segunda-feira, 31 de março de 2025

Carol

Então, outras vez,
Clara se depara com aquele
Homem alto e magro,
De aparência singela,
Sem camiseta,
Corpo com músculos
Salientes,
Calção verde.

Ele fica em pé parado,
Olha todo o redor,
Não adquire nada
E costuma sair sozinho.
-, quando ele me olha,
Me sinto apavorada.

Clara reclama,
Com uma mão na boca
Para ocultar a voz,
Falando para si mesma,
Tentando conter o medo.

Suas pernas tremem,
Então, surgiu uma senhora idosa
Com um carinho
Recheado de compras,
E bate em Clara.

Simplesmente, a moça cai
Sobre o congelador
De frangos gelados
Que estava ao seu lado,
E grita aterrorizada.
Todos a olham:
- Olá, você está bem?

Indaga a senhora
Pegando sua mão
E a ajudando.
- a senhora não me viu?
A moça indagou ferida,
A batida lhe resultou
Roxoes pelo corpo.

- ah, já sou idosa,
Você é quem deveria andar.
A garota ficou pasma.
Ferida e amedrontada,
Recendo um xingamento
Sem precedentes.

Sem dizer nada,
Passou a mão em suas
Roupas
Para ver se não havia nada
Grudado nelas
E saiu.

Não conseguiu comprar nada,
Sentiu muito medo.
Fez a manobra de retorno
No carro e foi-se rápida.
O homem estava parado
No final do estacionamento.

Da mesma forma.
Havia algo seu lado
Um menino,
Feito uma cópia sua.
Só que era uma criança,
Via-se pela estatura
E alguns poucos detalhes.

Magro,
Sem camisa,
Rosto singular,
Calção comprido jeans desbotado.
O rapaz,
Uma criança de aparentes doze anos,
Aproximou-se quando ela passou,
E chocou-se no carro.

- Meu Deus, você está bem?
Ela indagou baixando o vidro.
Havia algumas pessoas atrás
Dela olhando.
O homem fez menção de ficar assustado.
Olhou para ambos.
- me feri nada,
Eu resvalei aqui da calçada
E caí no seu carro.

Ele respondeu
Mostrando a mão ferida.
Ela retirou da carteira
Uma nota de dinheiro
E lhe alcançou:
- eu sinto muito,
Que isto possa lhe ajudar!

Ela disse, ao lhe estender a nota.
O garoto sorriu feliz,
Parecia não sentir dor
Nenhuma,
Contudo estivesse com a mão
Inchada e vermelha.
- cuidado garoto.

Respondeu o homem
E o puxou pelo ombro.
Ela sentiu medo,
Um medo terrível,
Mas acreditou ter visto
Na criança uma ereção,
E no homem também.

O volume em suas roupas
Modificou demais,
Pareceu enorme,
Ela tremeu de medo,
Suou muito,
Tudo se embaçou,
Mas ela dirigiu bem.

Mudou rápida a marcha para sair,
E entrou ligeira na rua,
Um carro em alta velocidade,
A pegou e arrastou ela
Até o acostamento.
Ferida,
Sua perna sofreu escoriações,
E dor, muita dor.

Ela ligou imediatamente para
A seguradora para resolver o acidente,
Porém, a criança iniciou
Uma corrida da estrada de saída
Do mercado até ela,
Ela se apavorou
E saiu do carro com dificuldade,
E correu para longe.

- moça, você não pode
Fazer isto!
Gritou um homem do carro
Que se acidentou com ela.
Ela correu para o meio do asfalto,
Um motociclista rápido
Colidiu nela,
Ela se agarrou a ele,
Sentindo a perna contorcida
De dor.

- me leva embora, cara.
Me leva daqui.
O rapaz a olhou atordoado,
A roda da frente da moto
Retorcida pela batida...
- tá bom, sobe.
Ela subiu na garupa
E foi.

- e o capacete?
Ela indagou próxima
A rotatória.
- só tenho o meu.
Ele respondeu,
E ela foi pra casa,
Sem se medicar
Ou fazer as compras.

Convidou o garoto para entrar,
Ao passar a porta ela agarrou-se
A ele através de sua nuca:
- desculpa, cara.
Não quero ficar sozinha hoje.
E o beijou sem dizer mais nada
Ou importar-se.

Fechou a porta atrás de si,
Puxou com o pé o tapete
Para a frente,
E o despiu levando ele até o chão.
Transou ali,
Deitou-se sobre seu corpo,
Ouvindo seu coração,
Vendo seus músculos
Se contraírem,
Olhando seu rosto modificar-se
Conforme os orgasmos,
Olhando no fundo dos seus olhos.

Em busca de sentimento,
Um pouco de apego,
E sentir-se segura.
Ele a abraçou forte e intenso.
Seu coração batia alto.
Ela esqueceu aquele homem
E aquela criança horrível.
Tão criança em idade,
E da mesma forma desenvolvido
Como homem,
Uma espécie de aberração humana.
O rapaz saiu da casa:
- sou o Maicol.

Eu volto outro dia.
Beijou sua testa e foi.
Dois dias depois,
Carol foi a outro mercado,
Lá iria receber seu carro
Pois ligou para o seguro
E o guincho o buscou
E o arrumou.

Ao cruzar na esquina
Viu Maicol com uma garota,
Entrando em um motel.
Não pode acreditar,
O rapaz com quem acabara de fazer sexo
Estava com outra garota
Aos sorrisos e abraços?
Não só podia ser azar profundo.

Algum tipo de macumba
Maligna,
Lembrou de sua tia Dezere,
A tia lhe pediu uma foto sua
Sem motivação,
E certa vez,
Acreditando que o namorado de Carol
Não prestava,
Dezere foi a um centro de feitiços,
E ganhou instrução.

“ juntou a foto de ambos,
Matou um bode,
Sangrou o bicho numa tigela,
Largou comida para o bicho,
Cervejas,
Bolos,
Bebidas esparsas
E escreveu um bilhete que enquanto o sangue do animal
Estivesse nesta terra
Que ambos não mantivessem relacionamento,
Queimou velas negras,
Vermelhas e azuis”.

Foi a desgraça completa
No relacionamento de Carol,
O rapaz fugiu pra outra cidade,
Assim que Dezire
Passou para marcar sua testa
Com o sangue.
Simplesmente, ele entrou porta
A dentro,
Pegou a jaqueta,
E por anos ela nunca soube
Seu destino.

Mas perdoou Dezire,
Ela se sentiu insegura no relacionamento
Da prima,
Então, fez o que seu coração mandou.
Nisto, Carol deparou-se
Com o homem de calção de volta.
A olhava com atenção,
Ela arrepiou-se,
Do mercado se ouvia Maicol
A toda em seus gemidos
Com a garota do jeans curtinho
E blusa “beije meus seios”.

Sim.
Mesmo tendo sido rápido,
Ela viu bem a garota,
Vestida convidativa.
Enquanto Carol
Usava um camisetas velho,
Preto desbotado da época escolar.
Entrou correndo no mercado,
Seu carro estava no estacionamento,
Pediu ao guarda para pegar as chaves,
Foi fazer compras,
E enquanto se agachava
Para pegar o sabão em pó,
Um homem alto
Bateu contra seu corpo
E a derrubou deitada.

Foi o pior castigo,
A criança pulou nela,
Puxou seu vestido,
Prendeu sua cabeça
Embaixo da estante de sabão,
E forçou ela a fazer sexo.
Ela chorou ao ver
Uma criança sobre ela,
Sentiu destruída
Ao ver aquele pequeno monstro
Metendo seu pênis
Entre suas nádegas.

O homem de calção
Chegou ali,
Viu a cena e riu.
Tirou seu pênis violento
De dentro do calção
E meteu na boca do garoto,
E enfiou dentro de sua garganta.
O garoto fez protesto,
E mordeu,
O homem o chocou contra
A outra parede de compras,
Bateu sua cabeça com força,
O garoto tentou retornar até Carol,
Que sangrava
Com o rosto no chão preso.

E o homem o puxou de volta,
Fazendo ele sangrar,
De repente,
Entrou Maicol no mercado,
Viu ela presa sem ter forças
Para mexer-se.

Foi até ela,
Arrumou sua calcinha,
Puxou seu camisetao,
E puxou sua cabeça,
Abraçando ela
E mantendo contra seu peito.
O garoto começou a gorgolejar,
E depois ficou em silêncio,
Quando o homem de afastou
Ele caiu no chão imóvel.
O homem sorriu,
Mexeu com o pé em seu corpo,
Ele continuou imóvel.

