quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

O Garoto Cobiçado

Finalmente,
O garoto cobiçado olhou-a,
Prestou atenção em suas roupas,
Sorriu baixo,
Gostou dela.
Dentre tantas pessoas juntas,
Não é fácil ser notada,
E quando o garoto,
O grande garoto
Olha para você,
Você se sente o máximo,
Tipo uma rainha...

Foi bom ser digna de seu olhar,
Conquistar seu apreço,
Agora se apaixonar
Era questão de tempo,
Beijar seu rosto,
Cuidar do lindo rapaz,
Era resultado imediato.

Ela se apaixonou por ele,
Não soube porquê,
De repente gostou dele,
Não sem querer,
Ele era lindo e inteligente,
Porém, cobiçadinho e prepotente.

Suas pernas torneadas e fortes
Não contavam com isto,
Ele a chamou de longe,
Foi discreto
E autossuficiente,
Ela sentiu-se bambear,
Por Allah,
Seria agora o esperado fim?

O encanto do beijo
Se personificaria.
Então, ela foi,
Rápida e inteligente,
Com seu jeito altivo
Displicente,
Chegou a ele.
- Olá.
Eu o vi me chamar.

Disse,
Entre sorrisos e dentes brancos.
- sim,
Preciso de um favor seu.
Ele respondeu e entregou a carta.
Uma carta fechada.
Uma carta feita a mão e lacrada.
Com seu nome e data.

O coração dela vacilou,
Ela olhou para seus olhos,
E o coração voltou.
- eu não sei se consigo.

Respondeu.
Pegando a carta entre os dedos.
Segurando firme
Entre suas mãos trêmulas.
- nem mesmo por mim?
Ele indagou em sorrisos.

Sinto Muito

Ela venceu a grama alta
Em passadas largas
Para encontra-lo
E o quanto antes abraça-lo.

Sorriu como se o sol
Refletisse em seu rosto,
Seus olhos lacrimejaram,
Seu amado,
Seu doce amado,
Vinha ao seu encontro.

De casaco solto
E calças da mesma forma,
Dava passadas largas,
Sorriso resplandecente,
Porém, no fundo do seu olhar
Havia algo,
Um algo frio e arredio,
Um algo que ela não reconhecia.

A dois passos,
Ela abriu os braços,
Deixou os cabelos soltos
Para acariciar ele com todo corpo.
Era seu lugar favorito,
O perfume dos cabelos dela,
Aconchegar-se em seu ombro,
Adormecer em suas carícias.

Ela não media esforços.
Mas, seus braços levantaram-se lentos,
Como se estivessem pesados,
Suas mãos pareciam fechadas,
Os punhos estavam tesos.
E o sorriso foi se apagando.

Ela encontrou amparo
Em olhar para o seu peito,
O lugar amado,
O cheiro desejado,
O lugar que ansiava estar,
E manteve o abraço no alto.

A um passo se jogou
Nos seus braços,
Quando viu seu olhar
Enviesado e sóbrio,
Caiu em seu peito ,
Não sentiu receio
De buscar amparo,
Nem de admitir amor.

Abraçou ele intensa e forte,
Apertou seus braços,
Entrelaçou suas mãos em suas costas,
Colou seu rosto
Em seu casaco
Que logo molhou-se em prantos,
Mas, ela permitiu que seu amor
Escorresse por sua roupa,
Que ficasse a marca,
Garantisse a lembrança
De seu desespero e medo
Da ideia destrutiva de perde-lo.

Feriu sua sobrancelha
No zíper do casaco escuro,
Feriu seu rosto em tecido arredio,
Apertou até seus ossos estalar,
Até doer a alma,
Seguraria-o até sangrar,
Por toda vida
Se assim o fizesse ficar.

- você está bem?
Ele indagou seco
E distante,
Mantendo seu queixo
Sobre a cabeça dela.
- não, por favor, não estou pronta.
Ela disse de ímpeto.

Sem se mover,
Apertando e apertando ele.
- eu sinto muito.
Ele respondeu.
Empurrou-a para trás firme
E seguro,
Deu as costas para ela
E foi para longe.

Com passadas largas e decididas,
Como se o gramado alto,
Não contivesse nada
Que pudesse detê-lo,
Como se a necessidade dela
Fosse insubsistente.
Ele virou-se.
E foi para sempre.

Amado Esposo

Obrigada amado esposo,
Esposa tão abençoada
Quanto eu não há.
Digo isto,
Porquê tenho o melhor amigo,
Companheiro e homem comigo.

Sinto orgulho
De quem você é,
Grande homem,
Grande rei,
Me fez mulher,
Me trouxe alegria,
Me faz rainha.

Eu não digo isto com frequência,
Me desculpa,
Eu te amo sobremaneira,
E preciso de você comigo.
Você é minha realização,
Você é extraordinário,
É mais que pedi em oração,
Ou algum dia sonhei ter comigo.

Obrigada por vir ao meu encontro,
Acreditar em meus sonhos,
Compartilhar sua vida comigo.
Amado esposo,
Obrigada por ter ficado,
Quando havia tanto empecilho,
E tantos a tentar nos distanciar,
Você foi inteligente e astuto,
Soube diferenciar,
E me elevar para rainha,
A grande rainha da sua vida.

Eu amo cada hora
Em que estamos juntos
E nenhuma haverá
Em que nos distanciarmos,
Eu falhei,
Não fui, por vezes,
A esposa que você mereceu,
Mas, eu sinto que precisei,
Eu te amo.

Sei, eu cometi erros,
Mas você sempre foi meu anjo,
Se eu pudesse mudaria o tempo,
Passaria o ponteiro com meu dedo
E pularia todas as horas ruins.
Até que pudéssemos estar juntos,
E estarmos seguros.

Porquê, meu amor,
Me importa sua segurança,
Sei bem-estar,
Sua mantença.
Contudo, meu amor,
Saiba que eu te amo
Meu esposo.
O grande rei.
O amado rei.
Minha maior benção,
Minha mais alta paixão.

E Nesta Vez

Pela última vez,
Ele não precisava dizer isso,
Eu lhe economizaria a frase,
Ele nunca precisará dizer.

Que bom que o tive,
Foi uma noite
Entre beijos e estrelas,
Ele foi todo meu,
Eu toda sua.
Então, chegou o alinhamento planetário,
Pois é, o destino
Que cruza as vidas
E entrelaça sonhos,
Agora decidiu cruzar estrelas,
E entre elas ou além,
Os planetas.

Um após o outro,
Em linha reta.
Se eu pudesse leva-lo
Até lá,
Haveriam percalços
Uns grandes demais para o passo,
Outros um tanto quanto
Sem piso próprio,
E outros pequeninos
Escondidos para dar-se o passo
Lá embaixo...

Sonho alto.
Sonho alto foi desejar você,
Foi querer te conhecer,
Agora o destino achou tudo simples,
Foi para lá interferir
Então, se você agora
Pensar em mim
Promete sorrir?

Ok.
Eu não gostaria de ouvir
De você a tal da frase
Pela última vez,
Fere a alma
Imaginar estar contigo
E no outro instante
Eu não te ver.

