quarta-feira, 9 de abril de 2025

Éramos Dois

Quais dos benefícios
De Allah renegados,
Tu homem?

Eu enganei,
Menti para mim mesmo
Quando jurei que amei,
Fiz um aceno
E passei.

A verdade é que nunca esqueci,
Não deixei de amar,
E neste sentimento
Eu quase morri.

Ele partiu,
Certo dia,
Olhou para mim
E disse adeus!
Acabou tudo.

Chega deste amor absurdo!
Eu não entendi,
Mas não busquei revidar,
Desejou o adeus,
Eu concedi
É assim que acaba,
Pra ele,
Por quê pra eu
Não houve fim!

Ele não veio mais,
Passaram as horas,
Passaram os dias,
E nos dias os meses.

Eu busquei,
Eu fui um louco
Atrás dele.

Eu invadi aquele hospital,
Empurrei a porta,
E me coloquei lá dentro
De qualquer forma.

A guarda levantou
Da cadeira,
Sacou a arma.

O médico se aproximou,
Eu o segurei pelos ombros:
- meu irmão está aí.
Eu sei que está.
Ele está desacordado,
Imobilizado,
Sem documentos
Ou memória.

O médico me olhou
E sorriu.
- qual é o nome dele?
Ele pediu.
E fez sinal
Pro guarda não atirar.

- não adianta eu falar,
Ele não sabe quem é.
Ele caiu da moto
E se perdeu.
Eu gritei atordoado.

- como você sabe
Que ele está aqui?
Ele indagou.
- porquê eu o amo.
Eu sei.

Meu coração diz,
Ele está vivo.
Eu preciso encontra-lo.
Eu gritei feito um louco,
Um homem quando
Perde o irmão
Fica doido.
Sem explicação.

-eu preciso proteger ele.
Querem mata-lo.
Eu preciso cuidar dele.
Eu gritei.
Chacoalhei aquele médico.
- ele não está aqui.
Ele disse.

Me pegou pelos ombros
E repetiu.
Olhando dentro dos meus olhos.
- ele não está aqui.
Então, eu saí atordoado.

Juntei nossas fotos,
Colei por toda parte,
Busquei na polícia,
No rádio,
N televisão,
Nos achados e perdidos.

Eu comprei um auto falante,
E fiz a carteira de habilitação,
Peguei um carro emprestado
E saí gritando
Sem direção.

- cadê meu irmão?
Eu fui até a igreja,
Fiz procissão,
Pedi a Allah,
Juntei as mãos.

Busquei no alto,
No gordo e no magro,
No baixo,
No motoqueiro
E no bombeiro.

Escrevi em cada dia
Para ele uma frase,
A cada semana
Uma música,
A cada mês,
Uma novela,
No final das contas
Um filme.

Um dia,
Um senhor distinto,
Chegou em meu portão,
Carregando um saco
Cheio de papéis,
Jogou em frente a minha casa
E os queimou todos.

- eu morri,
Desgraçado.
Eu morri.
Me esquece.
Maldito.

Gritou para mim.
Eu saí,
De toalha enrolada
Na cintura,
Sem cueca.

Olhei tudo aquilo
E não reconheci.
O homem se jogou
Contra meu portão,
Dando socos e ponta pés,
Me jurando de morte.

- vou te matar!
Me deixe em paz.
Maldito!
Eu não te perdoo.

Caiu um fios da careca,
E isto me rememorou
Aquele indivíduo de cabelos:
- meu irmão.
Meu irmão!
Eu gritei.

A toalha caiu no chão
Logo que eu levantei
As mãos pro alto
Gritando de felicidade.
- maldito!
Maldito!
Traidor!
Você arrombou minha esposa!
Ele gritou.

Me apontando o indicador.
Olhei para onde direcionava.
Para o malandrão.
- apequenou meu irmão.
Eu me casei,
Veja.

O rapaz juntou uma
Pedra do chão,
Aquele maldito chão
Que não limpei.
- minha ex.
Ele gritou.
- minha ex?
Gritou de novo.

E soltou uma pedra
Em minha direção.
Eu corri.
Abandonei a toalha,
Chacoalhei os quadris
E corri.

- maldito!
Me esquece!
Ele gritou atirando pedras
Contra minha parede.

- esqueci!
Eu respondi
Olhando pelo vidro
Da porta fechada.

A labareda de fogo
Tomou conta de tudo.
Fez fumaça.
Sujou a calçada.

O que Allah trouxe
Para o meu djim,
Foi meu pequeno brincalhão,
Com este no meu poderio
Eu não preciso de outro.

Perdão

Chegou o dia do perdão,
A hora em que espiar
O outro não me faz melhor,
Julgar outra pessoa
Também não me satisfaz.

Gostaria de me perdoar
Por ter fugido
De tudo que fui,
Por ter negado minha fé,
Por ter julgado.

