Então, outras vez,
Clara se depara com aquele
Homem alto e magro,
De aparência singela,
Sem camiseta,
Corpo com músculos
Salientes,
Calção verde.
Ele fica em pé parado,
Olha todo o redor,
Não adquire nada
E costuma sair sozinho.
-, quando ele me olha,
Me sinto apavorada.
Clara reclama,
Com uma mão na boca
Para ocultar a voz,
Falando para si mesma,
Tentando conter o medo.
Suas pernas tremem,
Então, surgiu uma senhora idosa
Com um carinho
Recheado de compras,
E bate em Clara.
Simplesmente, a moça cai
Sobre o congelador
De frangos gelados
Que estava ao seu lado,
E grita aterrorizada.
Todos a olham:
- Olá, você está bem?
Indaga a senhora
Pegando sua mão
E a ajudando.
- a senhora não me viu?
A moça indagou ferida,
A batida lhe resultou
Roxoes pelo corpo.
- ah, já sou idosa,
Você é quem deveria andar.
A garota ficou pasma.
Ferida e amedrontada,
Recendo um xingamento
Sem precedentes.
Sem dizer nada,
Passou a mão em suas
Roupas
Para ver se não havia nada
Grudado nelas
E saiu.
Não conseguiu comprar nada,
Sentiu muito medo.
Fez a manobra de retorno
No carro e foi-se rápida.
O homem estava parado
No final do estacionamento.
Da mesma forma.
Havia algo seu lado
Um menino,
Feito uma cópia sua.
Só que era uma criança,
Via-se pela estatura
E alguns poucos detalhes.
Magro,
Sem camisa,
Rosto singular,
Calção comprido jeans desbotado.
O rapaz,
Uma criança de aparentes doze anos,
Aproximou-se quando ela passou,
E chocou-se no carro.
- Meu Deus, você está bem?
Ela indagou baixando o vidro.
Havia algumas pessoas atrás
Dela olhando.
O homem fez menção de ficar assustado.
Olhou para ambos.
- me feri nada,
Eu resvalei aqui da calçada
E caí no seu carro.
Ele respondeu
Mostrando a mão ferida.
Ela retirou da carteira
Uma nota de dinheiro
E lhe alcançou:
- eu sinto muito,
Que isto possa lhe ajudar!
Ela disse, ao lhe estender a nota.
O garoto sorriu feliz,
Parecia não sentir dor
Nenhuma,
Contudo estivesse com a mão
Inchada e vermelha.
- cuidado garoto.
Respondeu o homem
E o puxou pelo ombro.
Ela sentiu medo,
Um medo terrível,
Mas acreditou ter visto
Na criança uma ereção,
E no homem também.
O volume em suas roupas
Modificou demais,
Pareceu enorme,
Ela tremeu de medo,
Suou muito,
Tudo se embaçou,
Mas ela dirigiu bem.
Mudou rápida a marcha para sair,
E entrou ligeira na rua,
Um carro em alta velocidade,
A pegou e arrastou ela
Até o acostamento.
Ferida,
Sua perna sofreu escoriações,
E dor, muita dor.
Ela ligou imediatamente para
A seguradora para resolver o acidente,
Porém, a criança iniciou
Uma corrida da estrada de saída
Do mercado até ela,
Ela se apavorou
E saiu do carro com dificuldade,
E correu para longe.
- moça, você não pode
Fazer isto!
Gritou um homem do carro
Que se acidentou com ela.
Ela correu para o meio do asfalto,
Um motociclista rápido
Colidiu nela,
Ela se agarrou a ele,
Sentindo a perna contorcida
De dor.
- me leva embora, cara.
Me leva daqui.
O rapaz a olhou atordoado,
A roda da frente da moto
Retorcida pela batida...
- tá bom, sobe.
Ela subiu na garupa
E foi.
- e o capacete?
Ela indagou próxima
A rotatória.
- só tenho o meu.
Ele respondeu,
E ela foi pra casa,
Sem se medicar
Ou fazer as compras.
Convidou o garoto para entrar,
Ao passar a porta ela agarrou-se
A ele através de sua nuca:
- desculpa, cara.
Não quero ficar sozinha hoje.
E o beijou sem dizer mais nada
Ou importar-se.
Fechou a porta atrás de si,
Puxou com o pé o tapete
Para a frente,
E o despiu levando ele até o chão.
Transou ali,
Deitou-se sobre seu corpo,
Ouvindo seu coração,
Vendo seus músculos
Se contraírem,
Olhando seu rosto modificar-se
Conforme os orgasmos,
Olhando no fundo dos seus olhos.
Em busca de sentimento,
Um pouco de apego,
E sentir-se segura.
Ele a abraçou forte e intenso.
Seu coração batia alto.
Ela esqueceu aquele homem
E aquela criança horrível.
Tão criança em idade,
E da mesma forma desenvolvido
Como homem,
Uma espécie de aberração humana.
O rapaz saiu da casa:
- sou o Maicol.
Eu volto outro dia.
Beijou sua testa e foi.
Dois dias depois,
Carol foi a outro mercado,
Lá iria receber seu carro
Pois ligou para o seguro
E o guincho o buscou
E o arrumou.
Ao cruzar na esquina
Viu Maicol com uma garota,
Entrando em um motel.
Não pode acreditar,
O rapaz com quem acabara de fazer sexo
Estava com outra garota
Aos sorrisos e abraços?
Não só podia ser azar profundo.