Por uma última vez,
Que não veja a pena,
Por uma única vez,
Tudo se apequena,
Que tal se fosse,
Fica comigo outra vez?

Sem pedidos
E sem romance.
Beijos românticos
São para embaixo do cobertor,
Combinamos assim,
Sem o tal de última vez,
Sabendo que sempre
Melhora na próxima vez.

E, por favor,
Sem desta de da próxima vez,
E sem a coisa do por única vez.
Caramba,
Eu beijei um rei.

E quando a noite trouxe as estrelas
O céu intercalou os planetas,
E eu olhei para o rapaz,
E disse poxa, garoto:
“eu beijei um rei”.
Que legal você é, rapazinho.

Nesta vez foi intenso,
Deste vez você foi o auge,
O garoto cobiçado,
É rei neste romance.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

A Notícia

Confesso que não sei
Se rezar ajuda.
Mas, eu soube ficar de joelhos,
Eu fiz mais que podia,
Soube suplicar...

Aquele dia,
De maneira totalmente inesperada
Recebi a notícia da morte.
“Sim. Ele se foi”.
Me disseram sem delongas.

Eu teria caído,
Mas meu coração baixou
E senti que um solavanco
Até o chão
E ele não aguentaria...

Eu tremi e procurei por ajuda,
Tudo ficou escuro demais,
Ninguém me reconhecia,
A dor sangrava,
Jorrava tão forte
Que fez meu coração pulsar.

A partir daquele momento
Ele não soube pulsar outra coisa.
Eu juntei minhas mãos,
Colei uma a outra
E roguei aos céus,
Deixa ele, Allah,
O Salva.

Você pode,
Eu disse,
Eu confio nisso.
Allah não deu resposta,
Sim,
Lá do céu ele ficou em silêncio.

Eu fiquei cega de dor
Meu pulmão se contraiu
E não desejou respirar,
Minha voz calou,
Só soube suplicar.

Eu parti meus joelhos
Em piso frio,
Eu implorei por minha morte.
Eu disse a Allah,
O devolva, por favor,
Eu sou fraca.

Eu andei,
Por quê me ergueram
Com uma mão em meu ombro,
Depois disso,
Eu não me sustentei,
Eu tombei onde pudesse
Me agarrar.

A notícia “morte”,
Vem como um véu que lhe cobrei,
Tira a razão,
Rouba o sossego,
Destrói a paz.
Eu rezei,
Rezei como jamais faria.

Eu já havia querido
Pedir a Allah antes,
Mas, naquele instante,
Em igual intensidade
Não se farei de volta.

Eu gritei as lágrimas
Que corriam minha face.
Eu gritei a dor
Que dilacerava
Minha calma.

É como se o grito
Fosse o mais forte
Em você
E surgisse de dentro
Incontrolável e dolorido.
Gritar sua dor sangra,
Mas, a morte,
A morte te mata,
Sufoca,
Faz sofrer e chorar.

Morte faz doer.
Eu o tive,
Sempre soube que o teria pra sempre,
E o pra sempre chegou
E o levou sem aviso.
Foi de imediato e destrutivo.

Eu colei minhas mãos
Em oração.
Eu disse, Allah, perdão.
Devolva, Senhor, então.
A morte não pode ser expressa.

Os Verões Sempre Terminam

 Os verões sempre terminam,
Sim,
Eu soube desde que
Toquei em sua mão
E recebi seus carinhos.
Não iria tão longe,
Não duraria tanto,
Nem mesmo mais que uma noite,
Talvez questões de meses no máximo...

É certo,
Depois de provar seus lábios,
Eu desejei sim
Que nossa perfeita noite
Se prolongasse
E que todos os meses viessem...

E que eu pudesse adiar
O máximo possível
O temível
E esperado fim.
Quando me senti segura
Acalorada em seu abraço,
Eu soube que poderia
Ter um pouco mais,
Então, fiz do nosso beijo
O mais longo.

De um simples toque nos lábios,
Eu estendi para o sublime,
Fiz com ternura,
Usei de toda doçura,
Desejei conhecer cada tecido,
Cada gemido,
Cada intensidade possível.

Provei do seco macio de fora
Ao molhado doce de dentro,
E permiti que o fogo deste beijo
Me consumisse
Até que, simplesmente,
Eu soubesse o que fazer.

Pudesse controlar
O tremular das pernas,
O falhar dos joelhos,
A medida de cada carícia,
A forma como deixar tudo perfeito.

E eu vivi isso,
Dos beijos
Eu provei o melhor,
Do sorriso
Mereci o mais intenso,
Mas verões sempre terminam.

No final,
Eu o vi partir,
Segura de tudo que vivi,
Sorri até o sol sex esconder
E a neve chegar,
Eu desenhei um casaco
Para ele,
E o entreguei,
Estava segura,
Não o veria mais,
Talvez, apenas até o inverno passar...

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Casados

- Se eu amo meu esposo, doutor?
Ela levantou da cama do hospital
E gritou a ele em resposta.
Depois disso, o silêncio.

-Desmaiou.
A paciente desmaiou.
A pulsação está fraca.
Vamos perde-la.

Comunique ao esposo.
Acho que é tarde.
Não importa o que eu faça.
É tarde”.
O médico quase gritou
Em desespero.

Ela estava grávida.
Havia sido trazida ao atendimento
Com tanto carinho.
O jovem esposo acompanhou tudo.
Saiu por poucos minutos.
E ela estava morrendo.

“Precisamos retirar o bebê.
Ele está morto”.
Ela suspirava.
Sentia voltar o ar
E sentia perder.
Perder um filho.
Seu primeiro bebê.
Perder o primeiro sonho.

Chorou.
Quando partiu todos os seus batimentos.
Ela molhou o travesseiro.
Chorou.
Chorou após a morte.
Então, retornou.
Soluçou.
De lábios fechados
Sem poder pedir ao filho
Que ficasse
Ela verteu-se em prantos.

De olhos fechados
Sem poder ver o perdão
Do esposo,
Ela chorou.
Seu peito arfava em soluços.
O marido entrou.
Pegou sua mão fria.

A trouxe ao peito.
Se ajoelhou ao seu lado.
E ficou.
Com voz alta pediu pelo filho,
Com o coração em prantos
Implorou pela esposa.
Tudo ficou escuro.

Outra vez.
Na manhã deste dia,
Eles decidiram cuidar
Do jardim,
Mudar alguns vasos de lugar,
Cuidar das flores
Milhões de sementes e espécies
A espera do filho
Para germinar e florescer.

De repente, um vaso caiu
A seus pés
E partiu-se.
A flor caiu no chão e feriu-se.
Poucas pétalas caíram.
O esposo correu ao seu alcance.
Limpou a terra,
Pegou outro vaso.

Juntos, de mãos unidas,
Replantaram.
Nova vida.
Nova chance.
O caule não estava danificado.
Fizeram bancos utilizando
Toras e tábuas,
Fizeram um sobreposição
E lá colocaram de um a um os vasos.

Anteriormente,
Eles estavam próximas
Ao chão do quintal.
Sobre duas mesas grandes e baixas.
Mas, eles sentiram medo
Que a criança ao nascer
Fosse mexer nelas
E algo pudesse feri-la.