Julgado eu própria
E a todos os outros,
Porquê eu julguei,
Eu tentei buscar
A todos que via,
Encontrar o erro
E apontar,
E quando apontei gritei.

Eu me entreguei demais
A quem não mereceu
Único olhar,
Eu quis mostrar coisas,
Mostrar que era amada,
Aceita e até odiada.

Eu me importei com ideias,
Com pessoas,
E me desinteressei
De outras.

O perdão eu peço
Para eu própria,
Eu peço para o outro
Que não soube reconhecer
Minhas fraquezas,
Eu peço a Allah
Por ter renegado sua palavra.

Eu voltei,
Tarde ou não,
Eu estou de volta,
Colho os atos revoltados,
As compreensões
Que nunca me deram,
Os abandonos.

Meu coração está pesado
Dentro do peito,
Ele pulsa fraco,
E eu quero chorar
Mas não choro.

Espero não chorar,
Não sofrer,
E não quero me compadecer.

Queria superar isto,
Deixar para trás,
Não queria nem ter vivido,
Mas sim,
É muito provável
Que eu tenha feito
E falado tudo que você ouviu
E um pouco mais.

Eu falei de você pelas costas,
Você me virou a cara,
E eu falei mal de você
Na sua frente,
Eu julguei suas atitudes,
Perdão, eu não pude compreender.

Mas Allah diz
Talvez o ridicularizado
Seja melhor do que
Aquele que o ridiculariza.

Ele é,
Com certeza.
Chegou meu momento de fé,
E eu só sinto arrependimento
Por meus conceitos.

É meu péssimo momento,
Lembrar de tudo que falei
A seu respeito,
E ver que foi tudo erro,
E nenhuma palavra minha
Serviu de consolo.

Diante da fé,
Nada do que disse teve valia,
Allah tudo vê,
Ele perdoou você,
Eu quis repreender,
E diante de Allah,
Eu me esquivei.

Errei.
Quis ser superior,
Buscar seu erro,
Apontar o dedo,
Diante de quem?
Daquele que sabe a verdade.

Que apenas hoje
Você toma conhecimento.
E eu falei mal de você 
Pra caramba,
Fiz planos diabólicos 
A seu respeito,
Anotei e falei tudo,
Tudo que Allah já havia visto.

Vencedor da Corrida

Abriu a corrida,
Único disparo,
E movem-se os cavalos
Na partida,
O cavaleiro monta,
Cavalga e se agita.

Ganha o melhor,
O mais rápido,
E os cavalos
Nem se olham,
Seguem reto.

Olhar direcionado no relógio,
Tempo cronometrado,
O chapéu que esvoaçar
Sobre a cabeça
Fica para trás,
Não importa o couro
Que rodeia no estábulo,
O que importa é a imponência.

O pelo do cavalo que brilha,
O suor que rola na areia,
A mão que não se move
Sobre as rédeas,
O corpo que se estabiliza.

Seguem rápido
Sobre a areia que se agita,
Se levanta,
E se espalha sobre patas
Que voam com maestria.

Chega o primeiro,
Ganha o mais rápido,
O cavaleiro estanca,
Desce do cavalo,
Acena para a plateia,
Que se levanta e grita:
Viva, o vencedor!

Não é questão de troféu,
É coisa de raça e de amor,
É treinamento conjunto,
E dinheiro na conta,
Champanhe na taça.

Tim Tim,
Para o cavaleiro
Vencedor!

terça-feira, 8 de abril de 2025

Maridinhos

Chovia forte lá na roça,
O poço do tio transbordava,
E nós corríamos no potreiro,
Cuidar da água,
A manga caia do poço,
E nós tínhamos que arrumar.

Chovia tanto
Que escorria água sobre a grama,
Eu e meu irmão íamos lá,
Mas o tio proibia de pisar,
A gente não entendia,
Nós sentíamos sede,
Tínhamos curiosidade.

Então, nós brincávamos
De escorregar na poça
De água limpa,
E um mais forte puxava
Pelos pés,
Levantava para o alto,
E soltava no chão.

Poxa, vida.
A gente brincava de morrer,
Eu penso agora,
Quebrar nossos ossos,
Deformar nossas caras,
Por quê será?
Por quê era tão difícil ter água?

Morávamos distantes da cidade,
Dependíamos do poço,
Sobreviventes da caridade,
Alheios aos olhos da maldade...

Pequenos inocentes,
Mas Allah reaviva a alma do crente.
Eu cri,
De maneira forte e intensa,
Cri.

Encontrei meus esposos,
E agora a gente tem grama.

Eles limparam a terra,
Eu plantei de pé a pé,
Nós três nos revezamos
E molhamos ela.

Também temos água,
Agora eu posso pagar,
Nossa grama é verde,
Ela se espalha pela terra,
Dá alimento aos bichinhos,
Dá sementes para semear.

