sexta-feira, 6 de junho de 2025

Guerra Aberta

O navio de guerra
Carregava cinquenta canhões,
Armados e prontos,
Mais um pelotão de fuzilamento,
Munição e bom treinamento.
A estratégia era válida,
Aproximar-se sem ser visto,
Atacar antes de ser esperado,
Abater antes de ser visto,
Todavia, Ronan abraçou Gean
E foram alegres comemorar
Próximo a beirada do navio.
Sentaram-se,
Sem medo de cair,
Neste enfoque ao comemorar
Que iriam vencer
E não haveria erro,
Renan bateu com força
No peito de Gean
Que caiu em alto mãe
E não resistiu,
Gritou de terror
Por ter avistado tubarões,
Estava um frio intenso,
Sem refletir
Ele sacou sua arma da cintura
E antes de cair na água gelada
Atirou contra Renan,
Fazendo voar sangue.
Com um espasmo de medo
E um grito de dor
Renan acompanhou Gean
Até a água gelada.
O major ouvindo a algazarra
Aproximou-se a tempo
De ver Renan ir para o fundo,
E contemplar o desespero de Gean
Na tentativa de nadar
Para acompanhar o navio,
Sem que ambos ficassem
Por tanto tempo na água,
O major atirou em ambos.
Duas balas certeiras,
Dois corpos rumo ao
Fundo do mar
Sem vida,
Um poço de sangue a congelar,
E sucumbir a vida
De ambos os soldados.
Um soldado capelão
Foi chamado para rezar
Pela salvação da alma de ambos.
- por causa destes dois
Nossa estratégia escorreu
Por estas águas e
Chegou até os navios inimigos.
Disse o major.
- puxe o terço,
Eco reze por todos,
Estes foram devido a algazarra,
Nós ficamos para enfrentar
O porvir e lutar.
O capelão pegou o terço,
E todos rezaram de mãos dadas.
Na metade da oração,
Três navios foram avistados.
O major foi chamado:
- veja major,
São três navios tripulados,
São trezentos canhões
Contra nós,
O que faremos?
Indagou o oficial inferior.
- tarde demais,
Fomos vistos,
Não há o que fazer.
O navio está exposto,
Não temos como nos esconder,
Eles são rápidos,
Vão iniciar os tiros
Em pouco tempo.
Os oficiais olharam-se,
Com seus peitos acelerados.
- treinamos para isto,
Vamos enfrentar e vencer.
Disse o tenente ofegante.
Olharam para o restante,
E os soldados mantinham
As mãos unidas em oração.
- eu pegarei o bote
E irei com um soldado
Para a terra seca,
Alguém precisa viver
Para contar o que houve,
Eu irei,
Vocês ficam e enfrentam
O que for preciso.
Declarou o major,
O tenente indagou
Quem iria dirigindo,
E o soldado Márcio
Se prontificou.
Já dentro da água,
No bote,
O soldado enquanto remava,
E o major que apenas contemplava
Puderam ver o início
Dos tiros de canhões,
Seu navio atacou primeiro,
Cinquenta balas de aço
Foram arremessadas,
Em contrapartida cem vieram
Contra eles,
Estilhaçando a embarcação,
Fazendo saltar chumaços de fogo,
E sangue por toda parte.
O navio insistiu em seus tiros,
De cinquenta a cinquenta lutou
Ferozmente e atacou sem piedade,
Não deu pausa para conversa,
Ou ouvidos para qualquer comentário.
Por pouco,
Os tiros não chegam até o bote,
Que logo colocou-se distante.
Quando o navio não passava
De um pequeno risco na linha
Da água,
O major o viu tornar-se
Um pequeno ponto
E ser tragado para o fundo.
Restou, destroços e sangue.
Pedaços de homens
Em alto mar,
E trezentos canhões a atirar
Fogo e aço sobre eles.
Quase em terra,
