O Feliz Ano Novo coloriu o céu do verão de 2014,
Nos mais variados tons e formas, as estrelas se apagaram,
Apenas naquele instante para 15 minutos depois, retornarem,
Sólidas, resistentes e ainda mais bonitas naquele céu de
janeiro,
Na calçada da rua, eu contemplava a moça mais bonita que já
vi,
Ela estava abrigada por paredes sólidas de pedra fria e
austera,
De uma construção que se erguia rumo ao céus de 2015,
Posicionava-se junto a janela de vidro, frágil e bela,
Eu sentia que ela sonhava com algo diferente do que vivia,
Pareceu-me um convite para tira-la daquele lugar,
Por mais estranho que possa parecer, eu desejei abraça-la
logo ao alvorecer,
Fechei os olhos e desejei aos céus que a fizessem descer,
Sair daquela espécie de pedestal, para permitir-se viver,
Eu poderia ama-la por uma vida inteira, e assim me
comprometi fazer,
Prometer amor para uma vida toda fica mais fácil quando se
está longe,
E até então, nunca tive a oportunidade de me aproximar,
Mas jurei para mim mesmo, que me aproximaria, escolheria as
palavras certas
E por tudo que é mais sagrado, a conquistaria,
Faria dela minha esposa, a mãe dos meus filhos, minha
rainha,
Embora tenha planejado a melhor das serenatas,
Fiz da melhor maneira que poderia, porém ela negou-se a me
amar,
Disse que apesar de não estar com outro alguém,
Também não queria se envolver seriamente com ninguém,
Desejava passar algum tempo sozinha, para conhecer a si
mesma,
No entanto, apesar de prometer que aceitaria sua decisão de
bom grado,
Eu nunca desisti do amor que tanto mexeu comigo,
E meses depois, a avistei em um bar tomando cerveja com um
estranho,
Naquele instante me senti ferido,
Como se uma descarga de um raio descesse sobre mim,
Entrei no local, pedi uma bebida, não lembro ao certo qual
era,
Mas recordo perfeitamente de ela descer por minha boca feito
veneno,
O veneno se espalha rápido nos corações apaixonados,
Principalmente naqueles que amaram em demasia e não foram correspondidos,
Sangue e ódio ferviam em mim feito algo que eu não
conseguiria controlar,
Rumei ao beco da esquina, sentei na calçada, não resisti, me
entreguei as lágrimas,
Um jovem vendo meu tormento me ofereceu uma arma a preço
baixo,
Estava municiada, quente e metálica feito o veneno a correr
em minhas veias,
Ainda consigo me recordar daquele momento fatídico do início
do ano,
Eu poderia fingir que nunca me apaixonei e assim, virar a
esquina e voltar para casa,
Poderia usar toda a minha força e tomar inúmeras
alternativas,
Mas nem uma me pareceu mais atraente que esta...
Ali mesmo, sentado, me embriaguei, bebi como se nunca mais
fosse ver a luz do dia,
Não me parecia digno viver sozinho depois de ter amado
tanto,
Entregar meus sentimentos com toda a alma e receber só
desaforo em troca,
Eu a amei muito mais que podia, por Deus talvez até mais do
que ela merecia,
Eu trocaria todos os meus dias futuros por um único beijo da
sua boca,
Mas ela sempre esteve fora do meu alcance, nunca me
pertenceria,
Se for para amar sem ser amado eu preferiria um beijo
embebido em ácido,
Em que seria condenado a desfalecer aos poucos, quente e
úmido,
Estatelado dos seus braços, ferido de morte por dentro,
Lembro da forma como ela olhou em meus olhos, apesar de não
dizer nada,
Eu senti dentro de mim o quanto me amava, pude ler isso em
sua boca,
Em um sussurro emudecido pela timidez da sua fala macia,
Eu me comprometi tanto, dei tudo de mim, fiz tudo que podia,
E agora chegava um estranho qualquer e a tirava de mim, sem
razão,
Pagava tudo de melhor para ela, parecia esfregar dinheiro na
minha cara,
Como se dissesse que eu nunca a tive por outro motivo que
falta de emoção,
Eu não merecia isso, diante do tanto que a amava isso tinha
nome: traição,
Ela não me pertencia eu sabia disso, mas seus sorrisos eram
abusivos ao que eu sentia,
Minha jaqueta de couro, a mesma que comprei para vê-la,
Agora continha uma arma guardada em seu bolso,
No mesmo lugar em que já esteve o anel que eu a daria,
O anel que comprei usando todo o dinheiro que havia
economizado,
Centavo por centavo e nunca me arrependi disso, pois sabia
que ela valia,
Agora o anel estava no bolso esquerdo, as coisas mudaram
dentro de mim,
Decidi retornar, contempla-la de longe, como sempre fiz
diuturnamente,
Nunca mais consegui dormir uma única noite sem que a visse,
Sem admirá-la, sem querer trazê-la para perto de mim,
Me tirando dos meus devaneios, como se desanuviasse os meus
sonhos,
Trouxesse um mínimo de lucidez a um coração atormentado pelo
desamor,
Uma mulher surgiu na minha frente adentrando no local
vendendo flores,
Ele comprou uma para ela, ela sorriu como se aquilo fosse
tudo que mais desejasse,
Lágrimas molharam minha face quando recordei das 200 que ela
recusou,
Nem se dignou a recebe-las, jogou todas de uma vez na
lixeira,
Minhas economias, todo o amor que eu sentia, tudo caiu por
terra,
Ele sorria e agora a beijava, isso era demais para o meu
coração aguentar,
Ele batia, soluçava, ecoava em mim, não poderia resistir a
esta dor tão frívola,
Eu ainda guardava no bolso a carta que havia feito para ela,
a qual ela nem quis ver,
Peguei, olhei-a, rabisquei, talvez, minhas últimas palavras,
Dizem que tanto os assassinos quanto os suicidas vão para o
inferno,
Inferno era ver tanto amor que eu tinha dentro do meu peito,
Escorrendo pelos vazios da minha alma, formando possas na
terra fria,
Saquei a arma, não teria como fugir do que sentia: puxei o
gatilho...
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