Como são humildes
Meus esposos,
Não se importam com cansaço,
Sujeira ou trabalho,
Pegam a mangueira,
Ligam a água
E molham a terra.

Nós não dependemos
Mais do meu tio,
Temos nossa fonte de água,
O gramado mais perfeito,
E nossos filhos brincam nela,
Eu me sinto liberta
Daquele pesadelo.

Depender de caridade alheia,
Receber ofensas
E não poder se libertar,
Hoje colhemos o frutos
Do nosso trabalho.

Meus esposos são educados,
Gentis comigo
E com nossos filhos,
Nós respeitamos
Um ao outro,
Eles me fazem segura.

Eu lembro do passado
E sofro muito,
Como foi difícil viver
Sob tantas dificuldades,
Nós não tínhamos grama,
Ou pasto para os bichinhos,
Nem água na torneira,
Não sei como não adoecemos.

Gostaria de não ter vivido
Aquelas brincadeiras perigosas,
Não estar exposta ao gado bravo,
Gostaria de ter estado mais segura.

Mas, hoje eu abro a torneira
E há água limpa e fresca,
Eu lavo a louça,
Eu preparo o alimento,
A caixa de água está cheia,
A água é encanada,
Antes a gente nem teria
Dinheiro suficiente para isto.

Meus esposos são bons,
Eles trabalham por água pura
E comida de qualidade,
Nossa mesa é farta,
E a gente enche o tanque
De gasolina.

Nossa casa é quente
E acolhedora,
Temos chuveiro,
Temos banheiro,
Não há falta de nada.

Temos bons livros,
Ouvimos música boa,
Não há furos no telhado,
Quando tem nós concertamos.

Eu tenho medo de altura,
Mas eles sobem lá,
Limpam com a vassoura,
Concertam o que precisar.

Eu agradeço a Allah
Por ter eles ao meu lado,
Eu amo nossa família,
Te amo meus maridinhos.

Feliz aniversário Mary

Abril a caminho do fim,
Chega maio logo,
Eu gostaria de falar
Da minha irmã,
Aquela garota da balada.

A que estava sempre linda,
Poderosa na rasteira,
Perfeita no salto alto,
Com a rebolada do século,
Garota do sucesso,
Com você nunca foi erro.

Mas, a chuva de junho chegou
E trouxe o inverno frio,
Eu cansei do calção saia,
Troquei pela calça da roça,
E te deixei assim,
Na chuva de junho
Com aquele seu perfeito jeans,
E as músicas,
Pouca bebida,
E algumas cocas.

Feliz aniversário Marilde,
Eu ainda não peguei
O autógrafo da sua banda favorita,
Mas a chuva é fria em todo lugar,
E paciência é pra quem tem,
Eu não tenho é fôlego
E você me entende bem.

Te amo, minha irmã.
Pra reconhecer o valor
Leva um tempo,
Pra admitir que precisa,
Já vão séculos,
Eu sinto falta do chimarrão,
Das pernas estendidas
Sobre a cadeira de descanso,
Da conversa fiada,
E dos planos furados
Que sempre tivemos.

Eu sou imatura,
Eu admito,
Não soube trabalhar
Todos os problemas,
A chuva fria acabou
Com meus pulmões,
Mas me recupero bem,
E já avisto o nosso baile.

Marilde Espanhol,
A garota do meu orgulho,
Aquela que toca meu ego,
A que deixa saudades,
Espero que você esteja bem,
Que seja ainda tão forte,
E que os anos lhes
Tenham sido positivos.

Feliz aniversário,
É maio,
Mês das noivas
E dos amores correspondidos.

Me desculpa os erros,
Os desencontros e desassossegos,
Nem tudo foi perfeito,
Mas se encaixou bonito,
Abraços Mary,
Feliz aniversário.

Amiguinho

Olá amiguinho,
São nove horas da manhã,
Eu ligo o meu radinho,
Pegou o celular
E sintonizo na sua Live,
Que legal você trabalhar!

Tão jovem,
E ainda menino,
Podia estar aqui comigo
Colhendo flores
E correndo
Na chuva,
Mas, você está aí
Querido amiguinho.

Então, eu e o Bruh
Ficamos aqui
Te ouvindo,
As vezes, vendo,
Mas sempre
Te fazendo companhia.

Que legal ver seu esforço,
Sempre educado,
Nós gostamos de ver
Seu rostinho gordinho
E seu sorriso feliz,
Que legal amiguinho.

Pedimos pra Allah
Te proteger,
E que você alcance
Seus objetivos.

Um abraço amiguinho,
De nós,
Seus amigos virtuais.

Agradecimento a Allah

Amado Allah,
Amanheceu chovendo,
Toda flor está
Rejuvenescendo.

Obrigado por nos
Devolver a vida,
Foi difícil
Enfrentar o calor árduo.