Algum tipo de macumba
Maligna,
Lembrou de sua tia Dezere,
A tia lhe pediu uma foto sua
Sem motivação,
E certa vez,
Acreditando que o namorado de Carol
Não prestava,
Dezere foi a um centro de feitiços,
E ganhou instrução.
“ juntou a foto de ambos,
Matou um bode,
Sangrou o bicho numa tigela,
Largou comida para o bicho,
Cervejas,
Bolos,
Bebidas esparsas
E escreveu um bilhete que enquanto o sangue do animal
Estivesse nesta terra
Que ambos não mantivessem relacionamento,
Queimou velas negras,
Vermelhas e azuis”.
Foi a desgraça completa
No relacionamento de Carol,
O rapaz fugiu pra outra cidade,
Assim que Dezire
Passou para marcar sua testa
Com o sangue.
Simplesmente, ele entrou porta
A dentro,
Pegou a jaqueta,
E por anos ela nunca soube
Seu destino.
Mas perdoou Dezire,
Ela se sentiu insegura no relacionamento
Da prima,
Então, fez o que seu coração mandou.
Nisto, Carol deparou-se
Com o homem de calção de volta.
A olhava com atenção,
Ela arrepiou-se,
Do mercado se ouvia Maicol
A toda em seus gemidos
Com a garota do jeans curtinho
E blusa “beije meus seios”.
Sim.
Mesmo tendo sido rápido,
Ela viu bem a garota,
Vestida convidativa.
Enquanto Carol
Usava um camisetas velho,
Preto desbotado da época escolar.
Entrou correndo no mercado,
Seu carro estava no estacionamento,
Pediu ao guarda para pegar as chaves,
Foi fazer compras,
E enquanto se agachava
Para pegar o sabão em pó,
Um homem alto
Bateu contra seu corpo
E a derrubou deitada.
Foi o pior castigo,
A criança pulou nela,
Puxou seu vestido,
Prendeu sua cabeça
Embaixo da estante de sabão,
E forçou ela a fazer sexo.
Ela chorou ao ver
Uma criança sobre ela,
Sentiu destruída
Ao ver aquele pequeno monstro
Metendo seu pênis
Entre suas nádegas.
O homem de calção
Chegou ali,
Viu a cena e riu.
Tirou seu pênis violento
De dentro do calção
E meteu na boca do garoto,
E enfiou dentro de sua garganta.
O garoto fez protesto,
E mordeu,
O homem o chocou contra
A outra parede de compras,
Bateu sua cabeça com força,
O garoto tentou retornar até Carol,
Que sangrava
Com o rosto no chão preso.
E o homem o puxou de volta,
Fazendo ele sangrar,
De repente,
Entrou Maicol no mercado,
Viu ela presa sem ter forças
Para mexer-se.
Foi até ela,
Arrumou sua calcinha,
Puxou seu camisetao,
E puxou sua cabeça,
Abraçando ela
E mantendo contra seu peito.
O garoto começou a gorgolejar,
E depois ficou em silêncio,
Quando o homem de afastou
Ele caiu no chão imóvel.
O homem sorriu,
Mexeu com o pé em seu corpo,
Ele continuou imóvel.
Morto.
Então, o homem pegou o garoto
E saiu com ele em seus braços.
Maicol olhou para Carol
E chorou.
Abraçando ela tão ternamente
Quando sua alma pedia.
Levantou-se com ela,
A manteve andando
Recostada ao seu peito,
Ao sair para fora,
Ouviu-se gritos horríveis
Provenientes do banheiro feminino,
E uma mulher saiu de lá
Com a calcinha
E o calção baixados no chão.
Ela sangrava e gritava:
-um monstro.
Um monstro no banheiro.
O guarda correu até ela.
Tentou ajuda-la.
Surgiu de dentro do vaso
Um homem e este a mordeu
Arrancando carne, merda
E partes da sua genitália.
Carol e Maicol subiram na moto
Para fugir dali,
O mais rápido possível.
Na saída a moça do jeans
Acenou e veio na direção dele.
Carol pulou da moto
Mesmo ela estando em movimento,
Saiu de perto
E foi até seu carro,
Ligou-o e foi em direção de sua casa,
Ao chegar no portão,
Sem ter uma única vez
Olhado para trás
Viu Maicol
Através do espelho retrovisor.
Ela sorriu,
Seu coração saltitou.
Ele veio até ela,
Não a deixou sozinha.
Ela apertou o botão
Para erguer o portão,
Entrou com o carro
E saiu feliz acenando
Para ele entrar.
Ele entrou na garagem,
E ela pulou abraça-lo.
- sinto medo.
Fica comigo,
Por favor?
Pediu ainda abraçada.
- é claro que sim.
Ele disse,
E com sua própria mão
Apertou no botão
Para baixar o portão,
Pegou as chaves da casa dela
Se dirigiu até a porta
E a abriu.
Depois a buscou,
Carol se recostou em seu ombro,
Como se estivesse de luto.
O gatinho de Carol pulou em
Suas pernas e eles deitaram
Juntos no sofá.
Ela estremecia de medo,
Dormia e acordava rápido
Buscando Maicol.
Sim.
Ele estava com ela.
Depois de ela dormir,
Maicol levantou-se,
Saiu fora de casa,
E no pilar de baixo da residência,
Encontrou um objeto saliente,
O puxou e se deparou
Com uma fotografia de Carol
Enrolada em muitos
Fios de cabelos.
Ele se sentiu assustado,
Correu até ela,
A abraçou de volta.
Apertou-a contra seu peito,
Com o coração aos saltos.