Foi a vez
Em que ter o céu
Para teto
Era acalentador.
Deitou-se o Faraó
Sobre as areias desertas,
Fez do calor do dia
A sua morada.
Ao chegar a noite,
Com o cair do sereno
Ele puxou areia sobre si mesmo,
Nisto aqueceu seu corpo.
Tomado por angústia triste,
Ao ser acordado
Em plena madrugada
Por uma tempestade
Em que seu cobertor
Voou para lugares distantes,
Ele viu uma tamareira,
E decidiu cultiva-la.
Tentou de inúmeras formas,
Até que engolir seu caroço,
Defecar a exemplo dos gatos,
Fazendo um buraco na areia,
E ao término cobri-lo,
Produziu bons resultados.
Veio dali
Boas árvores,
Depois disso,
Bons frutos.
Juntou as árvores da areia,
E dividiu-as em sua proximidade,
Passou a dormir em seu tronco,
Recostado.
Com o cair da primeira folha
Sobre sua cabeça Faraó ancestral,
Irritou-se com aquilo,
Decidiu por si mesmo,
Fazer um buraco na areia
E dormir dentro.
No entanto,
O sereno sobre sua cabeça
Lhe gripou demais
Os pulmões,
Empertigou-se,
Colocou sobre o buraco
Folhas das árvores.
Chegou logo o dia,
O sol quente lhe aquecia
As canelas estendidas
Sobre a areia.
No entanto, ao ir dormir,
As folhas secaram
O deixando no relento.
A somar a humilhação
De o pai da linda moça
Moradora de areias próximas
Que o viu
Estirado daquela maneira,
Ocioso e solitário,
Como há de ser o destino
De todo o preguiçoso.
Viu naquela face
Um semblante de admiração,
Quis conquistar linda esposa,
Juntou água,
Misturou a areia.
Não tardou e aquilo virou pedra,
Ele gostou da ideia,
Fez várias pedras
Encostou uma ao lado
Da outra.
Fez a primeira casa.
Então, felicitou-se,
Pois o pretendido sogro
Passou ali e lhe sorriu,
Isto lhe soou mais que elogio.
Fez mais casas,
Ao término de suas várias moradas,
Admirou a luz do dia
Pois ela lhe proporcionava
Ver a linda moça.
Decidiu capturar a lua,
Fez então,
Um amontoado de pedras,
Deu a ela um primeiro formato,
Chamou a àquilo pirâmide,
E subiu aos céus,
Subiu cada vez mais.
Agora de cima de sua pirâmide
Podia contemplar as curvas
De sua prometida.
Isto lhe rendeu ânimo,
Subiu cada vez mais sua altura.
Quando sua construção
Adquiriu grandes proporções
Passou pela habitação da prometida esposa,
Ela residia colada a um tronco
Com uma folha para teto.
Venha, linda esposa,
Case-se comigo,
Já estou capturando a luz.
Em felicidade completa,
O sogro lhes doou uma pedra,
Linda e brilhante,
Que resplandecia a luz do dia.
Feliz pelo presente,
O faraó doou uma
De suas casas aos parentes,
E trouxe para morar com ele
Toda a família.
Logo no primeiro dia
De casados,
Subiu até o final da pirâmide,
Colocou a pedra lá no cume.
A pedra passou a refletir
Toda luz que lhe tocava,
Houve então iluminação
Na noite de lua,
E um pouco na noite de estrelas.
Os predadores noturnos
Deixaram de eliminar
Famílias inteiras
Conforme anteriormente,
E o Faraó pode finalmente
Ter seus inúmeros filhos
Para felicidade de todos.
O povo do redor
Veio morar próximo a ele,
Em suas terras,
Porquê gostaram da luz,
Passaram a auxiliar
Em seus trabalhos
E logo adiante inventaram
O pagamento.
Assim, iniciaram os tempos.