Morto.
Então, o homem pegou o garoto
E saiu com ele em seus braços.
Maicol olhou para Carol
E chorou.
Abraçando ela tão ternamente
Quando sua alma pedia.
Levantou-se com ela,
A manteve andando
Recostada ao seu peito,
Ao sair para fora,
Ouviu-se gritos horríveis
Provenientes do banheiro feminino,
E uma mulher saiu de lá
Com a calcinha
E o calção baixados no chão.

Ela sangrava e gritava:
-um monstro.
Um monstro no banheiro.
O guarda correu até ela.
Tentou ajuda-la.
Surgiu de dentro do vaso
Um homem e este a mordeu
Arrancando carne, merda
E partes da sua genitália.

Carol e Maicol subiram na moto
Para fugir dali,
O mais rápido possível.
Na saída a moça do jeans
Acenou e veio na direção dele.
Carol pulou da moto
Mesmo ela estando em movimento,
Saiu de perto
E foi até seu carro,
Ligou-o e foi em direção de sua casa,
Ao chegar no portão,
Sem ter uma única vez
Olhado para trás
Viu Maicol
Através do espelho retrovisor.
Ela sorriu,
Seu coração saltitou.

Ele veio até ela,
Não a deixou sozinha.
Ela apertou o botão
Para erguer o portão,
Entrou com o carro
E saiu feliz acenando
Para ele entrar.

Ele entrou na garagem,
E ela pulou abraça-lo.
- sinto medo.
Fica comigo,
Por favor?
Pediu ainda abraçada.
- é claro que sim.

Ele disse,
E com sua própria mão
Apertou no botão
Para baixar o portão,
Pegou as chaves da casa dela
Se dirigiu até a porta
E a abriu.

Depois a buscou,
Carol se recostou em seu ombro,
Como se estivesse de luto.
O gatinho de Carol pulou em
Suas pernas e eles deitaram
Juntos no sofá.

Ela estremecia de medo,
Dormia e acordava rápido
Buscando Maicol.
Sim.
Ele estava com ela.

Depois de ela dormir,
Maicol levantou-se,
Saiu fora de casa,
E no pilar de baixo da residência,
Encontrou um objeto saliente,
O puxou e se deparou
Com uma fotografia de Carol
Enrolada em muitos 
Fios de cabelos.

Ele se sentiu assustado,
Correu até ela,
A abraçou de volta.
Apertou-a contra seu peito,
Com o coração aos saltos.

sábado, 29 de março de 2025

Gigi

Passei na floricultura,
Comprei um enorme buquê,
Me escondi atrás daquelas
Rosas vermelhas,
E procurei minha garota.
Marquei o encontro,
Esperei no carro
Estacionado próximo a calçada,
Flores em mãos,
E ela me chamou de lerdo,
Acelerou e foi embora.

Voltei aos estudos,
E não desisti de ser romântico,
Pensei em escrever uma carta,
Mas na minha cabeça
Só vinha o conteúdo pra prova,
E nem posso considerar
Que surgiu tão bem.

Agora as flores estão
Murchando no vaso
Com água,
Mas, eu não sinto
Que ela me julgue tão lerdo.
Sei lá,
Pareceu tão certo fazer isto.

O fato é que,
Pode ser que ela não preste.
Não queira mesmo nada sério,
O cigarro aceso lá no carro,
Queimando no cinzeiro
Me diz isso.

Sabe de algo,
Nunca mais cruzo nem
Naquela rua,
Vou juntar estas flores
E vou jogar na lixeira,
Não há o que pensar
Ou perder o sono.

Ela não é prova pra eu
Me interessar tanto.
A droga,
É que o cheiro dela
Invade minha sala,
Ela parece estar perto,
Eu já estremeço,
Imagina se ela entra pela porta,
Eu já a amo,
Eu sei,
Eu não resisto.

Eu sou fraco por ela,
Ela é como aquele conteúdo
Idiota,
O mesmo que cai todinho
Na prova
Feita para o seu zero.

Eu cansei de tudo
Junto o buquê,
Faço uma fita ao redor
Para fingir que ganhei de alguém,
Chego lá fora,
E ela não está,
Então de onde veio o cheiro?

Entro no carro,
Desisto de pôr tudo na lixeira,
E a busco.
Nem sei que horas são,
E pouco importa a hora.

Olho lá a distância,
Um barzinho aberto,
Minha garota,
E outro cara.
Caramba, de shortinho
Curtinho, dançando na cara dele,
Sobre a mesa.

Eu estagno,
Paro o carro bem em frente,
- caramba,
Que vagina na cara!
Eu digo,
E o buquê me ouve bem.

O rapaz pega uma cerveja,
Eleva lá no alto,
Eu digo:
- porra, isto até parece
Meu pênis.
E o cara desliza
Aquela cerveja lá do alto
No próprio copo,
Consome num só gole.

- que porra toda?
Eu acho que digo pra ela,
Ela tem certeza que
Não me ouve.
Depois vira de costas,
Quica aquela bunda,
Eu implorei que ao menos peide.

Cara, como ele aguenta?
Não a ama.
Choro feito o dia
Em que meu cachorro foi roubado,
Ligo o carro,
Desligo os faróis,
Não quero ser visto,
Vejo um cachorro lá
Só final da esquina,
Acendo os faróis
E pego aquele bicho
No colo.

Parado, eu deixo as flores,
Acendo outro cigarro,
Quase queimou sua orelha,
O devolvo ao asfalto.
Chego no próximo bar,
Compro um vinho,
Retorno ao meu carro,
E ele está lá estacionado
Ao lado de um outro
Em meio a rua.

Um cara passa irritada,
Me joga cerveja na cara,
Eu pego no pênis
Sobre minha calça e digo:
- cara, está é a porra toda.
Lá do retrovisor,
Eu vejo Gigi,
Rebolando na cara do tal esposo,
Só pode,
É coisa séria,
Eu sei que é
Eu a amo.

Gigi joga seus braços
Sobre o ombro do rapaz
Sentado naquela mesa,
E rebola bem devagarinho,
Ele lhe serve cerveja na boca,
E dá uns tapinhas naquela bunda.

Eu vejo que a situação é seria,
É amor.
Gigi não só não aceitou
Minhas flores,
Como nunca mais irá me querer,
Eu não sou capaz de ser como ele.

Este cara é fera.
Nada tarda,
E ela ganha aquele
Beijo molhado de cerveja.
Chega um carro atrás do meu,
Desvia,
Liga os faróis alto,
Buzina,
E eu penso se estou no
Lugar salto.

O rapaz tira uma K47,
E ela rebola no pente,
Definitivamente,
Eu não sirvo para Gigi,
O rapaz retira um cigarro
E acende.

Um rapaz fica sério lá no fim,
Do lado do barman,
O rapaz de Gigi
Ri do rapaz e fala:
- aí, você não dançou?
Dança rapaz.
O rapaz ficou sério .

-ninguém manda em mim.
O namorado de Gigi
Colocou o pente
E atirou.
O rapaz caiu na hora.
Eu liguei o carro
E fui embora,
Faz muito tempo
Que eu não danço.

Me arrependi daquele
Maldito buquê de flores.
O cachorro não se importou
Com aquilo,
Gigi sim,
E não gostou.
Meu vinho fez bem,
Me molhou a garganta,
Eu não chorei,
Românticos não choram,
Só amam demais.

Saí,
Mudei a marcha,
O namorado de Gigi
Estava preparado demais,
E desejado como nunca fui.
O cara no tiro,
É um pênis duro
Que não dorme.

Se eu chegar na garota,
Eu levo socos
Feito um doido,
Casada é casada.
Fui.
Eu confesso
Que entre uma prova
E outra eu espero a Gigi.

Mas, depois de pedir
Um beijo pra ela,
E ela dizer:
- espera.
Eu esperei,
Não achei errado
Pedir o beijo de Gigi
Ali de dentro do carro,
Em plena rua.

O cara achou.
Me desferiu um soco
Em pleno rosto,
Me deixou de nariz quebrado,
E vivo.
- deixa de ser amante o cara!
Ele gritou,
Depois que eu acordei,
Eu liguei o carro
E me preparei para ir,
E ele me meteu a K47
Nas costas.

Eu corri feito um louco,
E a bala pegando,
E eu indo,
E a bala zunindo.
E o cara rindo.
Mandei o carro rio abaixo,
Todo furadinho,
Troquei de carro,
Aluguei apartamento,
E coloquei no meu
Quintal uma plaquinha:
“vende-se”.

Não sou tigrão
Para viver do cheiro da Gigi não.
Toquei um punhetaço,
Dentro do carro,
Por trás do vidro fechado
E escurecido,
Limpei numa rosa vermelha ,
E joguei no pátio de Gigi
E fui para outro bairro,
Cara,
Nunca mais Gigi.

