sexta-feira, 6 de junho de 2025

Aço e Fogo

Um incêndio contemplado
Fazem de um ser humano
Uma estátua de pavor,
E ódio.
Quer-se lutar,
Tentar reverter,
Salvar o que restar,
Porém, as chamas consomem,
Devoram mais que a fome,
Espalham-se rápidas
Por casas, pessoas e árvores,
Não sabem apagar
Nem o que isentar:
Devoram com seus dentes
Ardentes de laranja sanguinário,
E fogo abrasador.
Invadiram aquela vila
Ainda a noite,
Metralharam a todos
Que encontraram,
Atearam fogo em tudo.
Alguns foram rápidos,
Vendo-se cair em terra seca,
Fugiram para o bosque
Levando como arma
O que pudessem encontrar,
Paus, facão, foice, facas,
Facão, munição, espada e metralhadoras.
Correram moro acima,
Fugiram tanto quanto
O fogo consumiu quem ficou.
Restou fumaça silenciosa,
Nem um choro,
Ou gemido,
Apenas fogo queimando
Feito se estivesse em palha seca.
Estalavam as casas,
E subia o fogo sobre elas,
O poço da vila virou sangue,
Suas águas ganharam a cor
Da dor,
Do luto,
Mortos todos.
Sobre o alto do moro,
Um homem fugia,
Desertou de seu bando,
Bradava sozinho sua arma,
Numa árvore havia um cartaz,
No cartaz sua foto
E uma frase:
Procura-se
E recompensa-se sua morte.
Desatinado e amedrontado
Viu a vila que apoiou
Pendurar o cartaz em chamas,
Foi tudo muito rápido,
Enquanto se encaminhava
Moro abaixo para ajudar
O quartel invadiu e destruiu.
Contudo, logo de imediato,
Emergiram pessoas
A chamar seu nome,
Ele se recusou a responder,
Não via de onde vinha a voz,
Não entendia de que distância
Estavam.
Então, num impasse
Mil armas lhe chegaram
E apontaram contra ele,
Ele estava de cabeça baixa:
- erga o rosto ou morra!
Gritou um homem.
De calça rasgada,
Camisa de lá branca e suja de terra.
Ele tinha uma arma,
Aproximou sua arma
Até encostar o cano
Contra a testa do homem,
E a empurrou para cima
Até encara-lo.
- Ivanor? O procurávamos!
Soubemos que sua embarcação
Afundou e você sobreviveu,
Então, precisamos de sua ajuda!
Disse o homem.
Depois, retirou a arma
Da testa de Ivo,
E desengatilhou.
- não atirem, é o Ivo,
Ele poderá nos ajudar!
Disse o homem
Olhando para os demais
Que portavam todo tipo
De coisas que poderiam
Ser usadas como armas
Desde facão até foices
E algumas poucas armas propriamente.
- eles nos atacaram
Enquanto dormíamos,
Mataram todos,
Queimaram o que sobrou,
Nós não fomos suficientes
Tivemos que fugir
Para nos salvar.
Somos em dez mil,
Pegue o cavalo e nos guie,
Queremos vingança,
Desejamos derrota-los,
Queimaram o povo,
Do velho ao novo,
Queimaram tudo.
O homem que falava
Se ajoelhou
E começou a chorar,
Ivo retirou um terço
Do bolso e rezou.
Todos rezaram em voz baixa.
Os que salvaram-se 
Em sua maioria,
Ao tomar conhecimento da guerra,
Cavaram poços profundos
Na terra,
E se abrigaram neles,
Fazendo uma cobertura
De madeira e palhas secas
Sobre o buraco,
Por isso, resistiram,
Todavia, muitos morreram queimados,
Embora esperassem a artilharia 
Eles não contavam 
Com o poder das chamas,
Da fumaça ardente 
E do calor sobre a terra.
Após a partida do quartel inimigo,
Horas após o incêndio,
O fogo ainda chamuscava os céus.

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