Combinado a isto,
Sentiam medo de infestações
De lagartas, aranhas,
Baratas e moscas...
Quiseram defende-la.
Nisto, a garota juntou
O singelo vaso,
Uma aranha
Estava totalmente esticada
Embaixo dele,
Ela tinha tonalidades marrons
Até amarelo,
Não parecia existir ali...

Não houve como prever.
Dois dias anteriores,
A casa foi fechada
E uma dedetizadora foi acionada,
Apenas por precaução,
Estava tudo limpo.
Foi pago por isso,
E recebido garantia.

Retornaram,
Fizeram a limpeza...
E pronto.
Ela soltou o vaso a ele.
- querido, sinto muita dor.
Vem da minha barriga,
Próximo ao vaso.
Ele correu aí encontro.
Pegou o vaso que era entregue.

Encontrou a aranha
E a matou.
Porém, tarde.
- ela está acordando.
Ele disse, ao médico
Que esperava dentro da sala.
- o filho não resistiu.
O médico disse,
Dando as costas e saindo.

Ele beijou suas mãos,
Jurou protege-la.
- volte, por favor, preciso de você comigo.
Abraçou o bebê morto,
Chorou sobre o ventre dela.
Depois pediu para que ele
Fosse mantido no necrotério.

Para que ela melhorasse
E pudesse contemplar seu rosto.
Implorou em cada minuto
Por ela.
Chorou em cada segundo.
Ela também.
Nós instantes de morte,
Ela parecia ouvi-lo.
Sofreu dois destes.

O Garoto da Motocicleta

Lá do sistema
Ele foi definido um bom rapaz,
Lhe fizeram pequenos testes,
Ele foi eficaz.
Logo, lhe deram uma motocicleta,
Uma simples,
Ele jamais seria muito bom,
Nem deveria ficar sabendo de seu valor.
O pai achou perigoso,
Ele era jovem,
Mas o garoto sem saber o motivo
Foi dado a manobras,
E corridas,
Contudo não em velocidade alta,
Mas muito melhores
Se o fosse.

Sua ultrapassagem era perfeita,
A forma como ele reagia
Aos acidentes que deveriam
Ter sido fatais
Era considerada fantástica.

Lá do sistema,
Alguns retiravam seus fones,
Davam socos em suas mesas de desespero
E o aplaudiam.
Ele se safava bem.

Levado ao hospital semiconsciente,
E levantava da cama dando ordens.
Depois, disso.
Ou melhor, junto a isso.
Lhe deram uma música
E o disseram: “cante”.

Ele foi bom.
Seus movimentos sobre a motocicleta
Começaram a ser aplaudidos,
Por motoqueiros antigos
E treinados,
Ele foi se tornando um prodígio.
De pronto,
Um filme foi escrito
E seus movimentos foram postos,
Contudo, ele era odiado
Ninguém podia fugir disso.

Armaram-se represálias,
Ele saiam com escoriações
E a moto sem amassados
Ou riscos na pintura,
Estava se sobressaindo demais.
Do sistema,
Eles escolheram outros
Para serem melhores,
Ele era para estar inválido
Ou pior.

Odiado e vitorioso.
Não com um sistema daqueles
No seu calcanhar,
Fora do seu alcance,
Determinados a atacar.
Ele precisava entender
Que não foi o escolhido:
Gravaram suas músicas,
Com sua voz,
E poucas modificações.

Ele era uma mulher.
Quando soube ele desmaiou,
Desejou morrer,
Ou lhe disseram isto
Através de vozes pouco definíveis,
Era a sua voz,
Ele comprou o cd,
Mostrou aos amigos,
Parentes e conhecidos:
Eram suas músicas, sua voz...

Chorou.
Ele sentou-se escorou a cabeça
Nós joelhos e chorou.
Ele era uma cantora feia,
Drogada e desesperada.
Ele precisou recuperar o autocontrole,
Ser mais forte,
Resistir aos conflitos,
Mas, o que era isto?

Que vozes lhe diziam tanto?
Por qual motivo lhe tinham ódio?
Simplesmente,
Ele não era o escolhido.
De repente, sai em cartaz,
Um filme e dentre os atores:
Ele.

Ele se reconheceu.
Não soube explicar.
Mas se viu nele.
O garoto fez namorico
Com sua motocicleta,
Apaixonou-se nela,
Viveu para ela por algum tempo.

Pouco tempo.
Amores duram.
Ódios, porém, padecem.
Este sistema de vigilância e fala
Era composto por muitos integrantes,
As manobras que lhes rendiam
Dinheiro eram difíceis,
E as ideias de exigências
Apenas surgiam e cobravam.

Ele não sabia disso,
Não ganharia nada com isso.
Mas vinha a fala no ouvido,
Sob ameaça e represálias,
Era só um movimento,
Então, ele fez.
Girou sua moto naquela estrada de pedras,
Soltou pedras do chão,
Levantou terra mais alto que o vento,
Rodopiou e gravou um círculo,
Depois disso,
Caiu.

Último movimento.
O filme saiu.
O cd fez sucesso.
Ele não pode ser substituído.
Nem a voz ou movimentos...

Mudou.
Ele que não ganharia
Não ganhou.
A família nada soube.
Nem ele,
Na verdade.
Resta o túmulo
E a motocicleta ao lado.

Foram-se os anos,
Ela enferruja-se e cede ao tempo.
A voz dele foi calada,
Seus suspiros não são ouvidos.
Mas, o sistema falhou.
Sobre o final daquele filme,
Sobre a carreira daquela voz,
Sobre a aparência de uma pessoa
E um rosto.

Mesmo que este rosto
Tenha sido ocultado,
A imagem ficou.
Se você assistir com interesse
É possível perceber.
Eu guardo o encarte, o cd,
O cartaz e o dvd daquele filme.
Eu temo ser o próximo descarte.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

James

Já comemoraram alguns
Aniversários de namoro.
Contudo, eram jovens.
Ele dezenove anos,
Ela dezoito.

Cada vez que olhava para James
Sentia que não saberia
Viver sem ele.
Que nunca seria capaz de separar-se.
Que seu futuro era ao seu lado.
Ela gostava de colocar
Seu disco do Metallica
No toca discos,
Levantar os pés para o alto
E cuidar as estrelas,
Isto requeria a passagem
De horas em seu quarto
E nunca pensou
Que existiria algo melhor
Que isso.

Então, apareceu James
Com seus olhos cheios de vida,
Uma educação impecável,
E o melhor beijo que poderia existir.
Nisto, o disco exigiu
Música romântica,
E as estrelas me cobraram
Um garoto comigo.

Não tardou,
Eu o arrastei para o meu quarto.
Ele me disse “eu te amo”.
Eu disse “fica comigo”.
Nunca nos separamos.
Agora, procuro na estante,
E encontro este exame de saúde,
Meu pai está fadado a morte
Com hora marcada.

Doente terminal.
Minhas pernas prenderam,
Minha coluna gemeu,
Me agarrei na porta,
Estou com o coração no fundo.
Tão no fundo que penso que fugiu
E está lá com James,
Porquê sozinha não sou capaz,
Eu fui forte,
Fui forte para tudo:

Para evitar acompanhar
A modinha do colegial;
Ter namorados legais
Quando todas tinham;
Ir as festas em que todas iam.
Está certo,
Para as roupas eu não tive dinheiro,
Para os garotos eu estava despreparada,
Para a festa não fui convidada.