Susie

Encontro marcado,
Eu cuido o relógio,
Conto os ponteiros,
Abro a parte de trás,
- ah, poxa, funciona ainda?

Parece que sim,
Retirando a bateria
Ele não roda nem um pouco,
Então, me adapto ao seu modo.

Rolo um pouco os ponteiros,
Corro até a calçada.
- não, ela não veio.
Retorno.
Mudar o tempo
Não deu em nada.

Eu digo o oposto do que sinto:
- caramba, você atrasou?
Está me enganando?
Olha, nem me importo,
Vou passear na loja próxima.

A garota suspira,
Meu coração para,
Será que desistiu?
Que droga.
Corro até a esquina,
E retorno.

- droga garota,
A loja fechou.
Vai chover.
E você vem?
Eu soo inseguro,
Mas é só fachada,
Por dentro eu sei o que sinto,
Mas e ela?

- eu... Estou indo.
Eu sorrio,
Desligo o celular.
Me sinto livre e feliz,
Saltito na entrada
Daquele parque,
Corro um pouco,
Depois me sento
No banco a espera-la.

Nem o tempo apagará,
Nunca,
Colho um galho,
Plantou ao lado do banco,
Faz sol intenso,
Com nuvens e pouco vento.
Vejo uma garota estapear
Um rapaz,
Sorrio e por dentro eu tremo.

- nunca em minha vida
Eu cheguei a te amar.
Ela grita pra ele,
E sai,
Não fiz mais nada.
Eu sinto muito,
Muito medo.
O tempo é muito vagaroso.

- eu digo o oposto do que sinto,
Pra que de uma vez você entenda,
Que nunca em minha vida
Eu cheguei a te amar.
O barzinho logo a frente,
Ouviu o rapaz responder,
O garoto baixa a viola,
Dá duas batidas no microfone,
E sai para fora.

Ela olha o rapaz
E joga um beijo imediata,
E o garoto vem,
Tudo parece ilusório
E desmedido,
O ex que ficou pasmo,
Mexe em seus cabelos negros
Mas não estapeia o outro.

Só faz um sinal
De foda-se e parte.
Liga o carro,
Faz marcha ré,
Bate no detrás,
Que é o meu e some.

- oh, cara.
Me leva pra casa?
Eu grito na correria.
- me pega no colo.
A garota responde lá de trás.

Eu me viro e o cara
Pega a rua,
Sozinho.
Eu me sinto desorientado.
Chega a minha garota,
Susie.

De mini saia vermelha,
E salto altíssimo,
Com o rebolado de uma deusa,
Chegando,
Um cara passa de carro,
E dá um tapa
Naquele rabetão,
E ela dança.

Dança feito uma criança,
Eu amo estes movimentos,
Susie dança ali no bar,
Com aquele cara namorador,
As vezes ela canta,
Aí ele apenas toca a viola.

Ali no muro em frente a árvore,
Eu puxei seu nome,
Mas no restante da cidade,
Onde vi em diversos muros,
Eu não sei quem foi,
Mas seu que ela tem Deus fãs,
Como eu que a amo,
Mas a curto demais.

Então, eu vou até lá,
Imaginei meu orgulho,
A garota que canta como
Uma rainha,
É minha,
Ela me abraça
Com todos os seus movimentos.

- oh, oh Susie.
Eu lhe digo,
E sinto que é como
Se transassemos,
- talvez algum dia,
A gente chegue até o fim.

Mas, com outro eu nunca a vi,
O garoto do bar segue,
Abraçado aquela outra,
O ex dela passa por eles,
Faz uma manobra arriscada.

Queima os pneus no asfalto
E vai.
Por algum motivo
Eu tenho a certeza
De nunca mais receber
A minha frente do carro batida.

Susie ri.
Para ela tudo parece tão simples,
Então, eu olho seu rosto,
E tudo fica fácil.
Eu não choro,
Nem ela.

A levo em meus braços,
Nos sentamos no banco.
Um ao lado do outro.
Olhando para seu sorriso,
Eu penso que os anjos,
A vendo,
Teriam sonhos,
Mesmo eles.

E eu, os tenho e muito.
Tentou um beijo,
Ela desvia.
Eu suspiro,
Passo o braço em seus ombros,
Contemplo as nuvens vindo.

Pode ser que eu me canse
De buscar Susie,
Ou a tendo desiste
Te pedir seu beijo.
Pode ser que meu pressentimento
De que os anjos adorariam-na
Como eu chegue algum dia.

Mas, neste momento.
Ficar ao seu lado
É tudo que quero e sonho.
-eu vou ficar aqui,
Com você.
Susie me diz,
Do nada,
Como se soubesse o que
Eu penso.

Eu sei que a noite
Vai prometer
Os melhores momentos.
Ver Susie dançar
No barzinho,
Quem sabe abraça-la
Em cima do palco.

- eu vou ficar aqui
Com você.
Eu lhe digo
E belisco sua coxa
Quase nua na saia vermelha.
- você me chamaria,
Ou viria me beijar
Lá na plateia do bar,
Susie?

Eu indago,
Não há custo
Obter a resposta
Que tanto quero.
- ah, eu não faço isso.
Mas, ela fez.

Chegou as seis,
Ela entrou lá,
Tudo mudou,
Chegou muita gente,
Ela desceu lindamente de lá,
Estendeu sua mão para eu,
Eu levantei a peguei,
Então, ela desceu
E me deu um abraço.

Eu fiquei pasmo,
Sorri feito um anjo.
Meu coração encheu-se
De alegrias sem fim.
Ela pegou minha carteira,
E eu lhe disse:
- garota, leva a minha vida.

Ela sorriu
E beijou meu rosto.
Subiu no palco e arrasou.
Dançou como apenas
Susie sabe fazer.

Pois, quem curte
Aquele lugar tanto quanto eu
Sabe nem,
Não há outra como Susie.
Ela é magnífica,
Esplendorosa garota.

Amanheceu e sentado
Neste jardim inglês,
Espero o tempo passar,
Trazer a noite,
E o entregador
De pizza me trazer o jantar.

Susie vai dançar,
Eu daqui a vejo pelo vidro
Iluminado.
Dançar feito rainha,
Ouço sua voz de sereia.

E já penso que não sairei daqui
Nunca mais,
-sigo sentada no jardim inglês.
Eu falo alto,
Colho uma flor,
Compro um regador,
Molhou aquele galho
Que plantei e espero Susie.

Ódio

- então, pai.
Você me negou dinheiro.
Me negou a roupa,
E até a comida.
Ela gritou, desesperada.

Então, pegou um tronco
De madeira canela,
Ergueu ao alto
E o soltou no chão
Com raiva e desprezo.

Seu pai chegou por trás dela,
Irritado, pois estava
Sentindo-se assim desde antes.
- você fingiu que este tronco
Sou eu?
Ele gritou.

E juntou uma corda
Ao mesmo tempo do chão,
Dobrou-a,
E soltou a toda prova sobre suas costas.

- se dobre,
Se dobre que sou seu pai!
A coluna dela pendeu,
Ela desejou em seu coração,
Se ajoelhar naquela sujeira,
Então, elevou a cabeça
Para os céus e não cedeu.

- vagabunda,
Você não trabalha pra ganhar nada!
E soltou outra vez a corda,
Desta vez contra sua cabeça.
O barulho da corda
Rápido e feroz foi ensurdecedor.
Sua coluna teria estalado
Se fosse possível ouvir.

Seu coração teria voado
Para fora do peito,
Se ela não tivesse seus ossos,
Ainda intactos,
Ou ao menos não tão rachados.

Depois de dar alguns passos
Para a frente sem correr,
Pedindo a Allah forças
Provenientes do céu
Para não chorar,
Odiando a si mesma
Por ser tão fraca.

Sentindo o rosto queimar,
A pele toda arder,
Ela virou-se para trás e não o viu.
Ele estava de costas,
De calção verde e comprido,
Costas nuas e bronzeadas
Pelo sol.

Passou um resquício de ódio
Terrível nela,
Ela desejou correr
E escoiceá-lo,
Sonhou vê-lo comendo
A terra daquele chão,
Mas, olhou outra vez
Para o céu que agora
Estava nublando
E trazendo a noite.

E não o fez.
Juntou aquele tronco
E o jogou,
Esperou a corda,
Ela não veio,
Chutou o tronco
E sentiu o pé se partir ao meio,
Tudo doía,
Até a vagina.

Maldita vagina
A tudo queria doer.
Depois agachou-se,
E a corda veio,
Contra sua cabeça,
Ela não notou,
Pensou que era ainda a dor.