Foi triste ver
As árvores perderem
Suas folhas
De uma a uma
E aos montes,
Até sobrar apenas
Galhos secos.

É difícil ver o animalzinho
Ter dificuldade
Para encontrar a água,
Dá medo ver apenas
Folhas no chão,
O verde tornar-se negro,
Depois amarelo,
Até esvair-se ao nada.

Então, em um dia
Allah nos trás chuva,
Toda água ressurge
Nas fontes,
Brota do chão feito
Gramado verde.

No segundo dia,
As árvores parecem acordar,
No terceiro
Brota folhas
Onde já não havia nada.

Isto é mesmo coisa
De Allah,
Obrigada.
Dar vida ao galho seco,
Enraizar o galho caído,
Fazer vida onde já havia
O fogo,
Brotar água
Do terreno árido.

Obrigado Allah
Por sua imensa bondade,
Brotam mananciais
Sobre a rocha sedenta,
Saem flores
Onde não haviam nem sementes.
Obrigada Allah
Pra sempre.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Ferida

Certa tarde,
Meu pai saiu com a espingarda,
Eu não soube pra onde foi
Ou para que.
Então, voltou mais tarde
Do que a hora que foi,
E me chamou:
- Aline, vá até às bananeiras.

Eu fui.
Se ele me manda,
Eu obedeço,
Eu sou filha.
Pensei que se tratava
De algum serviço
A ser feito.

Eu sempre fui esquecida,
Nem sempre vejo
O que tem para ser feito,
Nem sempre o faço.
Fui,
Cheguei lá
E até acreditei que houve
Barulho de tiro,
Ou não,
Sei lá.

De repente,
Ele juntou pedras do chão,
Grandes pedras
E começou a atirar contra eu,
Acertou na altura
Da minha bexiga
Acima da perna esquerda
De primeira.

Eu me contorci de dor,
Não gritei,
Sempre que ele me batia
Eu procurei não gritar
Ou fazer alarde,
Ele dizia:
- engula o choro!

E eu era proibida
Do choro ao barulho.
Depois disto,
Voaram mais pedras,
Uma acertou contra
A minha perna esquerda,
Eu olhei para trás das bananeiras
E pensei:
“ Será que corro?”

Ele sempre diz:
- se correr é pior.
Eu te pego!
Eu acreditei,
E nunca corri.
De repente, houve mais pedras.
Aí ele disse:
- agora corra
E fique atrás da moita.

E gesticulou para a flor
Que havia em frente a casa.
Eu fui,
E ao dar o primeiro passo,
Eu senti medo imenso,
Aí corri.

Então, fui tomada
Pela vergonha
E não corri mais.
Mas, eu juro,
Eu não sentia as pernas,
Doeu tanto a esquerda
Que ela pareceu
Se estirar para trás,
Tremeram tanto ambas
Que elas se chocavam
Feito gelatina.

Eu quis gritar,
Eu quis pedir socorro.
Eu quis não ir,
Eu juro.
Então, prendi a respiração e fui.
- agora pare.
Eu parei.

- você gosta de se esconder
Atrás de moita,
Venha pra frente pra você ver.
Eu não quis ver.
Eu baixei os olhos,
Minha cabeça caiu
Para baixo,
Eu não tive forças
Para olhar.

 Eu acho que se ver morrer
É odioso,
Temeroso e aterrador.
Eu nunca quis
Me ver morrer,
Só desejei morte rápida.
Mas fui, saí de trás da moita.
- erga a cara!
Ele disse.

E eu fatalmente o vi.
Sim.
O vi.
Mesmo com a cabeça abaixada,
Vi seu chinelo preto,
Sujo de terra,
Seus pés sujos,
Suas pernas peludas,
Seu calção verde,
Seu peitoral sem camisa,
Bronzeado e tonificado,
Seus músculos dos braços,
A arma em sua mão,
Seu rosto bonito
E jovial,
Seus olhos escuros,
Seu cabelo curto escurecido,
Suas orelhas bonitas,
A arma em ponto de mira.

A arma dele estava reta
Contra meu rosto,
No meio,
Apontada.
- eu com a arma na mira.
Apontada na cara.
Que vontade de explodir!
Ele disse.
Explodir minha cara.
Eu o vi.
Eu o ouvi.
Me explodir.

Meu corpo tremeu
Violento de medo,
Meus braços caíram
Na lateral do corpo,
Inertes feito duas cobras
Se tocando,
Eu fiquei pesada,
Eu parecia feita de ferro
Dos joelhos para cima,
Um ferro em casa perna,
Um ferro do início ao fim
Do corpo,
Um ferro no lado
Das faces,
E um no meio,
Bem no meio da cara.

Eu pensei
Se me atirar que acerte no ferro.
E eu não era mais de carne.
Aí fiz sinal de consentimento
Para ele,
Dizendo-lhe “ atire”.
E ele disse:
- corra.
Faça que nem os outros,
Fuja!