Mas isto,
Isto é pior.
Milhões de vezes pior.
Corri dali,
Procurei James,
Caminhei dez quilômetros até ele,
Eu não pude pegar o carro,
Não consegui ligar,
Eu não tive forças para falar,
Então, andei até cansar,
Caminhei até calejar,
Fui atrás dele,
Eu não estava sendo capaz.

Receber o atestado de morte,
Uma morte premeditada assim,
Uma doença sem cura,
Sobre o próprio pai
Isto é sepultura.
Não tenho lágrimas,
Não sei o que fazer.
Está tudo tão distante.

Bati na porta dele,
James saiu e correu me abraçar,
Me entreguei,
Não conseguia falar,
Entreguei o exame,
Ele leu e chorou.
Sentou comigo na escada,
Três anos juntos,
Tudo sempre tão perfeito,
Desmoronou.

- Amada minha,
Sei que é cedo ainda,
Estava muito fora dos planos
Mas agora é imperativo...
Ele disse,
Tocando meu rosto,
Beijando minha boca.

- case-se comigo.
Seu pai a levará para a igreja,
E a trará para mim no altar.
São três anos de amor,
Vamos viver agora uma vida.
Eu chorei.
Senti alívio,
Felicidade e amor.

Então, não ficaria sozinha.
Eu teria James comigo.
Ele seria minha família.
Não se prestaria a uma troca,
Não se troca o pai
Por um marido,
Mas, ele seria meu amparo.

Meu conforto,
Meu ombro amigo.
- é claro que sim,
Meu amor.
Você é meu sonho
Desde nosso primeiro beijo.
Ele beijou meus lábios
Aos prantos.

- vamos providenciar um filho.
O quanto antes ele possa nascer,
Muito antes foi bem-vindo.
Depois me abraçou forte.
Foi tão verdadeiro.

Eu fiquei lá recostada por horas,
Mais do que o tempo
Que eu dedico ao disco,
Muito mais do que as estrelas ficam,
Nunca o quanto preciso.
James é minha fortaleza e abrigo.
- te amo.
Eu o disse entre beijos.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Tarde Com o Namorado

- E aí,
Vamos almoçar juntos?
Eu pedi,
Chegando na janela
Da caminhonete
E beijando meu namorado.
Ele veio me esperar
Em frente a escola,
Isto é o que há de mais legal.

- certo. Podemos
Passar a tarde juntos.
Eu pulei de alegria,
Alcancei seu rosto
E o beijei
Enquanto o segurava
Com as duas mãos,
Apertando-o.

- eu disse
Que iria fazer trabalho escolar
Na casa de uma colega,
Então, temos todo o tempo.
- que bom. Entra.
Ele disse,
Fazendo sinal
Para eu ir para a outra porta.

Porém, abri a porta dele
Subi em seu colo,
Beijei seus boca
Com gosto,
Já não me importava
Com mais nada,
Mas a professora de matemática
Sim.

Chegou sem avisar
E fechou a porta
Com toda força,
Irritadiça.
Depois bateu na janela.
- hei.
Juízo, vejam a hora.
Aqui não é lugar.
Eu fiquei estupefata,
Que vergonha,
Mas, eu estava tão afoita,
- me desculpa
A felicidade me dominou
Professora.

Eu disse, rubra e feliz.
- nada disso.
Isto é errado.
Depois virou as costas
E saiu.
Eu beijei ele
Só mais uma vez
E passei pro outro banco.
Depois beijei seus rosto.
Finalmente, juntos.

Nada melhor que o colo
Do namoradinho
Depois de cinco horas
De aula chata pra caramba.
Aturar tanto estudo,
Tanta leitura,
Tanto cálculo,
Decorar conteúdo,
Entender assuntos didáticos
Era definitivamente horrível,
Tão horrível quanto necessário.

- as vezes,
Saio da aula
E sinto que minha cabeça
Vai estourar.
Eu falei tocando
Minha cabeça,
Tirando o suor da testa.
- pega um salgadinho,
Você deve estar com fome.

Ele falou,
Me indicando o banco traseiro.
Eu peguei.
Abri e o fiz estourar.
- verdade,
Eu sinto muita fome.
Estudar exige muito.
Quanto mais me esforço
Não parece mais fácil.
Meti a mão no salgado
Com vontade.

Enchi a mão,
Levantei a cabeça pra cima
Com a boca aberta
E joguei salgado lá
Como se fosse a trilhadeira
Do pai de malhar milho,
Joguei tudo que podia
E empurrei com os dedos
E mordi claro,
Não queria passar mal do estômago.

- toma.
Come um pouco.
Ofereci a ele.
Ele pegou e não se importou
De comer enquanto dirigia.
- você me trouxe frutas?
Eu adoro frutas.
Indaguei.
- claro,
Há uma sacola nos seus pés.

Peguei uma faca de mesa,
Uma laranja
E descasquei rápida
E esfomeada,
Comi cinco.
Descasquei pra ele,
Ele comeu muito também.
Fomos para uma estrada de roça,
Nos metemos naquele mato,
E fomos indo casa vez mais para dentro.

O pai dele preferia que ele
Estivesse no trabalho
Naquele horário,
Então, poderíamos dizer
Que fugimos
Mas não verdade
Fomos curtir próximo da cidade,
Contudo, não nela.

Longe de todos os pais
E sozinhos.
Olhei para traz
A mata parecia se fechar atrás de nós,
Cipós caiam na estrada,
Havia pedras tão grandes
No caminho
Que daria para jurar
Que ninguém passou ali
Ou conseguiria passar
Sem deixar uma parte
Do motor do carro para trás.

E continuamos indo.
Uma espécie de capim
Crescia na estrada de cascalho,
A estrada aos poucos
Foi sumindo,
E ele foi indo.
Não se via nada além
De árvores,
Algumas árvores com flores,
Alguns frutos esparsos,
Barulho de pássaros,
Algumas borboletas.

Era tudo lindo.
De repente,
O pneu bateu numa pedra,
Fez um solavanco,
E eu me feri a costela.
- aí, que dor!
Eu gritei.

Com medo.
Então, olhei para o lado
E não havia ninguém.
Só ele.
- que droga.
Espero não ter furado o pneu.
Vamos caminhar um pouco.
- não parece ter lugar para fazer o retorno.

A estrada só segue um sentido.
E cabe só um carro.
Eu disse assustada
Enquanto abria a pesada porta
E me jogava para fora
Num salto.
Ele logo pegou minha mão,
E fomos pra frente.

O sol ficou intenso.
Não tínhamos água.
Tinham só mais
Duas laranjas.
Encontramos uma pedra
Alta e quadrada,
Mais ou menos.
Sentamos lá.

Fiquei no meio das pernas dele.
De costas,
Ouvindo os ruídos.
Estava tudo tão perfeito.
As horas pareciam voar.
Não havia nada mais perfeito.
- obrigada por me trazer aqui.