Desferiu socos
Feito uma louca naquele tronco,
Então, ele a pegou pelos ombros,
E a puxou no chão sujo
De terra, folhas, pedras e gravetos,
Ela ficou aterrorizada,
Seu corpo tremeu violento,
A bexiga pareceu se apequenar,
E depois foi como se explodisse.

O útero pareceu voar para a frente,
E o coice veio,
De seu pai e em cheio.
Ela já chorava,
Ela não viu nada,
Só sentiu:
-ah.

O ah, ecoou,
Saiu de dentro dela,
E foi até o céu,
Até o outro lado do rio,
Pareceu retornar de lá,
Demorado e voltar contra
Seu peito,
E veio a dor.

Profunda dor em seus braços,
Ela sentiu tudo muito quente,
Como se as lágrimas tivessem cor,
Sentiu cheiro de sangue,
- Marli, aonde está minha suiteira?

Ele indagou
Indo em direção ao paiol
A procura do objeto de tortura.
Ela veio correndo até lá
Procurar.
Ao ver a mãe de camiseta branca,
Comprida e grande,
A viu de negro por baixo,
Uma calça talvez,
Sentiu-se cega do olho direito,
Não via mais como antes.

A mãe procurou e encontrou.
Ela caiu sobre as pernas ajoelhadas,
Naquele instante,
Ela não quis apanhar.
Mas, ele sim.

Então, chacoalhou a suiteira
No céu,
Três vezes,
O barulho foi pior,
Sua barriga pareceu
Se desprender e cair na terra,
Ela desejou beijar a terra.

Mas, ergueu a cabeça pro céu,
E levantou-se,
A suiteira pegou em seus braços,
Fez barulho.

- aham.
Veio o gemido,
Depois, pegou outra vez,
Sobre suas costas.
- ahn.

O gemido enfraqueceu,
Seu ânus pareceu rasgar-se,
A buceta pareceu saltar
Para fora de suas pernas,
E uma dor estranha invadiu-a.

Então, ele ofereceu a mão,
E mandou que a beijasse,
- peça perdão.
Ele disse.

Ela baixou a cabeça
Para que ele arrancasse ela
Do pescoço
Através da suiteira.
De lá de trás o irmão gritou.

- perdão, pai.
Perdão, EU pequei.
Se jogou ajoelhado na terra,
Com força,
Andou pra frente.
O pai olhou o filho chorando,
E parou.

Ela continuou
Com a cabeça baixa.
Odiou a si mesma
Por ter sentido medo,
Ter pedido a morte,
Ela não lutou contra a própria vida,
Ela não o enfrentou,
Não teve forças
Para entrar em combate.

Olhou para o chão
E se viu ajoelhada.
Odiou-o com toda vida,
Mas não conseguiu falar,
A língua parecia enrolada.
Levantou-se,
Odiando tudo,
Odiando a si própria.

Pegou o tronco outra vez,
E o soltou.
Sentiu o dedo indicador
Esquerdo se quebrar,
Ou não,
Porquê havia apenas a dor.

Ergueu-se,
- então, este ali é você agora!
Ela gritou.

Correu até um tronco
De louro que estava plantado,
Se jogou contra ele
Com os dois pés,
Aí caiu de joelhos,
Juntou as duas mãos
E desferiu socos sem parar,
Desejou arrancar ele da terra,
Desejou explodir.

Sentiu a coluna explodir
Contra aquele tronco,
De repente,
Seu pai estava ali
Em pé
A segurando com a mão esquerda
No ombro esquerdo.

Com única mão,
E único aperto,
Ela viu todo o corpo se enrijecer.
E dor.
Muita dor.

Levantou e saiu.
- você vai precisar de um homem
De ferro para te segurar.
O pai gritou.
Ela andou até o quarto,
E caiu sobre a cama.

Anos passaram,
Homens a tocavam
Da mesma maneira,
Fortes demais,
E os filhos entraram
Em seu corpo
E saíram dele da mesma
Maneira,
Rápidos e esmigalhados.

Olhou para os céus,
E casou-se,
Aquele quis lhe meter o filho,
Deu-lhe uma cabeçada
Na hora do impulso sólido
Do amor tórrido,
Feriu-se.

O filho também,
Saiu dali como veio.
A cada tentativa
De pôr o filho,
Erguia-se dela o medo,
E o ódio,
Os dois juntos,
O rapaz perdeu um osso,
Três dentes,
Os cabelos...

Ela encontrou um amigo,
Levou os beijos
Do cara de volta pra casa,
O marido entrou em inflamação,
Foi perdendo os sentidos,
Mas a amava,
Insistia nos filhos,
Entrava violento,
Saia igual veio,
Rápido e feroz.

Um dia,
Sem mais,
O rosto todo dele caiu,
Inflamado e aterrador,
Ele foi sair da cama,
E apoiou-se no osso de sua vagina,
Levou uma mão na cara,
Caiu no chão ao lado
Da cama.

Decidiu fazer um rosto
De ferro,
Desenhou bem certo seus contornos,
Olhando o rosto dela,
Buscou um melhor,
Fez os contornos mais perfeitos,
Colocou um pouco
De ouro,
E diamantes nos dentes.

Tocou-a com toda calma,
Ela não reconhecia isto,
Um dia o esposo caiu,
De cara no chão,
Implorando que ela fosse dele,
Lhe desse afeto,
O ferro estava pesado,
Ele não conseguia erguer-se,
De cara no chão,
Boca em seus pés,
Não elevava-se.

Esperou por sua misericórdia,
Seu amor,
Ou um sorriso que fosse,
Neste dia de sua espera,
O ódio a dominou
E ela foi embora,
Nunca mais o viu.

Mas creu que o rosto de ferro,
No mínimo havia se deteriorado,
Devido a posição mantida
Por muito tempo,
Então, o vendo entre o povo,
Também não o reconheceria,
Tampouco o procurou.

quinta-feira, 27 de março de 2025

Roda de Mate

- ai, Marli, que linda
A Line vestida pra ir
Na aula.
Indagou a cunhada,
Para a outra,
Se referindo a sobrinha.

- ah, ela é linda sim.
A mãe respondeu,
Toda orgulhosa,
Vendo os dois irmãozinhos
Indo pra aula,
Mochilinha nas costas,
Esperando o ônibus.

- mas que tamanho ela veste?
Indagou a cunhada.
- ah, tamanho evidente.
A outra respondeu,
Virou pro lado
E encheu outra cuia
De chimarrão e serviu
Pra cunhada.

- como assim?
As duas sorriram.
- ah, de longe olha pra ela
E vê que é,
Olha só as perninhas dela,
Desfilando parece adulta.

A mãe doida para ver
A filha crescida e mais forte
Para ajudar nos serviços da casa.
- e as roupas da Edir serve?

A tia indagou,
Pois sempre trazia roupas
Suas e das filhas,
As já usadas,
Para doar pra menina
De treze anos.

- ah, não. Já usa
As do tio.
A mãe respondeu,
Pegou a cuia do chimarrão
E encheu de volta
Para tomar.

- não sei como a Edir de trinta anos
É tão pequena,
E usa roupas tão pequenas.
A Line não.
Do tamanho que ela é,
Ela usa.
As duas riram muito.

Até aquela de colocar
Embaixo do boné
Pra segurar não serviu
Pra menina.

Mesmo assim, ela se esforçou
Vestiu e usou sobre o nariz
Na parte em que a aba
Do boné não cobre o sol.

A tia ficou quieta e insegura,
Depois de cuia na mão,
Alguns goles para restabelecer
O autocontrole,
Confidenciou:
Aí Marli aquela era de pôr
Na perna da Edir
Pra ir na baladinha...

Azar teve a Line,
Que não sabia
O modo de uso,
Mas ficou top,
Nos outros dias todas
As garotas usaram
Da mesma maneira
Que ela.
(As outras já tinham
Em casa e em uso).

A Ruína do Templo

Entre o povo,
Iniciou a construção
Do melhor templo.

Cada família doou
O que tinha de recursos
Sem que, com isso,
Prejudicasse seu sustento.

Enquanto, isto,
O povo se reunia na praça,
Lendo o Alcorão e rezando,
Todas as noites.

A cada noite iam pessoas diferentes,
Algumas iam todos os dias.
Em família, abraçados
E unidos rezando.

Não tardou,
Com a ajuda de todos
O templo ficou pronto,
As orações foram
Transferidas para lá,
Contudo, outros continuaram
Indo até a praça.

Sebastião, no templo,
Gostou de um homem,
Ele cobrava por sexo,
Pois estava carente de alimento.

