penumbra de seu quarto
Meio iluminado,
Através do reflexo do vidro
Eu podia ver seus contornos
E me imaginar bem próximo.
Mesmo naquele momento
Eu a desejei,
Mesmo com ela contando
Com todas aquelas paredes
Para me deter,
Algumas portas
E nenhuma peça de roupa.
Por causa de uma pilha
De tijolos erguidos
Nesta parede verde,
Eu estava impedido,
Por ora, de tê-la.
A porta começou a estremecer
Enquanto Alam batia atrás dela,
Eu me detive,
Não é como você começa
Que importa,
Mas, como você termina.
O importante não é ser rápido,
Mas, ganhar do outro,
Soltei o trinco depois de algumas batidas,
E eu tê-lo quebrado,
Dificultei o máximo que pude
A saída de Alam,
Eu nunca quis ser pego,
Menos ainda iria querer
A partir deste instante
Em que pude ver Elisa,
Nua em seus contornos,
A mercê da proteção
De dois centímetros de vidro obscuro.
Eu a desejei como nunca,
Mesmo com os gritos estridentes
E desesperados de um irmão
Encarcerado e ensanguentado
Dentro de sua própria casa
Em razão do meu golpe
Mal sucedido,
Dois centímetros de carvalho
O impediam de voar
Em meu pescoço,
Minhas chances de fuga
Se evaporavam enquanto
Ela acariciava suas curvas
Com aquele hidratante idiota,
Engoli meu desejo
E me joguei por sobre
Aquele jardim no quintal,
Eu precisava me pôr a salvo,
Depois, recusaria o plano.
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