O ferro em meu corpo
Era pesado demais,
Eu não me moveria mais.
Ele se cansou daquilo
E saiu,
Foi para o lado do galpão
Próximo às bananeiras.
Eu caí no chão,
Com um baque alto.

Cai sentada
Sobre os meus ossos.
E fiquei.
Minha mãe chegou ali
Mais tarde,
Cansada de me chamar
Para ajudar nos afazeres,
Eu não ouvia,
Não via,
Não me movia.

Ela juntou
Um pé de guanxuma
E me bateu,
Bateu nas costas,
Bateu na cara,
Enfiou o dedo
No meu olho.
Me deu socos
E tapas.

Depois saiu para frente da casa.
- cadela vó.
Cadela quebrou
Meu braço
Quando eu fui dar educação.
Cadela,
Me machucou.
Ela falou para a minha vó Marica.
A vó saiu para fora,
E me viu.

Ela havia jogado
Terra contra meu rosto,
Esfregou em meus olhos terra,
Puxou meu calção
E jogou terra lá
Em meu corpo.
- o que você quer vó?
Estou suja e imunda.
Eu disse a ela.

- quero nada, fia.
Quero nada.
Minha vó frágil,
De ossos sobre salientes,
Pele alva e enrugada,
Cabelos brancos,
Quase seca a disse:
- dexe ela.
Dexe ela.
E eu fiquei.

Chorando e escorrendo
Terra e pedregulho,
Sentindo dor,
Com a cabeça caída
Sobre o peito.
Ferida.

Meu Amparo

Uma noite,
Eu sentei no sofá,
Meu pai ficou no chão,
Com o prato na mão.

Eu poderia dizer que não o vi,
Que não percebia o que fazia,
Ou que sim.
Escolha sua.

Eu peidei,
Peidei alto e potente.
Ele se irritou,
Eu o vi,
Fiquei com vergonha
E sorri.

- ah, pai.
O senhor está aí?!
Ele chorou.
- sim. Estou sim.

Ele disse,
Soltou o prato no chão
E foi em direção ao quarto.
- acredita que eu não te vi?

Eu indaguei,
Tirei os pés do sofá
E ao soltar no chão
Pisei no prato de comida dele.
Pensei, fedeu!

E fedeu bastante.
Ele pegou uma arma,
Uma espingarda,
E me pôs para fora de casa,
Pegou na minha orelha
Com aquela arma apontada
Contra a minha cabeça.

Me pôs na área de casa,
Na verdade
Me fechou no escuro.
Eram sete e pouco,
Eu acho.
Início de noite.

Mas estava escuro,
Muito escuro.
Eu senti pena dele,
Por quê eu pisei dentro do prato?
Por quê eu peidei?

Quis chorar,
Olhei para a porta,
E ele havia me empurrado
Usando a espingarda,
Colocou a ponta contra
A minha bunda
E gritou:
- atirei nela.
Atirei.

Eu não soube se sim.
Senti medo.
Depois ele virou a traseira
Da espingarda branca
Acinzentada
E bateu contra a minha bunda,
Me jogando na área.

Eu me segurei na grade feita
De madeira,
E chorei.
Senti medo,
Muito medo,
Senti pânico.

As horas passaram
E eu fiquei lá,
No frio e escuro
E vazio.

Aí ele apontou a arma
E houve o barulho,
Eu acho,
Eu penso que
Em algum instante houve.

Ficou um buraco
Na tábua da parede de madeira,
Aí ele saiu para fora,
Eu estava lá em pé,
Eu chorei tanto
Que molhou o chão,
Escorreu feito uma valeta
Por meu rosto,
Molhou meu calção,
Molhou meus pés,
Pingou no porão.

Ele voltou lá.
- eu atirei.
Acertei?
Ele gritou.
- eu dei sustinho nela.
Ele disse
E pôs a cabeça
Para fora da porta.

Eu olhei para ele,
Chorando,
Sem poder ver,
Chorando muito.
Eu senti medo estremo.

Depois, perdi a vergonha na cara,
Aquela que de antemão
Eu não tinha
E voltei para dentro de casa,
Sem dizer nada,
Eu sabia como abrir a porta,
Eu nem soube se estava tramelada,
Eu voltei,
Fui até meu quarto e deitei.

Eu nunca quis dormir,
Eu nunca mais quis dormir.
Hoje,
Vinte e três anos depois
Meu filho me olha e diz:
- obrigado mãe,
Por você estar aqui!

Isto me realiza,
Me dá orgulho do que fiz.
Ter voltado
Foi minha melhor atitude.
Deu meu filho para mim.

A Mulher

Querida mulher,
Intensa e forte,
Está sabendo enfrentar dores,
Amparar a quem precise.

Mulher linda e elegante,
Veste-se como se sente bem,
Porquê mulher segura
É aquela que enfrenta a mente,
E as ideias descabidas.