Sebastião, transou com ele,
Beijou sua boca,
Pagou a dinheiro.

Outros sabendo
Do ocorrido,
Feriram suas esposas,
E imitaram Sebastião.

Este homem, Horschide,
Não conseguiu emprego,
Mas tirou sustento
De sua família através de sexo.

O Alcorão rejeitou este ato.
Sebastião arrancou a página
Que dizia isto,
E guardou no bolso.

Seguiu-se a leitura.
A esposa de Sebastião,
Rosadesfokhada,
Soube do ato dele,
Sentiu repúdio,
Procurou no Alcorão
Uma forma de defender-se,
Nada viu.

Mas tratou de vir antes
De todos no templo,
E falar de Sebastião
Para todos que pôde.

Alguns rejeitaram a atitude
E não procederam assim,
Outros buscaram está forma de vida.
O prostíbulo foi erguido
Em três dias.

O templo ganhou adeptos
Dentro e fora,
E sexo em seus compartimentos,
E em suas paredes.

Zendara ouviu os gemidos,
Encerrou a leitura
E foi verificar o que era,
Encontrou Seu Fenveito,
Com duas das leituras mais
Assíduas.

Começaram a um fuxicar
Da vida do outro,
Houve muito o que falar.
Vendo o comércio fechado,
E todo povo no templo
Em oração,
Alguns se desviaram.

Um quebrou a porta a
Socos e chutes,
E outros que passaram
Ajudaram a roubar.

Viram moças indo a igreja,
E as cercaram.
Estupraram-nas,
Com violência,
Ameaças e morte.

Mas, o Alcorão
Nunca deixou de ser lido,
E discutido em família.
Algumas se reuniram lá
E escreveram músicas
Com desejos e agradecimento para Allah.

Outros foram escolhidos
Para cantar,
E outros para os instrumentos.
Sebastião tocava a sanfona.

Seu filho,
Criança e leitor de doze anos
Cantava.
Allah é bom,
Allah é bom,
Allah é bom e perdoador,
Ele guia o oprimido,
Salva o compassivo,
E descarta o violento.

Allah é bom,
Allah é perdoador,
Allah é misericordioso,
Allah nos abraça
Em seu amor,
Allah, mora conosco?

Aqui é sua casa.
Allah vive em nós,
Allah, querido,
Bondoso e perdoador.

Dona Genaire,
Passou pela vizinha
Leiturista do templo,
E a viu com pouca roupa
Para o inverno rigoroso,
Ela a ignorou,
Dentro da igreja sentou longe,
Falou tudo que pôde.

Sobrando roupas no armário,
Dona Genaire a pôs no fogo,
E algumas levou até o templo,
Com uma lista de família necessitadas,
Leu todos os nomes,
E depois doou,
Sorrindo na frente de todos.

Para o bom ato,
Nada melhor que o público
Para dar credibilidade,
E expor o necessitado,
A espera da piedade dos outros,
E de suas benevolências
Através do fornecimento
De algum meio para o sustento.

Casa família de lá,
Reuniu doações,
E trouxe listas,
Mesmo a do Vanquireo,
Que só tinha um casaco
E dividia entre a esposa
E dois filhos.

Doações reunidas
Dentro da igreja,
Em frente ao altar,
Nomes lindos,
Gente chorando,
Outros com vergonha,
Muitos agradecendo,
E poucos ajudando com
Os volumes de doações.

Certa vez,
O filho de Sebastião
Não quis ir rezar.

Naquela noite estranha,
Uma estranha vontade dominou
A vontade de muitas pessoas,
Algumas esparsas entre a família,
Outras a família inteira,
E não foram rezar.

Iniciada a leitura,
Os corações ficaram tristes,
Mas não sabiam porquê,
Não foram até lá.

Nesta noite
Houve um barulho terrível,
A igreja começou a ruir,
O povo começou a olhar
De um para o outro,
E o melhor dentre eles,
Eram as prostitutas,
Vestidas em suas roupas
Sugestivas,
E Dona Marcira que bateu
Em todos ali
Por ciúmes das garotas,
Já que transou com cada um
Dos presentes no decurso
De seus trinta e oito anos.

Sentou-se ela lá atrás,
E de lá apontava o dedo,
Dizia um nome,
E mandava chinelada.
A igreja berrou
Como se ganhasse vida,
E os Alcorão suaram
Na mão de cada um,
Parecia chorar.

Quando foram fugir
Do barulho intenso,
Tijolos desceram do céu,
E impediam passagem,
Os mais corajosos
Juntaram os Alcorão
E jogaram contra os tijolos.

Os tijolos moveram-se
E se tornaram anjos de fogo,
Anjos da morte,
Abriram suas bocas e
Relataram: morte.

Todo o povo tremeu,
Correu,
E começou a matar um ao outro,
E a parede iniciou a se partir,
Então, tentaram seduzir
Os anjos,
E apedreja-los com os Alcorão,
Mas os anjos eram imunes,
Não deixaram um único sair dali.

Eles os chamaram de deuses,
Alegaram que iriam adora-los,
Alguns prostraram-se
Para os anjos da morte.

Mas não houve movimento
Nenhum deles,
“Mentirosos vocês só adoram
Vossas paixões”.

E nisto o templo ruiu,
Caiu todo o teto
Sobre eles,
Caíram as paredes
E soterrou todos.

Declarações Pela Cidade

Quando a rainha
Se apaixonou,
Todo povo soube.
Até o Gilben.

Houve nisto
Poemas declarados
E imprevistos.
Presentes amigos
E familiares,
Todos homens.

Teve aquele que não compreendeu
Que se tratava de amor,
Houve aquele que a odiou,
E aquele que acreditou
Que era para ele.

Este aceitou o primeiro convite,
Sem saber de quem se tratava,
Marcou encontro a beira mar,
As escondidas,
Sem ir buscar,
Cada um chegava lá
Por si próprio.

Por ato de vontade,
Ele levou flores,
E foi todo bonitão.
Chegou lá
E encontrou a garota,
Odiou.

Não era a outra?
Jogou as flores no mar,
Não a cumprimentou
Nem nada.
A garota se irritou,
Empurrou ele na água
E se foi.

O bonitão não sabia nadar,
Afundou e não voltou mais.
Ela usava vestido pesado
E comprido,
Se o usasse na água
Iria afundar devido ao peso,
Foi obrigada a tirar,
Pois viu que o garota não emergiria
Até a superfície.

Retirou,
Soltou no chão e mergulhou,
O encontrou no fundo
Da água,
Puxou e o levou
Até a beirada da calçada.
Lá houve o beijo,
Por quê não?

Um tórrido beijo quente,
Entre um rapaz de sobretudo
Preto e todo vestido,
E uma garota nua.
Houve nisto sinal de respeito,
Ele não tentou força-la
A nada.

Então, tornaram-se para ela
Namorados
E para ele, não sei.
Porquê a outra continuou
A escrever,
Comprou o mercado
E algumas casas da vizinhança
E cobriu com o nome do rapaz,
Handy, te amo.

Teve Handy te amo por todo lugar.
Sabia- se se tratar do apelido do
Garoto que ela amava.
Mas houve aquele para quem
Este era um nome.
Seu próprio nome.

Passou a sair com todas que via
Desde que soubessem a escrever.
Saiu com uma, duas, três e quatro
Por noite.
No décimo mês,
Já não andava ou sentava
De tantas dores musculares,
Decidiu revisar
Passou a questionar
Com quem saia
Seus nomes,
Famílias e por fim,
Cansou-se,
Foi logo indagando
Quem estava escrevendo
As declarações todas.

Todo dia surgia nova,
Aonde ia tinha outra.
Soube que foi nenhuma.
Nenhuma daquelas com quem saiu.
Ficou irritado
E cansou de namorar
Todas que conhecia
Apenas para ser cobiçado.

Também, não aguentava
Fugir das que conhecia,
E esconder uma da outra,
Que ele,
Bom,
Ele tinha mais de um relacionamento
Ao mesmo tempo,
Aliás, bem mais.

Foi o dia,
Que a garota conseguiu
O encontro com o Handy,
Houve obrigada por vir
Em todo lugar.
Eu te amo, Handy.
Obrigada por vir.

Gostei de estarmos juntos.
Foi um susto geral,
Existia o Handy
E deu certo o relacionamento,
Mas o Handy nunca surgiu,
E nem a garota das declarações.

Houve um burburinho geral
De quem poderia ter escrito
Aquilo tudo,
Um sentimentalismo evidente,
Um amor irrepreensível,
Depois, tentaram descobrir
Se Handy era masculino
Ou feminino.