Está maravilhoso.
Eu disse.
Apertando suas pernas.
Eu gostava de estar recostada nele,
Mas acima de tudo,
Gostava de toca-lo,
Eu não saberia dizer por quê
Mas tinha sempre a impressão
De quê ele sumiria.

Num instante
Aconteceria algo
Que me tiraria dele pra sempre.
Que num minuto estaríamos juntos,
Mas no outro
Nunca mais.
E nunca mais de verdade.
Então, virei o rosto.

Acariciei sua orelha,
Beijei seus face,
Beijei seus boca
Depois fiquei ali.
Havia capim.
Flores silvestres.
Árvores.
E parecia ter macacos
Pulando nos galhos.
Foi lindo ver.

Parecia ter muitos.
Eles pulavam tão alto
E sem medo.
Se jogavam de árvores grossas
Para galhos finos,
Os galhos dobravam-se
E eles se seguravam no tronco
Da árvore seguinte.

Tinham cinco dedos
Bem definidos.
Braços de aparência
Que não se esticavam
Por inteiro,
Eles pareciam estar num balanço.
Subiram rápido o tronco
Até a copa da árvore,
E de lá se jogavam para a próxima,
Sem medo de cair,
Tiravam folhas e comiam.

Se escondiam entre os galhos.
Haviam 06,
Ao menos estes foram vistos
Perfeitamente.
Então, me virei de frente
Para meu namorado Briten,
E toquei seu rosto,
Acariciei seus cabelos.
Foi aí que ocorreu o inesperado.

- Aí.
Que dor terrível.
Ele gritou se empurrando para a frente.
- uma cobra!
Há uma cobra grudada
Em sua perna.
Eu gritei
Ao avistar o bicho.
Me afastei para trás.

Encontrei algumas pedras
Na estrada,
Juntei assustada
E joguei contra ela.
-pegue na boca dela com força.
Aperte até ela soltar.
Que eu apedrejou ela.
Gritei.
Ele urrava de dor.

Depois fez o que eu disse.
Assim que soltou,
Eu soltei a maior pedra
Que pude pegar
E esmaguei sua cabeça.
Saiu sangue.
Peguei mais pedras.
Joguei-as.
Pulei de medo
Tocando meu corpo
Devido ao medo.

Senti pavor.
Olhei pra todo lado.
Parecia não existir lugar
Onde uma cobra
Não pudesse se refugiar
E me atacar
Sem que eu nunca a encontrasse.
Chorei de medo.
- vamos embora, hein?!

Gritei.
- vamos esperar.
Mickelah,
Estou com muito medo.
Eu não posso me mover.
Ele estava ereto.
Olhos arregalados.
A perna começava a inchar.

- você precisa ir.
Precisamos encontrar um médico.
Eu não sei ajudar.
Eu não conheço remédio.
Disse assustada.
- tá certo.
O carro não está longe,
Mas vamos pegar um atalho,
Eu tenho medo de voltar
Por onde viemos.

Nisto, eu lhe dei apoio
Com meu ombro
E fomos por cima.
Inacreditavelmente,
Pelo lado oposto de onde veio a cobra,
Mas não por baixo
De onde não veio nada,
Lá parecia mais sugestivo.

Devido ao peso,
Eu caminhava de cabeça baixa,
Para apoia-lo também em
Minha nuca,
Ele também abaixou a cabeça
Para cuidar cobras
E devido a dor
Andava quase de olhos fechados.
Então, quando percebemos
Estávamos enroscados
Em uma teia de aranha grossa,
Com várias aranhas nela.

Eu gritei.
Ela pulou em meu rosto.
Eu gritei mais.
-uma araaaa-nha.
Peguei ela com a mão.
E não me atrevi a olhar.
Ele empurrou ela
E matou-a com os pés.
Contudo, eu fui correr da teia
E não pude.
Ela era muito forte.

Me prendeu.
Fui voltar e não pude.
Ela se contorceu na minha roupa,
No meu rosto.
Na minha boca.
- Allah. Estou presa!!!
Meu namorado conseguiu se soltar.
- garota. Há uma aranha no seu cabelo.
Ele não usou meu nome,
E quando não me chamava pelo nome o assunto, realmente, era sério.

Ele tirou a aranha do meu cabelo
Jogou no chão
Com um tapa
E a matou esmagada.
Eu tremi tanto de medo
Que perdi toda a minha força,
Cai de joelhos
E a teia da aranha me manteve.
Foi pior.
Foi horrível.

Ele correu na minha frente
E me puxou por um braço.
Um galho se soltou do alto
E caiu seco em nossa frente,
Se quebrando
Em muitos pedaços,
Aranhas pularam nele.

Eu quis correr,
Eu juro,
Tudo que quis foi correr.
Tudo que fiz
Foi apontar o dedo.
E tremer.
Ele foi corajoso.
Me honra tê-lo escolhido
Para namorado.
Ele foi esplêndido.

Passou para a minha frente
E começou a matar todas elas
Com uma perna.
Uma aranha enorme surgiu do chão.
Pulou na perna dele
E grudou em sua calça
Com um barulho estranho
E suas oito patas
Unidas e contraídas nele.

- Allah.
Nos socorra.
Ele gritou.
Eu juntei um galho seco
E bati nela.
Ela correu aos pulos
Sem duas de suas pernas.
Aquelas pernas
Nem lhe faziam diferença.
Ela pulava alto
Fazia barulhos.

Era enegrecida
E tinha partes vermelhas.
Era peluda.
Senti que seus pelos voaram
E vieram de contato
Com nossas peles.
Me vi coçar e arder.
Na verdade,
Nos vi morrer.
Então, avistamos a caminhonete.
Fomos devagar
Devido ao medo.

Entramos nela,
Fechamos as janelas
E voltamos muito depressa
Em marcha ré,
Sem fazer desvios
Ou manobras.
Apenas voltamos.

Nisto,
Batemos a traseira
Em uma árvore,
Coisas, galhos e folhas
Caíram sobre a caminhonete
Mas fomos pra frente,
Endireitamos e seguimos na ré.

Ele começou a perder a perna.
Então, eu acelerava com a minha.
E mexia o volante
Também.
Enfim, saímos no asfalto.
Quando olhei para o retrovisor
Eu tinha uma flor azul no cabelo.

Ônibus Escolar

Terminei a prova,
Fui uma das primeiras,
Saí de lá,
Sem ter o que fazer
Fui aguardar a hora passar
No ônibus
Até chegar a hora
De voltar para casa.
Sentei lá por meados do ônibus.

De repente, vem Fabinho lá.
- E ai, Patiserya?
Eu não disse nada,
Só fiquei olhando.
Morrendo de raiva.
Eu sabia que ele não tinha
Terminado prova.
Aliás, a turma dele nem tinha prova.

Ele estava faltando aula,
E decidiu vir aonde eu estava,
Ele que é garoto
E podia estar em qualquer lugar
Que não estaria mal falado
Decidiu vir para onde eu estava
Macular minha reputação.

Sentiu atrás de mim.
Portas fechadas.
Eu e ele.
De repente,
Ele folheada uma revista
Não sei de quê
E fez todos os barulhos
Que podia.