O soldado soltou o remo,
E sentou sobre ele,
Depois encarou o major
Nos olhos e disse:
- eu sou irmão do soldado
Que você atirou no mar.
O major assustou-se,
Recordou dos dois soldados
Caindo e sendo empurrados
Ainda mais para o fundo
Pelos seus tiros.
- que bom,
Nos salvamos.
Todos que ficaram afundaram.
Ele respondeu.
- mas, você atirou contra ele.
O soldado apontou a arma
Contra o rosto do major,
E engatilhou.
- eu dei a ele um funeral,
O capelão rezou por ele,
Ele nos tirou este direito,
Nos entregando para os inimigos.
Ele continuou.
Ficou em pé e encarou.
- você está certo.
Sobramos apenas nós.
- sim, ele pertence ao mar,
Como toda a tripulação
Que afundou.
- mas ele poderia ter morrido lutando...
- ele escolheu o erro,
Eu não pude perdoa-lo.
O soldado compreendeu a situação.
- está certo.
Eu o perdoo.
- obrigado.
Não se culpe.
O soldado pôs-se a remar,
Retirando o remo
Debaixo de si,
E ficando em pé.
Em terra,
Decidiram separar-se
E buscar aliados para a batalha.
Cada um seguiu direção oposta,
Optaram por seguir pela área
Do bosque,
E esconderem-se
Enquanto não se sentissem seguros.
Chegado ao alto do bosque
O major em entrou um cartaz
Com recompensa pela sua morte.
Aturdido e triste,
Encontrou um mendigo
Que lhe ofereceu ajuda.
- por quê você não me entregaria?
Indagou.
- porquê sempre que você passou
Você me ofereceu dinheiro
E com este calor eu comprei alimento,
Eu lembro de quem me dá comida,
Não preciso que lembrem-se
Da minha cara,
Eu sei retribuir,
Você me ajudou sem cobranças,
Eu lhe ajudo sem regalias.
De trato feito,
O major seguiu o mendigo
Até sua casa,
Admirando-se da escassez de recursos,
O mendigo chegou ao tronco
De uma antiga árvore,
Puxou alguns galhos,
E adentrou num buraco.
- me siga.
O major o seguiu.
Entre grandes raízes
Havia palha de milho,
Folhas secas galhos
Como móveis,
Nozes e outras frutas
Para alimento.
- eu só tenho
O que encontro,
Coma do que tiver,
É assim que vivo,
Dos restos disponíveis.
Ele comeu.
A noite chegou fria,
Na madrugada uma fumaça
Invadiu o lugar
Tornando impossível respirar,
Eles puxaram alguns galhos
E ficaram a espreitar de dentro
Do buraco para fora.
O vilarejo logo abaixo de si
Estava sendo consumido
Por fogo e tiros,
Os tiros destruíam tudo até viam,
Um barulho insuportável,
Pessoas gritavam,
As casas eram incendiadas
E chamavam a atenção de longe.
Pessoas eram pegas
Pelo quartel inimigo
E jogadas vivas e inteiras
Nas fogueiras para queimar,
Nada resistia
As suas presenças imponentes.
O major se escondeu
De volta,
Pela primeira vez
Puxou o terço
E desejou rezar
Quis pedir ajuda a Deus,
Pois só ele seria capaz
De conter tamanha desgraça,
O major estava desarmado,
E sozinho,
Não poderia lutar ou morreria.
Lá debaixo,
Num sopro de voz
Chegou aos seus ouvidos
Um chamado:
Seu nome,
Chamavam por ele,
Estavam procurando-o.
Ele saiu de dentro
Do buraco,
Já era quase dia,
Retornou a ler o cartaz,
Sim tinha sua foto,
Tinha seu nome
E o buscavam.
O mendigo bateu três vezes
Em seu braço
Num gesto de confiança
E partiu.
- eu vou por aqui,
Peguei direção oposta.
Ele disse,
Sem olhar para trás
Seguiu a mata.

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