Nenhum rosto se destacava,
E o amor correu solto.
Nenhum casal exatamente junto
Muito menos sem amor.
Logo nisto,
Nova mensagem:
Ok amor, eu te espero.

Te amo,
Será a melhor noite.
Pronto,
Ninguém mais dormiu,
Homem casado perdeu o sono,
E houve mulher casada
Que arrumou desculpa e saiu.

Para onde?
Será que Handy era codinome?
Algum código secreto,
Então, se tratava de qualquer casado.
Houve guerra na família,
Criança puxada pelo pai,
Puxada pela mãe.

E Handy, iria ou foi?
Girson, pegou o helicóptero
E sobrevoou a cidade,
Nisto foi óbvio,
Entre tantos encontros,
Ninguém encontrou Handy
Nem se desencontrou,
Então, se tratava de outra cidade.

Houve Handy eu te amo
Gritado de helicóptero,
Passagens pras vizinhanças
Adquiridas,
E povo fugindo,
E povo procurando.

Aí, Handy encontrou Aline
Ali mesmo na cidade,
Ao lado do mercado dela,
Onde ela morava
E a pediu em namoro.

Fogo Tentador

Uma voz emergiu
Por entre as nuvens,
Anunciando ao povo
Que se prostrassem,
Conhecessem o Alcorão,
E andassem em concordância.

Lá do céu,
Via-se perfeitamente
Aquela cidade que unia
Duas cidades,
Dois povos.

Todos se prostraram,
Houve reunião com data marcada
Para leitura de trechos
E discussão de como praticar,
E medidas respectivas
Para buscar recuperar o erro.

Destas medidas,
Nenhum do povo seria abandonado,
Os olhos de Allah são limpos
E possuem boa visão,
Nada se escapou de seu olhar.

Houve no povo
Aquele que escolheu mentir
E preferiu o erro.
Este entrou através da escada
De sua residência
Em sua própria casa.

Encontrou sua boa esposa,
Fazendo o almoço no fogão,
Levantou seu vestido,
Acariciou suas nádegas
E foi para o quarto.

Fechou a porta.
Lá na cama,
Estava sua própria filha,
De dois anos,
Dormindo feito um anjo,
Usava um vestido,
E uma fralda,
Pois era ainda bebê,
Não continha a urina
Ou a merda.

Ele deitou ao seu lado,
Sentindo-se renovado
Por ser pai de uma criatura
Tão linda e indefesa.

Então, levou sua mão
Por baixo do vestido,
E tocou suas partes íntimas,
Isto lhes resultou uma ereção,
Ele virou-se mais para ela,
Ergueu o vestido
E beijou sua barriga,
Cheirosa e fresquinha.

Retirou sua fralda,
Levou sua mão ao próprio pênis,
E subitamente, gozou.
Sentiu um orgasmo
Com sua própria filha.

A mãe, agora lavava a louça,
Ouvia-se o barulho
Proveniente de panelas sujas.
Ela estava quieta,
Queira demais,
Ele sentiu-se um menino.

Suor escorreu por seu rosto,
Molhou sua camisa,
Ele era jovem,
Já não tinha mais trinta anos,
Era um bebê,
Mas, um bebê grandioso.

Olhou para a menina
De volta,
Retirou sua fralda,
Deixou suas partes íntimas
Expostas,
Soprou sobre elas,
Elas eram convidativas,
Cuspiu entre seus lábios.

Sofreu outra ereção,
Não resistiu a tentação,
Ergueu-se sobre ela,
Agora, ele sentiu-se soberano,
Pegou seu pênis
E esfregou nela,
Sua genitália pulsante,
Quente e roseada,
Houve um barulho
E uma explosão,
Outro orgasmo.

Allah, viu tudo.
Seus olhos são perfeitos,
E ele discordou disto.
Chamou a esposa
E exigiu atitudes dela.

A esposa empurrou a porta,
Estava trancada,
Seguindo seu coração
Ela empreitou força
E abriu-a.

Encontrou seu esposo lá,
Sobre a filha,
De roupa,
Mas em posição incomum.
Pigarreou.

Mas tudo estava feito.
Ela correu para pegar a criança,
A ergueu nos braços,
O empurrou.

Ele se levantou,
Guardou o pênis,
E lhe soqueou o rosto,
Bateu muito forte,
Agora ele era um poderoso.

Ele havia se tiver tido
Com a brincadeira,
Não iria parar.

Ela caiu com a criança
Nos braços,
Ele bateu em sua cabeça,
Ela chorou.
Ele a pegou pelo pescoço,
Estancou o choro.

Só lágrimas escorriam
Por sua cara,
Nenhum soluço,
Nenhum suspiro.
Dor estampava-a,
Ela abraçou a filha.

A guardou em seus braços,
Ele bateu mais e mais forte,
Seus ossos gritariam,
Mas, ossos não falam.
Ele levou a perna,
E lhe bateu com o pé,
Em plena sua cabeça.

Ela caiu imóvel,
Com a criança no colo,
A criança chorava.
Ele saiu para fora,
Juntou a comida,
E saiu.

Retirou toda a comida,
Mesmo a não cozida.
Quando voltou
Ela havia se levantado
Para procurar comida,
Não havia nada.

Nisto correram-se os dias,
Ambas sem comer,
Ela retornou ao hábito
De amamentar.

Ele sempre voltava,
A noite enquanto ela dormia
Desmaiada de fome,
Ele procurava a criança,
Não parou.

Depois disto,
Lhe roubou toda a roupa
A deixando nua,
Então, abriu a porta
Que até ali ficava trancada,
E lhe deu comida.

Pouca comida.
Ela ficou magra e esquálida,
A criança despendeu seus ossos,
Ele era trabalhador honesto,
Todo sábado ele escolhia
Uma tora do Alcorão para ler
E discutir,
Era homem respeitado
No povo.

Ela mulher honesta,
Respeitosa do marido,
Não trabalhava,
Seu ofício consistia
Em cuidar da limpeza da casa.
Cuidar dele,
Fazer por ele todo o melhor.

Como iria sair para fora nua,
E apenas com palavras
Para contar os atos
De homem tão respeitado?
Allah viu lá do céu.
E gritou.

Que todo povo fosse embora.
Ela foi condenada a ficar.
Ocorre,
Que o povo pecador também
Não iria,
Mas aquele marido
Não se julgava pecador.

Ela chorou com seu filho.
Ajoelhou-se em frente a sua escada,
Com a criança agora aos
Cinco anos no colo.
O povo foi,
Deixou poeira e desgosto.

Ela aprendeu a trabalhar
E sobreviver.
Fez uma fogueira
Em frente a sua casa
Por medo
E nunca parou de manter
O fogo aceso.

Juntou o Alcorão sujo
De teia de aranha,
Limpou-o,
E aprendeu a ler.
Sentou ao lado do fogo,
E leu toda vez,
Sem importar-se com o dia.

Um dia o fogo
Deixou de fazer fumaça,
E sua labareda
Nunca apagou-se.
Ela desejou um homem,
Um bom homem
Em casa dia de sua vida.

Allah a viu do céu.
Se apiedou.
Diz-se que ele a guiou
A aprender a ler.
Passou um ano,
De labareda, leitura e trabalho.

De repente,
A labareda se partiu em duas,
Saiu de lá caminhando
Um lindo homem,
Forte másculo e nu.

Ela sentiu medo,
Se agachou e abraçou a filha.
Ele era feito do fogo.
Vermelho marrom feito o fogo.

Ele queimava,
O fogo se estendia sobre ele
Feito roupa o cobrindo,
Feito cabelo percorrendo
Sua coluna.

Ele tocou ela nos ombros,
Ela sentiu segurança,
Precisava de um homem,
Mas nunca sentiu maior medo.

A criança se levantou
De meio aos seus braços
E correu.
Quando a menina o olhou,
Não o viu nu.

Só viu o fogo queima-lo,
Devorar suas partes,
Sem fumaça,
Ou produzir dor.
Então, ela ajoelhou-se,
Pegou as mãos da mãe,
E falou.

Contou seus medos,
Relatou suas dores
E gritou a falta da mãe.
A casa olhar ela chorou,
A cada frase gritou.
Sentiu tudo de volta.
Relembrar faz doer.

O homem permaneceu
Com a mão no ombro
Da mãe.
Depois de ouvir tudo
E soluçar suas dores,
A mãe se sentiu forte
Outra vez,
Agora lhe era permitido
Expressar suas dores.

Munindo-se de seu amor
Pela filha,
Ela levantou-se,
E o homem não a soltou,
Nisto, ela virou-se
Para trás,
Não sentiu medo
De deixar a filha
Fora de seu olhar
Por poucos segundos.