Minha turma começou a sair da prova
E olhar de longe eu e ele,
Só faltava dizer que estavamos juntos,
Meu Deus,
Que ódio do Fabinho.
Depois disso,
A turma dele foi pra mesa de sinuca
Do ginásio
E outros pra própria janela
Gritar feito uns doidos
Com ele
O chamando pra jogar.

Aí me viram.
Meu Deus,
Me viram.
Começaram a assoviar,
Gritar Só Love,
Só lobinho,
Só lovão,
Só lavai”.

Eu virei numa fera selvagem,
Quis mata-lo.
Espanca-lo até a morte.
Ele abriu a janela
E berrou feito um louco.
Todos nós virão
Sob aquela luz tênue
Do ônibus,
Metade quebrada,
Outra parte destruída.

Eu jamais provaria
Que não foi combinado
Pra bater papinho
De namorados,
Fazer conquista de idiotas,
Meu Deus,
Manchada pelo Fabinho...

Veio até o diretor do colégio,
O cachorro da vizinha,
O gato da secretaria
Subiu a árvore
E pulou sobre o colégio.

Pronto.
Fadada ao fracasso.
Ele ria feito um idiota.
Batia na perna
E ria.
Eu não pude nem soca-lo
Para não despertar mais interesse.
Maldito dia!

Trancada

- Oi.
Descobri tudo
Absolutamente, tudo.
Disse a Marciane
Pegando  eu pelo ombro
Me empurrando para a frente.

-tudo o quê?
Do quê você está falando?
Indaguei, confusa.
Confesso que senti medo.
Olhei nos olhos da minha amiga
E a achei estranha
- você está falando de quê?

Marciane me olhou.
Parecia não me reconhecer.
- Você logo saberá.
Então, cruzamos juntas o corredor
Da escola,
De frente as nossas salas.
Ela estudava ao meu lado.

E chegamos ao banheiro feminino,
Que localizava-se ao lado do masculino.
- me acompanha.
Ela me puxava com força.
Me feria.
Mas, eu gostava dela.
Não quis gritar.
Não queria ofende-la,
Só queria entender o que havia.

Então, ela fez.
Ela abriu a porta
E me empurrou lá dentro.
Me puxou de frente para ela.
Estourou com a mão
O zíper da minha calça
E me empurrou.
Não bastou isto.
Ela fechou rápido a porta.

Pôs chave.
Eu caí lá dentro
De boca aberta.
Estava o namorado dela lá.
Ele apenas.
O rapaz me olhou embasbacado.
- você aqui, Lara?
Eu não soube o que dizer
Tamanha vergonha.

- pois é.
Eu aqui.
Então, começou a gritaria lá fora.
“Vagabundos.
Vocês se merecem.
Vocês me traíram”.
Soube após sair lá de dentro
Que a Marcinha correu
Para o portão
Gritou a todo pulmão
Que eu a traí
Com o namorado dela.

A Chayera ficou irritada,
Pegou uma chave de dentro de bolso
Da própria calça,
Abriu a porta do carro dele,
Ligou a ignição,
Engatou a primeira marcha,
Pisou no acelerador
E foi para na quinta marcha
Em segundos.

Depois disso
Explodiu a parede do banheiro.
Eu morri de medo.
Quando ouvi o barulho
A algazarra corri para cima
Do mictorio,
Me agarrei na porta do
Banheiro do vaso sanitário
E fiquei lá em cima.

Longe de tudo.
Do chão.
Do garoto.
Daquele local fedorento.
Eu quis morrer.
Eu só quis sumir.
Nem existir.
Que vergonha.

Do nada aquele carro
Veio parar lá dentro.
Aquela louca gritando no volante.
- traíra.
Maldito traidor.
Vagabundos.
Então, saltou lá daqueles destroços
Engatada no cinto
De segurança,
Rasgando a unha tudo que podia,
Isto incluiu a cara dele.

Pra caramba!
Ele ficou em sangue.
E ela não parou.
Bateu nele até ele babar.
Eu só me escondi.
Nisto a Marcinha grita lá de fora.
- O quê?

Vocês não estão tentando sair?
Desgraçados!
E invadiu o local
Abrindo a porta com a chave.
Empurrou a porta com tanta força
Que amassou o trinco.
Quebrou o tijolo de trás.

Então, viu a cena que não queria:
Chayera beijou ele
Assim que viu a outra.
Em meio ao sangue,
Gritaria.
- deixe dela.
Ela te cobra muito.
Ele olhou pra ambas e sorriu.

Se encaminhou para fora
E saiu.
Não disse nada.
Nem lavou o rosto.
Saiu porta afora.
Todos os colegas
Ficaram olhando,
Me vendo eu de otária,
Zíper rasgado.

Trancada no banheiro.
Nunca mais eu ficaria ilesa
Dos comentários que viriam.
Malditos idiotas.
Eu os odiei pra caramba!

Saí de lá.
Fui embora.
Acho que chorei.
Senti medo.
Pavor.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Saudades

De longe
Louis observava Daniera.
Então, ela enfrentou
Uma cobra pelo garoto...

Mergulhou tão profundo
E corajosa,
Por um simples,
Garoto gordo.
Não.
Ele não toleraria.

Decidiu diverte-se,
Esquecer que já
Estiveram juntos,
Ontem, por exemplo,
A noite enquanto ele dormia.

Distante dele,
Na própria casa dela.
Pensando nisto,
Ele tomou a primeira cerveja
Que abriu com a unha.

Ela nunca levou o outro lá,
Levou ele,
Mas o namoradinho
Era quem?
O cara gordo!

Ferido,
Em estado de morto,
E ela o salva.
Garota idiota.
Se estivesse decidida
Não o trairia.
Então, ficou em pé,
Convidou a todos
Para irem para o barco.

Ninguém mais sabia nadar,
Somente os três que foram embora.
Ele riu alto.
Quem se importaria?
Que se dane a razão,
 Explicação
Ou conselhos dos pais.

Eles estavam distantes.
Juntou as dezenas de caixas
De cerveja,
Colocou todas nos barcos.
- quem ficar não bebe?
A cerveja vai comigo.
Ele disse isto,
Enquanto puxava os barcos,
Amarrou um no outro.

E foi empurrando
Para dentro do rio.
A turma inteira quis ir.
- tudo bem.
Não há mesmo perigo.
Entraram todos,
Haviam cinco barcos.

De repente,
Veio um pé de água suja,
A água do rio
Ficou mais intensa.
Eles também não sabiam remar.
Então, deram voltas e voltas.

De repente,
Um remo se enroscou
No outro.
Já haviam passado as horas.
As caixas foram quase todas.
O garoto discutiu alto:
- Seu burro.
Você enroscou em meu remo.
Por pouco eu não caio!

Ele gritou.
O rapaz não tolerou.
Desferiu uma remada nele,
Ele caiu sangrando
Longe do barco,
Ficou batendo os braços,
Tentando se agarrar
E afundando.
Não havia o que pegar.

- Garoto, o que você fez?
Ele se irritou
E meteu o remo no outro.
- morra, seu demônio!
Gritou, bêbado.
Enfurecido.
Outro rapaz foi ao fundo.
Enroscou o pé no barco.

