Eu ficaria a noite toda acordado cuidando dela,
A vida toda ficaria velando o seu sono,
Se eu conseguisse, pois, vê-la segura em meu abraço,
É minha realização, é onde deposito minhas esperanças,
A protejo do real, do imaginário, de tudo que for necessário,
Pois a amo de uma maneira única, que nenhuma outra
mereceria,
Senti-la repousar em meu braço é o que me faz homem,
Vê-la dormir serena é tudo que sempre imaginei fazer,
Desde a primeira vez que a vi, me faz tocar o céu
Ouvir ela sussurrar no meu ouvido que ama meu cheiro
masculino,
De homem, seu protetor; os instantes em que em seus sonhos
Vejo ela me procurar, ressonando, buscando meu cheiro, meu
carinho,
Me faz completo, me faz realizado, me faz inteiro,
Eu chego a pensar que durmo muito mais do que gostaria,
Preferiria passar insone a noite toda, a contempla-la,
Ela acorda pela madrugada, suspira, se encosta em mim,
Me procura, se ampara e me pede para dormir,
Unidos como um só corpo, nos sinto flutuar,
Uma noite as 3:15 da manhã, ela ressonou, procurou meu
cheiro
E não me encontrou, eu havia ido ao banheiro,
Ouço ela soluçar assustada, triste, magoada, volto correndo,
E vejo que ela ainda nem abriu os olhos, apenas sentiu minha
falta,
Deito e abraço-a com todo o meu amor e vejo que não há nada
maior que isso,
Às vezes, ela acorda, me pede água e eu busco para ela,
Me satisfaz como homem ver ela saciada, feliz, contente
comigo,
Não medimos esforços para realizar um ao outro,
Ela odeia dormir sem mim, e gosta de deixar isso bem claro,
A cada vez que acorda pela madrugada enroscando os pés às
escuras,
A procura de água, do banheiro, do que for que seja,
E eu também, não durmo sem ela do lado, gostamos de ser
assim,
Quando se ama não há nada pior do que deixar seu bem mais
valioso,-
A pessoa que amamos, sozinha-, ainda mais conhecendo seus
medos estranhos,
Nós pertencemos um ao outro, nos completamos, nos
realizamos, isso é tudo,
É claro que antes de nos conhecermos dormimos sozinhos, isso
é obvio,
Mas a partir do momento em que juramos cuidar um do outro,
Cumprimos isso à risca, mesmo se nos custasse a própria
vida,
Nós não sabemos ao certo se acreditamos ou não em vidas
passadas ou futuras,
Por isso nos dedicamos com integridade ao presente,
simplesmente vivemos,
Nós adoramos escrever um para o outro o quanto nos amamos,
Fazemos todos os tipos de declarações, até aquelas bizarras,
adoramos os sorrisos roubados,
Estes que surgem do nada e que, quando estamos sozinhos
gostamos de recordar,
Só para rir mais um pouco, feito dois bobos, aquelas gargalhadas
que fazem doer a barriga,
Ela adora se esconder pelas paredes e sussurrar ao meu
ouvido:
Um amor para a vida toda ou um beijo roubado?
Os dois, respondo e a seguro em meus braços, isso é
absolutamente maravilhoso,
Esta declaração pode parecer um tanto quanto bajuladora,
Mas é a realidade expressa pelas mãos de quem muito ama,
E que é profundamente amado também, me sinto seguro quanto a
isso,
Não admitimos fofocas um sobre o outro, nem paira mentira
sobre os nossos atos,
Somo unidos, íntegros, o amor em sua forma íntegra é o que
nos une,
Não são ideias, relatos, nem nada, unicamente amor,
Os outros se importando ou não, essa é a verdade,
Nossos planos pertencem a nós dois, nossas vitórias são
nossas,
Cobrar algo dela iria parecer chantagem, em nosso
relacionamento
Nós nos doamos, nos entregamos de forma espontânea,
Se é possível estabelecer um preço para as coisas como o
amor ou a vida,
Eu diria que é saber viver, se entregar de maneira profunda,
Respeitar, acreditar um no outro, evitar evasivas, construir-se
através do diálogo,
Ver ela chorar, me fere muito mais que a mim mesmo,
Me ferir ataca a ela mais que o cometimento de um crime
bárbaro,
Estupro ou pânico são aversões que ninguém poderia medir,
São coisas que ferem o corpo e machucam a alma, e quem é que
poderia
Calcular um preço a algo nojento desta magnitude,
Qual seria a pena justa para quem rasga a pele e dilacera a
alma de alguém?