Viu o homem
Pelos olhos da filha
A arder e queimar,
Então, um amor súbito a tomou.
Ela retornou a olhar,
E ele parou de queimar,
O fogo tornou-se cabelos,
E cobriu seu corpo nu.

Ela sorriu,
Ele era absolutamente perfeito.
Ela foi para dentro de casa,
Juntou um lençol,
O costurou e o entregou.

Ele vestiu-se,
Foi tirar lenha,
Trouxe carne,
Comprou mantimentos
Ao vender a lenha.

O estranho de tudo isto
Que se alastrou
Pelo povo pecador que ficou,
É que ele não permitia
A ninguém aproxima-se.

Se alguém tentava
Toca-lo
Ele queimava.
E queimava desde a mão
Da pessoa,
Até sua boca
Conforme lhe falassem.

Sem mover-se
Ou esforço.
Simplesmente, queimava.
Queimaram-se olhos,
Derreteram até os rostos.

Algumas mulheres não entendiam
O desejo,
E ter seus olhos queimados
Não bastava.
Enquanto houvesse face,
Havia a tentação e o desejo.

Queimaram-se criança.
Ele não tinha culpa,
Foi algo que veio daquele fogo.
Uma espécie de amor puro
Por aquela mulher e filha.

Então, ele vendeu a lenha,
Comprou comida e voltou.
Chegou a escada de casa
E chorou,
Chorou muito.

Sentiu medo de perder a mulher,
Ele sentia-se em fogo
Ao vê-la.
Ver a menina de seis anos
O apiedava e um calor o invadia,
Ele não queria perde-las.

Chorou e gritou
Para que não chegasse perto,
Mas, ambas ficaram surdas
E correram até ele,
O abraçaram e nenhum fogo
Os tocou,
Nem mesmo a fogueira
Que ardia viva e sem fumaça.

Então, ele ergueu
A menina em seus ombros,
E beijou a boca da mulher.
Não houve fogo.

Um homem passava por lá,
Riu de seu amor,
E desejou toca-lo
E queimou enquanto ria.
Queimou por completo,
Até o chão em que pisou.

quarta-feira, 26 de março de 2025

Aproveitador

Eu cheguei tarde,
Em casa,
Soltei a mala
Do lado da porta,
Encontrei Aline no banheiro.

Oh, Aline, oh.
Você estava sangrando,
Havia sangue
Em toda parte,
Oh, Aline, oh.
Você estava sentada
No azulejo,
Eu disse
Oh, Aline, oh.

Você olhou e disse
Um aborto.
Eu me sentei atrás
De você,
Te apertei entre meus braços,
Oh, Aline, oh,
Nosso filho se foi.

Te escapa assim,
De forma tão simples,
Oh, Aline, oh.
Você acha que há culpa,
Minha ou sua?
Oh, Aline, oh.

Eu não deveria ter viajado,
Por quê me demorei,
Por Deus,
Parece que você sabe.
Ela ligou o chuveiro,
Sentou outra vez,
Deixou a água cair
E levar o bebê,
Oh, Aline, oh.

Eu estava com outra,
Me perdoa.
Isto lhes custou,
Me custou.
Eu fui um burro,
Não presto, tchau.

Ela deixou a água
Molhar seus cabelos negros,
Eu me voltei,
A vi chorar
E disfarçar no chuveiro,
Aline, oh.

Me desculpa,
Eu menti pra você,
Isso nos custou nosso bebê,
Por quê fui um rolo,
Um idiota com você,
Oh, Aline, oh.

Por quê?
Por quê?
Querida minha,
Eu levei a outra comigo,
Te deixei sozinha,
Traí você,
Fui falso no que sentia,
Perdi nosso bebê,
Não me vejo recuperar,
Não sei o que fazer,
Oh, Aline, oh.

Isto te custou teu cu,
Que droga,
Eu vi aquele cara sair,
Que merda,
Ele estava feliz,
Nem eu fora
Fiquei tanto assim.

Que droga,
Ele te meteu tanto,
Que porra,
Por quê eu saí para meter?
Ah, Nosso bebê,
Nosso bebê.

Aline, oh.
Está cuidando de cuidar
De proteger,
Que droga,
Perdão,
Eu falhei,
Ah, estou de joelhos
Abraçado a você,
Não posso te deixar,
Cara,
Veja nosso filho escorrer,
Ele se foi,
Restou eu e você.

Oh, Aline, oh.
Eu soube que você deu o cu,
Eu soube do custo,
Eu sabia o resultado,
Eu deixei ir a merda,
Querida, eu fiz isto
De nosso filho escorrer.
Oh, Aline, oh.

Eu saí com outra,
Traí você,
Te deixei sozinha,
Eu falhei em te proteger,
Agora você está em sangue,
E nosso filho se vai para o ralo.
Oh, Aline, oh.

O que eu fiz para você?
Me perdoa, eu falhei,
Oh, Aline, oh.
Eu te pego no colo,
Ergo na água do chuveiro,
Você parece me perdoar,
Tão frágil em meus braços,
Eu me vejo vacilar,
Oh, Aline, oh.

Desculpa minha urgência,
Mas gostaria de transar,
E poxa,
Você é a que eu sei amar,
Vou te meter agora,
Entre nosso filho
A escoar e está água a derramar,
Oh, Aline, oh.

Você sofre agora,
Amanhã vai passar,
Eu vou te cuidar,
Eu posso ficar,
Eu posso estar,
Oh, Aline, oh.

Nosso filho
Não vai poder ficar...
Te beijo agora
Como não faria com outra,
Oh, Aline, oh,
Um filho
E um traidor,
O outro,
Oh, Aline, oh.
O aproveitador.

Socado Na Traseira Dela

Oh, ninguém se importa
Em ter um carro
Socado no rabo,
Até que o carro a socar
Seja o seu.

Oh, maldita avenida,
Sempre corrida e lotada,
Encontrei Aline,
Ela decidiu dirigir devagar,
Eu disse garota,
Aumenta a marcha,
Pisa no talo,
Ou viu passar.

Ela me ignorou cara,
Pensa Aline,
Olhou pelo retrovisor,
Tirou a franja dos olhos,
E faltou só parar,
Eu fui com tudo,
Meti na traseira dela.

Depois senti pena,
Destruí,
Entre lá dentro em quinta,
Ela estava próximo a faixa
De pedestres,
Bem quando a Tânia foi passar,
Ela roçou na garota,
Fez uma manchinha
Naquela perna branca
E magrela.

A garota correu,
De tão devagar
Que estávamos,
Mas, também,
Eu levei Aline alguns
Metros arrastada,
Dentro, cara,
Dentro,
Metido,
Socado no carro dela.

O que a Tânia tinha que passar?
Não pode ver faixa
Já pensa que precisa atravessar?
Agora são dois carros
Para concertar,
Eu disse
Aline, o certo é você pagar
Toda a conta,
Garota você manja
Nos paranauê de ir devagar.

E você Miguelito,
O que tem a dizer?
-Cara, eu só tava olhando.

Oh, Aline, Oh

Oh, ninguém se preocupou
Com aquele trajeto
Da BR 282,
Até que Aline se acidentou,
Oh, eu lembro
De tê-la retirado
Das ferragens,
Ela estava presa
Dentro do carro,
A metros do caminhão
Que provocou tudo.

Oh, eu conheço Aline,
Ela dirige muito bem,
Jamais teria errado
A marcha,
Ou andado em alta velocidade.

Oh, eu fui um dos primeiros
A chegar naquele maldito lugar,
Ainda quando estava lá,
O caminhão pegou fogo
E o fogo atingiu-a,
Só um pouco,
Ele feriu seu rosto a valer,
Oh, você não a reconheceria,
Ela mudou,
Oh, Aline, oh.

Ela teve a perna decepada,
Suas pernas grossas
E lindas,
Foram estilhaçadas,
Oh, baby,
De uma nada sobrou.

Eu fugi com ela nas costas,
Aline em chamas,
Eu louco e tenso,
Do motorista do caminhão
Eu nem sei,
Só sei que o fogo se alastrou,
Tocou a mata da margem
E correu para as proximidades,
Oh, Aline, Oh.

Eu imagino
Que o caminhão vinha
Muito rápido,
Não venceu fazer a curva,
E tombou,
Nisto a levou,
Oh, veja a foto no jornal,
Sobre o acidente,
Oh, ela foi aquela garota legal,
Que ajudava todo mundo,
Que parecia até próxima demais.

Oh, ela está sofrendo,
Seu rosto se deformou,
Não se reconhece
Único traço do que foi,
Oh, aquele caminhão
Foi prepotente,
Eu acho que o motorista
Nem dirigir soube.

