“mora comigo, filha”.
Pediu a avó,
Impaciente e carinhosa,
Enquanto abaixava-se
Para dar um abraço
De despedida na neta.
Karla chorou,
Abraçada no pescoço da avó,
Levou o braço até os olhos
E limpou o choro,
Embora amasse a avó,
Não desejava deixar a mãe sozinha,
Ela era apreensiva,
A amava muito,
E nos primeiros dias
Depois dos finais de semana
Costumava esquecer
De fazer o almoço,
Até mesmo de alimentar-se
Por completo.
Aos oito anos
Karla já entendia
Que a mãe precisava dela,
E que ela amparava
A própria mãe.
Nunca conheceu seu pai,
Ou soube quem era,
Se tratava de algum estranho
Do passado da mãe,
Que a fez em certa vez
E nunca quis saber notícias suas.
Mas a mãe a desejou,
Intensa e radiante,
Levou adiante a gravidez,
E nunca arrependeu-se.
Todavia, era difícil
Para Karla encarar
Os dias que passava sozinha
Trancada em casa
Porquê a mãe conheceu
Alguém e decidiu
Passar alguns dias com ele.
Quando a avó ligava,
Ela não confidenciava
Que estava sozinha
Em conformidade
Com as ordens da própria mãe.
Nestes dias,
Passava restrição alimentar,
Ficava o dia todo
Em frente a televisão,
Não frequentava a escola,
E toda a casa costumava
Sujar muito.
Logo a mãe retornava,
O romance acabou,
A casa demorava horas
Para ser toda limpa
E Karla, finalmente,
Podia escolher as roupas
Que mais gostava
Pois estavam limpas.
Tanto mais difícil
Era receber os namorados
De sua mãe em casa,
Eles costumavam deitar-se
Sobre o sofá
E não fazer mais nada
Além de beber
E buscar diversão.
Ainda assim,
Karla soltou o pescoço
Da avó,
Beijou seu rosto e disse:
- vou com a mamãe, vovó.
E saiu.
Correndo em direção
A moto da mãe,
Que a esperava
Com seu pequeno
Capacete rosa em mãos.
A viagem era longa,
Mas, ela abraçava
A cintura da mãe
E confiava nela,
Feliz e segura.
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