Imagine a amplitude desta aversão quando ocorre contra quem
se ama?
Isso são questões que entrego para as senhoras que gostam de
tricotar,
Quanto a nós, nos amamos profundamente, respeitamos a
realidade
Um do outro, cuidamos dos nossos machucados, entregamo-nos,
Sempre que possível seguramos a mão um do outro,
Seja em um passeio, na cama ou o que for, gostamos de
demonstrar presença,
Gostamos da segurança de estar juntos, de simplesmente
amarmo-nos,
Isso são questões que a sociedade precisa considerar,
Negar-se a ver o que a moral, a lei, a ordem, os bons
costumes, ou seja, o que for
Jogam nas nossas caras no nosso dia a dia não deveria passar
despercebido,
Sempre vejo a vizinha trocando farpas com a outra do lado,
Falando da vida alheia, mas comentamos eu e meu amor,
Quem é que cuida dos desafortunados expostos as agressões de
todo tipo?
Há quem relate que um crime em que se ceifa a vida de uma
pessoa por dinheiro
É mais cruel que certas formas de terrorismo ou o estupro,
De fato, o direito à vida deve prevalecer, mas, e quando nos
furtam o direito de viver?
Condenando a perambular sobre a terra feito corpos errantes,
violados,
Condenados ao silêncio devido ao medo, a vergonha do
julgamento,
De enfrentar, admitir: sim, fui estuprado, sim fui ferido e
isso dói,
Vou depor, me expor, mexer com uma faca invisível as feridas
dilaceradas,
Transcorrido o tempo do processo, serei chamado ao tribunal,
Cutucar com uma lâmina afiada as feridas que já pareciam
cicatrizadas,
Que Deus me ajude para que pelo menos eu não tenha que
aturar de novo,
A cara do agressor ou da agressora, sim, porque eu sujeito
homem,
Também padeço, e sou suscetível a cair no vão do estupro,
E para mim, ter que falar, talvez doa mais ainda,
Eu sou homem e tentaram tirar meu direito de sê-lo,
Sobrou o que de tudo que fui, ignoraram meu pênis, fui
sufocado,
Me feriram com agressões, me jogaram no chão, e ficaram
sobre mim,
Me seguraram com uma única mão sobre o meu peito,
Desejaram silenciar o amor que eu poderia sentir algum dia?
Me socaram por trás, no fundo, me ignoraram, sou nada e
agora?
Os músculos dos quais me orgulho, não me ajudaram, falharam
na hora H,
Eu não poderia gritar, poderia? Doeu e ainda dói, mas falar
agora?
Será que quem irá me ouvir saberá dar vazão ao que eu sinto?
Será que entenderia a amplitude do que eu vivi, ali
sozinho...
E se minhas palavras falharem e eu chorar na frente de
todos,
Estarei preparado para expor o que me foi retirado à força?
Terei que passar por um corpo de delito? Irão me tocar de
novo, e agora?
De novo me sinto homem, mas agora condenado aos próprios
medos,
Encarcerado sem chave de saída por dentro, dentro?
Sofri uma ereção instantânea, poderia ter resultado em um
filho,
Agora sou um assassino? O que sobrou do que eu era?
Minha voz masculina, grave, agora está rouca em soluços,
De vítima a agressor, de agredido a silenciado
...um passo não percorrido, carência de lógica, razão,
sentido,
O que estariam a procurar? O que estariam a tirar de mim, se
não a vida?
Me fizeram parecer fraco, me condenaram a poeira da terra
suja,
Sujaram meus lábios agora sou um pecador? Um predador?
Ainda posso sentir aquele peso sobre as minhas costas,
Me esforcei, tentei empurrar para longe, mas nada...
Acordo suado, enfraquecido, ela me abraça, está ao meu lado,
Eu te amo, sou eu meu amor, ela fala com suavidade,
Não tenha medo, foi apenas um pesadelo... choro colado em seu
peito, seguro.
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