Porquê ter uma mulher
Em sua vida,
Não refere-se a fragilidade
Ou a ideais alcançados,
O contrário,
As vezes,
A mulher quer tudo
Pelo que precisa lutar,
E por ser tão forte,
Ela sabe que consegue,
Então, meu bem,
A ouça com atenção,
E saiba ampara-la,
Carrega-la se for preciso
E entender que ela
Sabe vencer.

Mulher determinada,
Veste e calça tudo que há,
Trabalha no que convier,
Com cabelo comprido ou curto,
De maquiagem ou sem,
No salto ou no chinelo,
Ela é sempre mulher,
Porquê nasceu pra vencer.

Aquela pessoa forte,
Que sai sem razão
A frente de todos,
Está é a mulher,
Em sua paixão
Esta o bom exemplo,
Nas suas mãos
Suas conquistas.

Querido homem,
Não se atrase,
Dirigir ela dirige,
Já paga a própria conta,
Trabalha e recebe o salário,
Seja mais que isto.

Arregacei as mangas,
Faça a comida,
Lavei a louça,
Faça o café quente
Para a dor de cabeça dela,
Assim, você não fará
Mais parte de um número,
O singelo número dos descartáveis,
Que ela coleciona lembranças
Desde aquela época
Da escola
Onde a mulher aprendeu
A calcular números,
E você só sabia rir dela
Porquê ela usava a tabuada.

Amada Madrinha

Amada madrinha,
Obrigada por suas visitas,
Por lembrar de nós
Em seus dias,
E ao fazer suas orações
Nós acrescentar em cada uma.

Querida madrinha,
Saudade das nossas conversas,
Te passar o tempo pescando,
Passear pelo gramado,
Molhar os pés na areia.

Amada madrinha,
Temos sempre
Bons momentos
Uma com a outra,
Você é meu abraço abrigo,
Me sinto feliz com você.

Em você já busquei amparo,
Encontrei calor e afeto,
Obrigada madrinha,
Peço a Allah que te abençoe
Todas as noites.
Te amo,
Fica bem sempre.

Afilhadinha

Amada afilhada,
Seus pais me escolheram,
Eu sou a grande garota especial
Que lhe tem por filha
E a ama sem igual.

Amada afilhada,
Escrevo estes versos
Para te ver sorrir,
Busco um cantinho
Do seu afeto,
Espero sua visita,
Querida menina,
Adorada afilhadinha.

Tão pequenina e menina,
Te amparei em meus braços
Vi seu primeiro choro,
Ajudei sua mãe a preparar
Seu leite quente,
Tempero seu primeiro chá.

Amada afilhada,
Escolhi algumas
De suas lindas roupinhas,
Me esforcei para estar próxima,
Amei suas feições ao sorrir.

Te amo afilhadinha.
Quem escreve é sua madrinha.
Peço a Allah que te abençoe,
Ame e ampare.

Não esqueça de mim,
Construa confiança comigo,
Estarei sempre aqui,
Minha menininha,
Serei fiel contigo.

Sobrinha

Oi sobrinha,
Como você está querida?
A tia sente saudades,
E manda um grande abraço.

Te amo, amada sobrinha.
Gentil menina,
Cresce forte e alegre,
Reforça meus dias,
Me trás proteção e abrigo.

Estes bracinhos tão frágeis,
Tão menina ainda,
Como é bom ser sua tia,
Poder te amparar,
E cuidar de você na rua.

Amada sobrinha
Não saia no sol forte,
Coloque chapéu na cabeça,
Use protetor solar,
Esqueça a maquiagem,
Biquíni é para garotas grandes,
Não exponha tanto as suas formas,
Lá fora existem garotos mais,
E eles não gostam de meninas boas.

Minha linda menina,
Que lindo sutiã,
Está formando um corpo lindo,
Eu sinto orgulho
Desta moça pra qual
Você se encaminha.

Quando for chutar a bola,
Não chute tão forte,
Você pode ferir-se,
Quando andar de bicicleta
Não corra nas ruas,
Também não vá longe.

Skate são legais, claro,
Mas não faça manobras,
Patins não é coisa pra toda hora,
Não seja agressiva
Com os mais pequenos,
Obrigada pelas notas
Boas na aula.

Eu te amo,
Lhe desejo tudo de bom,
Gosto de ver você sorrir,
Que linda menina
Trocando os dentinhos,
Buscando um shorts curtinho,
E eu doida atrás
Para amarrar seu cadarçinho
Do lindo tênis colorido.

Linda a sua tiara de princesa,
Adoro principalmente
Quando você busca meu colo
E conta sobre a sua vida,
Me fala da escola,
E confidencia sobre os amigos.

Linda menina,
Perfeita garota,
Sempre estarei aqui
Torcendo por você,
Tia é para sempre,
Você deixa afeto e saudades.

