quinta-feira, 19 de junho de 2025

Fogo na Casa ao Lado

Há cinquenta anos
Casaram-se
O casal que residia
Na esquina da Rua Loudenev,
Eram avós.
Nesta noite decidiram
Fazer pizza,
Dona Leila fez a massa,
Seu Eloas cortou os vegetais
Para o recheio
E depois ralou o queijo.
Pizza feita,
O fogo no fogão crepitava
Rumo as suas pernas,
Eles tiraram a pizza
Do forno
Puderam sobre a chapa
De ferro ardente,
E comeram sentados
Um ao lado do outro.
Encerrada a pizza,
O fogo pouco a pouco
Apagou-se até restar apenas
As cinzas esbranquiçadas,
Como ainda era cedo,
Decidiram reacende-lo.
Seu Eloas abriu a
Chapa de ferro,
Pôs dentro do fogão
Quatro paus de lenha,
Cobriu com galhos secos
E jogou papel.
Porém, o papel acendia-se
Depois apagava,
E fez extrema fumaça,
Cansados de esperar,
Decidiram jogar álcool
Na madeira,
Uma vez jogado todo
Um litro de álcool,
Eles acenderam papel
E jogaram sobre a lenha.
A lenha acendeu
E tornou a apagar,
Seu Eloas todo sujo
De carvão irritou-se
E desistiu.
Dona Leila tomou
O trabalho para si própria.
Rasgou muitos jornais,
Pegou uma sacola de plástico
De supermercado
E acendeu sobre a lenha,
Outra vez o fogo acendeu
Para apagar logo
Em seguida.
Cansados disso,
Foram dormir.
Tarde da noite,
Já madrugada o casal
Da casa ao lado
Acordou afogando-se
Em fumaça,
Sentiram um calor estranho
E medo.
Dona Rosenira abriu a janela
E de sua casa constatou fogo
Na casa vizinha.
Saia daquela casa muita fumaça,
Não seria possível
Que não estivesse incendiando.
-Gilvanio, acorde.
A casa de Eloas está incendiando!
Gilvanio com um pulo
Alcançou a janela
E viu a cena se abrir
Na sua frente feito um filme.
O fogo passou por sobre
O telhado,
Estava na parte da cozinha,
Via-se as chamas ganharem
Espaço e invadirem
Por toda a casa.
- socorro,
Irão morrer!
Vamos incendiar!
Ele gritou.
Pegou a mulher pelo braço
E segurou sua cintura
E a soltou no lado de fora
Da janela.
- corra para a rua,
Fiquei longe.
Então, ele correu porta
A fora,
Pegou as chaves do carro
Eco retirou deixando
No acostamento.
A fumaça saia das labaredas
E afogava.
- meu Deus,
Será que eles estão
Dentro de casa?
Gritou Rosenira apavorada
Segurando o braço do marido.
- querida, corra e chame ajuda!
Eu vou tentar fazer algo.
Ao seu aproximar
O carro do Seu Eloas explodiu na garagem,
Fazendo o portão voar
Para o alto estilhaçado,
As chamas saíram pelo espaço
E chegaram ao portão,
Quase queimando
O rosto de Gilvanio
Caso ele não se jogasse
Para trás.
- meu Deus,
O estrondo foi terrível.
Provavelmente eles estejam
Mortos.
Ele gritou chorando
E esfregando os olhos
Por causa da dor e queimação
Causadas pela fumaça.
Porém, ele não desistiu.
Vendo que o casal de velhinhos
Não estava em lugar algum,
Ele insistiu em ir vê-los.
Ao pegar no portão
Para entrar o ferro quente
Lhe queimou os dedos,
Ele gritou,
Mas nem mesmo assim desistiu.
- Seu Eloas.
A casa está pegando fogo!
Gritou.
Ninguém respondeu.
- Seu Eloas tem fogo
Por toda a sua casa.
Ninguém respondeu.
Havia um varal de roupas
Do lado de fora da casa
Que se estendia
Pelo jardim,
As roupas pegaram fogo
E o fogo se espalhou
Pelo arame.
Até que ele caiu no chão
Em chamas.
A esposa de Gilvanio
Gritava desesperada
Nas casas vizinhas,
Os vizinhos saíram
Para fora apavorados
E se juntaram em frente
A calçada
Em burburinhos.
No entanto, Gilvanio
Não desistiu,
Tirou a camiseta
Colocou nas mãos
E abriu o portão
Usando sua força,
Depois passou
Sobre as roupas
Que queimavam
E foi até a janela
Arrombou ela com força,
E encontrou o casal
Dormindo sobre a cama.
Havia muita fumaça,
Mas ele mexeu no braço
Do Seu Eloas que acordou,
Chamou sua esposa
E ambos saíram da casa
Com a ajuda de Gilvanio.
Logo em seguida,
A cortina de dentro da porta
Pegou fogo
E depois a porta.
Descobriu-se que
O fogo acendeu depois
De eles terem ido dormir
E o fogo alcançou as cortinas
Da parede, depois o teto
E assim se alastrou.
O casal de velhinhos
Perdeu tudo:
Casa, carro, mobília, roupas
E comida.
Foi um fim trágico.
 O fogo crepitou muitos
Metros acima do teto,
Alcançou as casas vizinhas,
Se alastrou até o fim da rua,
Queimando todas as cinco
Casas.
Ninguém morreu.
Mas, o medo de todos
Foi extremo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Transporte Ilegal

Terceiro ano de trabalho Na mesma empresa, Cansada de ir ao serviço No transporte público, Vez que, no mês anterior, Um rapaz ...