Nunca desejou se envolver,
Sonhou encontrar um alguém,
Abrir o coração para amar,
Mas de tão grande,
Ninguém coube dentro,
Todos ficavam aquém.
Até que certo dia,
Encontrou um órfão,
Um pequeno menino
Sem pai nem mãe,
Ambos morreram num acidente,
Seus avós também haviam partido,
Restou um tio-avo,
Que ocupado demais em sua função,
O designou para pai – tutor.
Ele amou está criança,
Passou noites em claro,
Lhe transferiu todo o saber
Que possuiu,
Boa educação,
Um amor incondicional.
Da sua infância a mocidade
Amou cada atitude,
Ajudou em cada passo,
Lhe soou seus abraços,
Soube ser deste
Que tratou por filho,
Como nunca pôde
Ser de uma mulher.
Abdicou de esposa,
Desistiu de comprometer-se
Com qualquer que fosse,
Se antes eram insuficientes
Para o quanto era capaz de amar,
Menos agora se bastariam
Para amar a criança
O quanto ela merecia.
Os anos levaram o negro
De seus cabelos,
Substituíram pela calvície,
Levaram seu vigor de juventude,
Mas, foi incapaz de fazê-lo
Desistir de tão íntegro amor.
Ninguém seria capaz
De alegar que não lhe nasceu
De seu próprio sangue,
Jamais diriam que fosse pouco amado,
Ou mal cuidado,
Nunca,
Cresceu o menino mais amado,
Cuidado com zelo,
O perfeito garotinho.
Uma vez alcançada a mocidade,
Não tardou querer sua liberdade,
Em adulto,
Optou pela profissão do tio-avo,
Um ofício que exigia ausência
De casa,
Fechou sua porta,
Deixou o velho para fora,
Foi como pai,
Porém, não era pai.
Mas o coração do velho
Nunca falhou um dia
Sem que o motivo fosse
A falta do garoto,
Amou-o por filho,
De longe acompanhou
Seu trabalho,
Torceu por suas vitórias
Como um pai teria feito,
Rezou por ele
Como apenas um pai rezaria,
Porém, pai não era.
Aguarda em casa
Que a saudade possa lembrar
A criança que está dentro
Do homem adulto
E o faça retornar e dar ao velho
Um último abraço.
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