Eu ainda leio
Pensando em suas leituras favoritas,
E quando escrevo
Eu me esforço
Para você gostar,
Espero que veja
E compreenda meu afeto.
Te amo,
Que Allah te abençoe sempre.

Querida Irmã

Adorada irmã,
Tenho tantas coisas
Para te contar,
Queria poder dividir
Tudo muito rápido,
Mas me faz tão feliz
Poder lhe falar,
Que não sei qual assunto conto.

Eu soube que você está bem,
Que quando eu sofri,
Você sofreu também,
Eu senti bastante,
Mas a distância fere em saudade,
E não suaviza se não
For com um abraço.

Te mando caloroso abraço,
Fraterno amparo
Para narrativa de tantas histórias,
Pois é,
Sempre dividimos a vida,
E um dia o destino
Levou uma para longe da outra.

Que pena,
Mas você está bem,
E isto é ótimo.

Posso lhe contar
Que me curei de muitas dores,
Rompi antigos amores,
E me livrei de horrores,
Já converso melhor
Sobre pavores.

E saiba:
Fantasmas já não me assustam,
Eu te amo.
Sinto falta da pipoca da tarde,
Em frente a televisão,
Contando umas histórias,
Vendo um filme bom.

Saudade de planejarmos
O dia-a-dia juntas,
Das bolachas engasgadas
Na garganta,
A receita favorita por trás da manga,
E nossos dias bons,
Porquê minha irmã,
Com você nunca houve dia ruim.

Você é a melhor irmã,
Eu parei de sair,
Desisti de garotos fáceis,
Estou cuidando das flores,
Faço receitas adoráveis,
E plantei alguns frutos
Seus favoritos.

Deixo um abraço
Com verdadeira saudade,
Convido você para uma visita,
Nossa casa está sempre acolhedora,
O jardim está limpo,
E agora temos patinhos.

Saudades, Tia

Querida tia,
Tanto a estimo,
Muito a admiro,
Saudades suas.

Querida tia,
Benção por todos estes dias?
É o tempo passou
Deixou lembranças boas,
E nós não tiramos
Algumas horas
Para estar perto,
A senhora me desculpa tia?

Eu te amo
Em cada lembrança,
Em cada abraço
E cada conselho que guardo
E sigo com tanto carinho.

Te amo tia.
Obrigada por estar comigo,
Sempre me chamar
Pra ir visita-la,
Por tirar um tempo
E me dar abrigo.

Te amo mesmo a distância.
Benção tia,
Se recorde de mim com carinho,
Eu te lembro como amor,
Agora lhe dou um sobrinho,
Verdade tia,
Me casei sem avisar,
Mas logo chamou para a festa,
E a senhora poderá formalizar
A benção.

Te amo tia,
Me desculpa por estar distante,
Eu sinto sua falta,
E queria que estivesse
Aqui com a gente.

Com sua bênção, tia,
Lhe faço estes versos
Pra dizer que te amo.

Sim, tia,
Temos já os sobrinhos,
A senhora sabe
Eles se criam ligeiro,
Estão grandes e fortes,
Sentem saudades
E mandamos, todos, lembranças,
Tia.

Grande abraço,
Peço para Allah
Que lhe ampare e guarde.

Obrigado Vovó

Obrigado vovó,
Por fazer este dia feliz,
Por estar com nós.
Obrigado vovó.

Vovó seu sorriso
É o mais lindo,
Ele faz meu sorriso
Mais bonito.
Obrigado vovó.

Vovó como é bom
O seu bolo quentinho,
Sua receita é a melhor,
Eu amo você vovó.

Vovó seu abraço
É o mais carinhoso
Seu olhar materno
Faz o dia gostoso.
Te amo vovó.

Vovó hoje é seu aniversário,
Eu estou muito feliz,
Que dia lindo e gostoso,
Trouxe você da bisavó pra mim.
Te amo vovó.

Sua voz traz conforto,
Te ver acalma meu coração,
Se estou triste e pranto,
A senhora me dá atenção.
Obrigado vovó.

Sua casa tem cheiro de aconchego,
Seu chuveiro tem um banho bom,
Sus tolha seca meu corpo,
Eu fico feliz de usar seu xampu,
Obrigado vovó.

Seu café é o melhor,
Seu jardim é tão bonito,
A senhora se esforça tanto,
E eu fico orgulhoso contigo.
Obrigado vovó.
Te amo.
Feliz aniversário vovó.

Te Amamos Mamãe

Hoje é um dia feliz,
O dia em que a senhora nasceu,
Obrigada mamãe,
Todos ficamos encantados
Em tê-la sempre
Ao nosso lado.

A senhora é mãe amada,
Pessoa gentil
De abraço caridoso,
Sempre vou querer estar perto,
Te amo de abril a abril,
Até além do ano mais mil.

