sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Alô

Ele estava irreconhecível e inegavelmente apaixonado,

Contudo, até as 21 horas da noite de domingo

De certo dia de dezembro, ninguém sabia disso,

Ele mesmo demorou-se a aceitar o fato,

 

Então, pegou seu telefone e discou um número conhecido,

Não saberia digitar nem um outro número,

Mas aquele ele havia gravado com esmero e carinho,

Jamais esquecia os encontros românticos que tiveram,

 

Por ela, ele arriscaria perder tudo, família, dinheiro, etc,

Mas negar-se a tocar em seu corpo, beijar os seus lábios,

Isso com toda a certeza, nunca faria, a amava,

Jamais permitiria que alguém os distanciasse,

 

Colocava ela em um valor elevado em que jamais colocou outra,

Ela era perfeita, encantadora, sabia dominar o seu redor com maestria,

E ele aceitava suas imposições, curvava-se as suas objeções,

Os amigos haviam lhe dito que ele jamais a conquistaria,

 

Que ele jamais teria a chance de tê-la ao seu lado,

Que nem ao menos uma cerveja sua ela aceitaria,

Perderam a aposta, ela aceitou e fez ainda mais que isso,

Conquistou seu amor, seu carinho, sua admiração,

 

E agora, poderia admitir que ganhou seu coração,

Ao primeiro toque, ele lembrou-se que se negou a tirar fotos,

Não queria ver-se em imagens, não por estar junto dela,

Mas por necessidade de desapego,

 

Lembrava-se do quanto estava sofrendo, do quanto se sentia ínfimo,

E da forma como ela o envolvia em seu abraço,

E o fazia sentir-se digno, com autoestima elevada, sorriso no rosto...

No segundo toque, sentiu medo de que não fosse atender,

 

Então, pegou-se a imaginar o que ela estaria fazendo naquele instante,

No terceiro toque, sentou-se no sofá, pegou o controle da televisão,

E ligou-a em um canal qualquer, achou que queria assistir a um filme,

No quarto toque, pensou que ela teria reconhecido seu número,

 

E por estar ocupada ligaria em outra ocasião,

Quando pensou em desistir da ligação, assim que afastou o celular da orelha,

A uma distância segura entre o rosto e a mão,

“Alô”, ouviu-a dizer do outro lado da linha,

 

Ele sorriu contente, respondendo o alô

E convidando-a para dar uma volta na cidade,

Disse que estava sem nada para fazer e que... sentia saudade.

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