Virou o barco.
Se afundou e não voltou.
Quando este barco afundou,
Puxou o outro.
Os garotos e garotas que caíram
Puxaram os demais.
Não restou um barco.
Não restou única pessoa.

Todos se debatiam,
Se puxavam para baixo.
Alguns pareciam
Fazer de propósito
De se segurar no outro
Para sobreviver.
Pisar no rosto
Do outro no fundo.

Pisar na cabeça.
Nos ombros.
Mas estavam muito longe,
Estavam no meio do rio.
A água estava forte.
Foram engolidos, todos.

Ele, não foi encontrado.
Ela não esperou por ele.
Dormiu com o outro.
Talvez, não chegue a sentir saudade.

Meses depois,
Alguns corpos foram encontrados
A deriva,
Boiando próximo a margem,
Comidos pelos peixes,
Inchados, com bolhas na pele.
Sem os olhos, alguns dos dedos...
Alguns foram reconhecidos,
Outros nunca.
A maioria teve morte presumida.

Caminhoneiro

Daniera se ofereceu
Para ajudar a professora
A fazer cópia da prova
Para levar aos alunos na sala.
Assim, a professora
Pode chegar cedo na sala
E impedir o pessoal de colar.

Aproveitou e fez cópia dupla
Da prova,
Ou seja, copiou também
Aquela que tinha as respostas.

Entrou na sala,
E entregou de aluno a aluno
A dupla, é claro.
Todos tiraram nota máxima.
Todos foram juntos comemorar.

O lugar escolhido foi o rio da cidade
Todos se reuniram quem tinha carro
Levava quem não tinha.
Levaram sanduíches
E refrigerantes e bebidas.
A diversão foi ótima.

Todos aprovados para a nova série.
- que legal.
Fomos todos aprovados.
Agora vamos pra sétima série.
Eles comentavam rindo.
- ótimo.
Este é o objetivo: passar de ano.
Foram andar de barco,
Pescar.
Andar de jet-ski.

Nisto um garoto mergulhou
E não voltou do fundo da água .
A garota que estava com ele
Se preocupou e olhou
Para o fundo,
Então, enxergou algo escuro
E enorme feito uma cobra
Enrolado em seu corpo.

Ele estava sufocando.
Ele soltava bolhas de ar.
Não se movia.
A coisa escura devia ser
Muito grande e muito forte.
Não havia dúvidas.
Comeria a todos.
A garota pegou, então,
Um facão de dentro do barco
E mergulhou contra a coisa.
Era mesmo uma cobra.

Uma enorme cobra.
Ela mergulhou com o facão
Na mão eriçado contra a cobra.
Cravou até o final dela
E usou o impulso do corpo
Para firmar os pés no facão
E cortar a cobra ainda dentro da água.

A cobra se soltou um pouco
Saiu para fora da água
E comeu um rapaz de dentro do barco,
A boca dela parecia pequena
Embaixo da água,
E ficou enorme lá fora.
Ficou tão grande que comeu
O rapaz em único ato.

E nisto o rapaz mexeu-se
E a cobra soltou ele.
Ela pareceu incapaz
De se manter presa a ele
Devido aos impulsos da garota
E do garoto.
O outro rapaz comido
Caiu pelo buraco
Do corte do facão,
Tocou no facão assustado
E perdeu um braço.

O facão era poderoso,
Deixou a mão do rapaz
Dependurada.
A moça se impulsionou
Contra o rapaz que estava
Sendo esmagado,
Num mergulho para trás
Retornou ao barco.

Bateu os pés no lado,
E num salto caiu dentro.
A cobra se virou para come-la.
Ela estava pela metade cortada.
A garota arrancou o facão dela
E quando a cobra pegou-a
No braço,
O facão foi jogado sobre a parte
Não cortada.

Sangue voou na garota.
Ela gritou.
O braço direito sangrou.
Um osso saiu para fora.
A cobra caiu sobre o barco
E desceu para o fundo.
Pesada.
Enorme.

O outro garoto só com um braço
Trouxe o rapaz que sufocava,
Empurrou para o barco.
De dentro ela puxou o garoto.
Depois o outro.
Depois fez respiração boca a boca nele.
Ele voltou.
Cuspiu água.

Depois vomitou muita água.
Ela sentiu raiva.
Muita raiva.
Então pisoteou toda a cobra
A facão.
Cortando ela em mil pedaços.
Os alunos ficaram em alvoroço.
Depois, decidiram limpar a cobra
E comer ela.

Ela tinha gosto de peixes.
Dentro da barriga dela
Encontraram um boi,
E duas pessoas abraçadas.
Pareciam um casal
Que foi comido juntos
Enquanto dormiam.

Alguns ficaram com muito medo.
E mesmo depois de ter comido
Os pedaços da cobra fruta
Na gordura ao lado do rio
Ao chegar na parte do casal
Correram e correram muito
De tanto medo.

Dois garotos vomitaram
No rio
De nojo e medo
Por terem visto o casal dentro.
Ninguém reconheceu o casal,
Nem ao menos o boi.
Mas sabe-se que
Nas proximidades,
Ao menos cinco vizinhos
Não muito longe
Um do outro
Relatou falta de gado.

Ninguém notou falta de gatos.
Havia um gato lá.
Pressupôs-se que se tratava
De um gato
Aquele ser humano
Pequeno, peludo
E muito parecido com um gato
Que estava dentro da cobra.

Não tardou
Um bando de corvos
Chegaram próximo a eles,
Conforme eles deixaram
Pedaços da cobra
Próximo ao rio
Os corvos comeram.
Eram grandes e negros corvos.

Os corvos comem restos
Que encontram pelo local,
Eles costumam limpar tudo.
Eles abriram as asas
Como se fizessem um ritual.
Primeiro o maior chegava comer
De um a um o bando de aproximava
Depois disto.

A turma que ficou se divertiu muito.
Os garotos foram levados
Ao hospital para receber socorros
Médicos.
Foram de moto
Os três:
A garota de piloto
E os outros dois juntos.

A estrada que levava ao rio
Tinha cipós que caíam
Na estrada a certa altura,
Tinha pedras
E o tráfego de carro
Era dificultoso.
O osso do braço dela saiu.
Ela seguiu.

O outro garoto
Perdeu totalmente a mão
Que estava pendurada.
Ela enroscou em um cipó.
Ficou pendurada no caminho.
Ele gritou
E se jogou para trás.

O rapaz que se afogou
O segurou,
Então, ele não caiu.
Mas gritou.
Urrou.
Aí, a garota parou,
Voltou e pegou a mão.
Depois, continuaram.

O gordinho abria a boca
Para receber ar.
Nisto, uma aranha pulou
Dentro da boca dele.
O rapaz sem a mão.
Ouviu o grito emudecida
Meteu a única mão que restou
E arrancou a aranha de lá.

Depois a matou
Sobre sua perna.
A garota viu tudo
Pelo canto do olho.
Gritou,
Acelerou e não se voltou
Para trás.
Neste momento
Ela só pensou em uma coisa:
Fugir dali.