Oh, ela chora
E diz: me matou.
Se olha no espelho,
E cai em lágrimas.
Oh, ela reza para Deus
Pedindo que a leve,
Não, Aline, não.

Será que o cinto
De segurança não ajudou?
Oh, como eu queria ter chegado
A tempo,
De alguma maneira
Ter impedindo tudo.

Oh, veja lá na curva da BR 282,
Há vidro quebrado,
Sangue coagulado seco,
Riscos amarelos no asfalto
É a tinta do carro dela,
E sinais de pneus freados,
Oh, Aline tentou,
Ela foi forte lutou.
Oh, Aline, oh.

Ela não usa drogas,
Não usa álcool,
Oh, maldito caminhão,
Enorme e carregado,
Por pouco não a esmaga,
Por sorte
Apenas a retirou da pista,
Oh, Aline tenta lutar, oh.

Não se suporta
No que se tornou,
Não se vê realizada
Por estar viva,
Oh, ajudem Aline, oh,
Ela precisa pensar diferente,
Eu preciso a proteger.

Eu plantei flores
Lá na margem,
Chuvas de ouro,
E uma outra amarela
Parecida com ipês,
Oh, lembrem-se dela,
Tenham boas ideias,
Foi a perda de um carro
E mais nada,
Ela está viva,
O motorista do caminhão
Se perdeu,
Foi enterrado,
O que sobrou dele,
Estava a trabalho.

A carga se perdeu,
Acho que era leite,
Se consumiu,
Evaporou.

Estou em Buscas

Bem,
Ninguém nunca se
Importou com Aline,
Até a noite
Em que ela bebeu
Um pouco,
Pegou as chaves do carro,
De salto alto,
Dirigiu,
Derrubou o portão,
E foi,
Noites após isso,
O carro eu encontrei,
Logo ali,
Próximo a ponte,
Eu não soube dizer
Se houve neblina
Ou talvez chuva,
Mas eu abri a porta,
Não havia nada lá.

Não tinha indícios dela,
Seu salto favorito,
Apenas o carro capotou,
Eu acho,
Porquê estava destruído
E nada dela,
Sua bolsa,
Que quando entrou
O policial lá em casa indagar
Sobre ela,
 Eu repensei
Sobre se ela realmente
A usava.

Sozinha,
De salto
E sem dinheiro
A perambular pela estrada,
Oh, eu busco por Aline,
Se você a ver,
Talvez possa me indicar,
A polícia está preocupada,
Eu lhe sinto falta,
Cadê Aline,
Onde estará?

Eu lembro que ela usava
Calça preta de couro,
Ela estava embriagada,
Só um pouco,
Agora me parece tanto
Que eu deveria tê-la
Impedido de sair,
Mas chamei o Luizinho,
E ele constatou
Que estragou bastante o portão,
Então, lhe pareceu
Que eu não poderia tê-la impedido.

Eu encontrei maconha
No carro,
Só alguns cigarros,
Alguns usados,
E nenhuma garrafa,
De rua a rua,
Esquina por esquina
Eu busco por Aline,
Será que ela entrou naquele bar?

Será que agora trabalha
Na boate da qual
Tanto falava?
Eu busco por Aline,
Oh, você pode me avisar
Se acaso encontra-la?

Um salto não leva
Uma mulher tão longe,
Leva?
Que droga de boate,
Bem, me dirigirei para lá...

Se você vê-la,
Me avise.
Olhe, logo ontem,
Uma noite
Antes disto tudo,
Ela passou a maquininha
No cabelo,
E restou só a franja,
No mais ela tem 1,60 metros,
E é magra,
Come bastante,
Gosta de muita água.

Oh, me avisem,
Eu busco por Aline,
Talvez a encontrem,
Me avisem sobre Aline.

Seus olhos são castanhos,
Ficam muito frios
Quando estão com medo,
Ela tem lábios grossos
E eles tremem quando
Ela sente frio.

A Casa da Mãe

O pior olhar do mundo,
Aquele pelo qual
Nenhum filho quer ser alvo
É o de sua mãe o julgando
Independente.

Não,
Nós não gostamos
De fazer nosso próprio café,
Muito menos de sermos
Capazes de cortar o pão.

Está coisa de trabalhar fora,
Morar sozinho,
Trabalhar todo dia,
Tudo isto, mamãe,
Não se iluda,
Ninguém quer.

Não há sentimento
Mais triste
Do que o do filho
Que vai visitar a mãe
Cedinho para barganhar
Desde o café,
E a mãe o considera
Adulto o bastante
Para cozinhar o próprio almoço.

Não mãe,
A gente mal quer
Baixar o volume da tv
No controle remoto,
Sim.

Nós gostamos de tomar
Banho na sua casa
E não na nossa,
E não queremos,
De forma alguma
Secar o chão molhado.

A gente gosta
Da sua cervejinha gelada
Pendurada na porta
Da geladeira,
Mas a senhora não poderia
Servir-nos?

Depois de sentar no sofá da sala,
Tudo o que queremos
É a antiga cobertinha quente
Sobre as pernas,
O ventilador brincando com
Os cabelos,
E a cervejinha servida,
Pois, em única coisa
A senhora está certa:
Nos tornamos adultos,
Podemos beber todas!

Mas, mãe,
Não insista com a história
De cada um limpar
A própria bagunça...

Também, não fique tão irritada
A ponto de querer bater-nos,
Disto, queremos independência.
No mais,
Considere o café,
O pão quentinho
E a mortadela no queijo
Derretido.

Ok.
Dirigir o carro
Nós dirigimos bem,
Mas também,
Não queremos leva-la
Por aí,
Considere o ficar em casa,
E curtir o sofá
E por favor,
Sem chingão,
Muito menos berros mamãe,
Queremos nos libertar
Das más impressões.

Sono

Contam três dias
Sem dormir,
Meus olhos inchados,
Não me deixam
Eu me sentir bem.
Eu sinto medo,
Tenho medo de fechar
Meus olhos
E alguém pegar minha mão,
Tenho medo de o toque
Ser quente,
Eu acordar
E me assustar com o rosto.

Eu não me coloco
Numa balança,
Não é questão de peso,
Ou compatibilidade,
Mas engordei
Muitos quilos,
E me vejo super diferente.

Eu não me reconheço,
Cada vez que passo
Pelo espelho,
Eu me olho por muito tempo.

Não reconheço
Este corpo que vejo.
Flácido e grande,
É como se tudo
Em mim despencasse,
Meus seios estão crescendo,
Minha bunda está enorme,
E ela dança muito bem
O funk.

Mas no mais,
É como se minha gordura
Fosse saltitante,
Meus músculos doem,
Caramba estou muito
Depois dos trinta anos.

E garota,
Eu odeio tudo que vejo,
Eu desejo mil vezes estar sozinha,
Acordar e não ver nada
Além de mim mesma.
Ora, eu estou chateada.

Eu compro roupa em um dia,
No outro fugiu o tamanho,
E eu sei que foi
Quando capturei
Todas aquelas frutas,
E comi feito louca.

Mas, na verdade
Garota do espelho,
Eu gostaria de estar aqui com alguém,
Deitada nesta cama,
Sentindo um abraço,
E transando por todo tempo.

Eu odeio contar o tempo
Para vê-lo,
Economizar nas horas
Quando ele está,
E pensar:
Será que sou legal para ele?

E quando ao outro
Que está bem mais comigo,
Eu nem queria estar,
Mas não posso fugir,
Isto não é questão de peso,
Aí eu caio em mim,
E como um outro pouco,
Lambo minha imagem
Refletida neste objeto,
Repouso a testa
Sobre o que seria meu peito,
E fico:
É ruim demais estar deste jeito.

Aperto,
Aperto,
E aperto,
O carinha que estou afim
Disse: cuidado garota
Para não se ferir,
Há coisas simples que
São de morte.

Eu sorrio,
Procuro dormir,
Canso de estar aqui,
O dinheiro está contado,
Eu não suporto as despesas,
Eu não posso ter tudo que gosto,
Ou estar onde quero.

Ah,
Aquele garoto do passado?
O que me rejeitou
E todas sabem:
Ele se impõe a estar,
Eu me sinto cansada,
Aí ele impõe a outra presença.

Mas paga a passagem
Do garoto que estou paquerando,
Isto é bom,
Preparo um café,
Esquento o chá,
Um gole,
E outro.

De certo,
Não estou tão gorda.
Mas queria que este peso
Sobre minhas pálpebras
Me ajudassem
A pegar no sono.

Jogou de Bocha 48

No jogo de bocha, Não conta tanto a força, Conta a destreza, Bons olhos sobre a mesa. São quatro bochas, E o bolim...