Se mandar.
Meter a mão no acelerador.
Não importaria se alguém ficasse,
Se alguém caísse
Ou pedisse ajuda.
Empinou aquela moto
Fez uma curva em s
Naquele barro molhado
Daquela estrada,
Caiu meio de lado,
Mas não tocou no chão,
Seguiu por uns vinte metros
Andando em curva
E pendendo de um lado
Ao outro.

Depois chegou no asfalto,
Resvalou o pneu cheio de barro
E caíram os três
No meio da pista.
Um caminhão vinha
Naquele instante,
E não conseguiu segurar
Bateu no rapaz de uma mão
E o esmagou no chão.

Tendente a não esmagar todos,
O motorista tentou desviar,
Queimou pneu no chão,
Derrapou com o freio acionado,
Saiu fora da pista com
Metade do garoto
E foi parar na ponte,
Entre o cai e o não cai.

Um carro esporte
Passou em velocidade alta
Pelo acidente,
Fez vento contra o caminhão,
O caminhão fez um barulho estranho
E caiu no barranco
Levando árvores com ele
Foi parar na beira da água.
O motorista sofreu escoriações.
Quebrou o para-brisa.

Ficou preso no cinto
Mas foi removido.
A garota fugiu a pé.
O rapaz afogado pediu carona,
A encontrou mais a frente
Andando feito uma louca
E a levou.

O caminhão era carregado de milho,
A carga caiu no barranco
E entrou também na água,
Peixes enormes pulavam comer.
Algumas galinhas e pássaros
Apareceram se alimentar.
Um homem em uma camioneta
Parou lá,
Viu o acidente
E correu juntar o milho.

Vendo o motorista ferido,
Se fez de louco,
Não cumprimentou,
Não perguntou se estava bem,
Apenas colheu tudo que pôde.
Não tentou ajudar.
O viu sentado em uma pedra,
Sério e com cortes no rosto.
Mas não falou nada.

Encheu a camioneta
E se retirou.
O vizinho que retirou o motorista
Usou uma serra,
E não tinha carro
Para levar ele aí hospital.
Então, o homem ficou lá,
Até o outro conseguir carona.

Quatro carros abertos na traseira
Pararam na pista levar o milho
Nem um quis levar o motorista.
O homem chorava calado
E com medo.
Metade do rapaz que estava
Na roda do caminhão
Foi levada pelo rio.

A outra ficou do outro lado
Da pista.
Ninguém fez nada com relação
A isto, também.
Ele olhava o corpo ir e chorava.
O vizinho rezava.

Um carro vinha corrido,
Encontrou a moto abandonada,
Caída num lado da pista,
E não pode segurar,
Bateu nela
E a carregou metros para frente,
Foi parar sobre a ponte.

Apavorado,
Com medo de ter matado alguém,
Vendo se tratar de uma moto
Através do espelho,
O motorista não segurava,
Nem gritava,
Apenas ligou o rádio 
E aumentou o volume 
Da música.

A moto pegou fogo
Sobre a ponte,
Embaixo do pneu dele,
O carro pegou fogo também,
Foi muito rápido,
Ele nem se viu queimar.

Fumaça e música 
Voavam pelos céus,
Um pedaço da ponte rangeu,
Lá de cima,
Um caminhoneiro veio
Não segurou,
Bateu no carro
E levou um pedaço da ponte
Com eles
Para o fundo do rio,
Carro e moto pegando fogo,
Caminhão caindo sobre.

Pilanta

De longe Saranta assobiou
Usando as duas mãos,
Um dedo de cada delas.
Ela olhou para trás,
Estava sentada na areia
Do porto do rio
Próximo a sua casa.

A garota jogou um beijo
De longe,
Ela sorriu e voltou-se.
Saranta chegou e a abraçou.
Palinca deu tapinhas no chao
Indicando a Saranta
Para sentar-se.

- Olá.
Que bom que você veio.
A outra sorrio
Ao se sentar.
Juntou um punhado de pedras
E jogou para o rio.
- bom mesmo.
Vim de bicicleta lá de casa.
Ela falou entusiasmada.
-Uau. São quatorze quilômetros,
É uma grande distância.

Pilanca disse.
- não, vou começar a me exercitar.
Está na moda ter corpo
Mais definido.
Respondeu Saranca.
Pilanta olhou o corpo da garota
Que usava calção colado
E camiseta.

Ela não parecia gorda.
- você é jovem.
Vai construir seu corpo
Muito cedo.
Depois se quiser mudar de ideia,
Vai ter feito músculos.
A outra a abraçou e sorriu.
- não me importo.
Eu só quero ser bonita.
Elas levantaram catar conchinha
E escolher pedras para jogar.

Depois se sentaram.
Jogaram inúmeras pedras
Sem parar.
O sol estava intenso,
Mas nenhuma se importou.
Saranta retirou debaixo da camiseta
Uma revista pornográfica,
Lá havia pessoas nuas
E pessoas fazendo sexo.

- furtei do meu irmão.
Ele fez barulho a noite toda
Roncando ao dormir,
Me fez perder o sono,
Eu invadi o quarto dele
Pela manhã e surrupiei.
Não vou devolver.
Saranta contou sorrindo.
Pilanta ficou admirada
E quis ver.

Ambas avermelharam
Envergonhadas,
As posições eram admiráveis,
Depois se olharam,
Gargalharam da cara
Uma da outra
E jogaram no rio a revista.
- a verdade é que um livro
Romântico é muito melhor
Para passar o tempo.

Pilanca disse
Olhando a revista boiar
E aos poucos afundar rio abaixo.
- mas a revista é mais verdadeira.
Vê as histórias eróticas escritas?
São muito mais reais.
Pilanca sorriu muito.
E empurrou Saranta no ombro
Andando para o lado.

- claro que não.
Ali eles fingem que todos
Sentem o mesmo prazer
Ou querem no mesmo instante
Sexo.
Não consideram pessoas comuns.
É como se tudo virasse erotismo.
Desde um biquíni,
Uma sunga ou prancha de surfe.
E as duas riram.

- como assim?
Indagou Saranta.
- olha. Há pessoas que colocam
Biquíni apenas para bronzear
O corpo.
Roupa curta não é sinônimo
De estou disposta a fazer sexo.
Calor vem da necessidade humana.
Suor não é convite
Para passar a mão.

Então, ficaram vendo a água.
- verdade.
Eu sinto medo de usar biquíni.
Parece que serei obrigada
A transar.
Aí ela retirou a roupa de cima
E ficou de lingerie
Na beira do rio.
Sem constrangimentos.

- sim. Você está certa em temer.
Mas que bom que você se livrou
De um dos paradigmas
De agir como se lingerie
Não fosse legal no rio.
Ambas andaram no porto,
Vendo os peixes,
Colhendo pedras.
- verdade.
Alguns biquíni são minúsculos,
São piores que a transparência
Da roupa íntima.

 Pilanta olhou
E passou o dedo na
Alcinha do sutiã.
- A sua não está transparente.
Contudo, Pilanta continuou
Vestida como estava anteriormente.
Calção e blusinha de verão.

A Hora

Anunciaram os djins, - aproxima-se a Hora. O povo daquelas areias Sobre o mar azul e limpo Estremeceu. Aguardaram uns de Al...