A senhora me ensinou
Tanta coisa boa,
Sempre se esforçou
Pra estar perto,
Fazer o melhor por mim,
Me cuidar dia-a-dia.

Obrigada por ser assim.
Te amo mãe querida,
Avó amada,
Sua comida nos faz bem,
Seu abraço traz conforto,
Eu te amo no hoje,
E te amo por além do tempo.

Mais uma data de aniversário,
Saiba o quanto você é amada,
O quanto eu sinto saudade,
Te amo na hora do churrasco,
Te amo quando eu chego
E amo quando vou embora.

Obrigada por ser ótima mãe,
Perfeita sogra,
Grande avó,
Amada senhora.

A senhora me ensinou a amar,
A ser gentil com as pessoas,
A querer todos bem,
E buscar ser melhor,
A senhora é nosso bem querer,
Nosso melhor exemplo.

Linda e amada mãe.
Querida e amada filha.
Perfeita e amada avózinha.
Querida e amada sogrinha.

Gentil e amada madrinha.
Delicada e amada tia.
Perfeita e amada irmã.
A senhora é tudo mamãe.
Te amamos todos os dias.
Te amamos para sempre.

Metallica, Nossa Paixão

A música do Metallica
Tocando no vídeo,
E nós deitados sobre a cama,
Eu e o Bruce.

Conforme,
A música tocava,
Ele bebê de quatro anos,
Se aproximava
Olhando a tela,
Querendo chegar perto.

Minha vida,
Eu sorrio a contento,
Somos fãs assumidos mesmo.
E ele engatinha,
Se esfregando no cobertor,
E vai rumo ao horizonte dele.

- É aquele grupo do mercado, mãe?
Ele indaga.
- É sim filho,
É aquele que o pai chama
Pra te ver no mercado.

Ele fica feliz,
Sorri e canta.

Depois chega pertinho
Da tela,
Sente o cheirinho,
Se esfrega desde o sorriso,
Até a orelhinha,
Várias vezes.

- mãe, eu posso
Sentir daqui o carinho!
Ele fala.
- é claro que sim, filho.

Eu respondo.
E o abraço
Com todo amor
Do meu coração
E felicidades transbordante.
Metallica é nossa paixão!

Saudades Mashy

A tarde de segunda-feira,
Trouxe novidades,
Masharey se sentiu zangado.

De algum modo de irritou,
E brigou com os filhos,
Brigou intenso e prepotente,
Beliscou os meninos,
Beliscou as meninas
E não parou.

Foi próximo da cerca
De arame farpado
E se colocou em risco,
Brigou muito,
Sofreu ferimentos
E feriu o outro.

Rarehgalo,
Um menino gordo e roliço,
Penas escurecidas e lisas,
Apanhou e bateu.

A mãe de Masharey
Correu até ele,
Juntou-o caído do chão,
De bico aberto,
Sofrendo para respirar,
Com a crista toda ferida
E sangrando.

Foi difícil a decisão,
Mas foi resolvido
Retirar Masharey do terreiro,
Agora ele vai tratar os ferimentos,
E vai ficar fechado por algum tempo.

Todos os bichinhos de reuniram
Ao redor dele,
Mas ele não retirou a coroa,
Reinou absoluto em sua
Decisão anterior,
De brigar com quem viesse,
E exigir que tudo fosse
A seu modo.

Ele está com temperamento difícil,
Preferiu ficar exilado,
Tratar a raiva
Longe da turma,
As crianças vão sentir saudades,
Mas logo volta Masharey.

Agora ele vive lá no vovô,
Junto aos outros galos.

Cada um fechado em seu
Compartimento,
Com comida e água regular,
Porém, de portas fechadas
E quatro paredes ao seu redor.

Lá existem muitos amigos,
Masharey tem muitas histórias
Pra contar,
O tempo vai passar rápido,
Vai ser lindo ver o canto de todos.

Mas, já estamos com saudades
Masharey.

Brigado

Você é aquele cara
Por quem deixou de lado
Meu celular,
Dou um tempo
Para as coisas de fora,
E o procuro
Na ponta do meu dedo.

Você é aquele garoto
Que eu toco,
Deslizo sobre sua pele,
Você é aquele
Que se eu pego apertado
Você vira estilhaços,
Como um vidro
A espalhar-se por todo lado.

Eu não sei se recolho,
Se finjo que nunca tive,
Mas, querido,
Você não é daqueles
Que ignoro,
Você é o tipo
Que sabe defender-se,
E quando fere
Você me dói pra valer.

Noutras vezes,
Você é tipo espelho,
Mil pedaços no chão
Caída de mim mesma,
Meu reflexo multiplicado
Tão pequeno
E tão pequeno,
Mas querido,
Sempre refletida.

Por quê?
O amor é isso?
Ferir-se?
Do chão,
Feito um espelho
Eu posso ver todo o redor,
Vejo além dos planetas,
Vou até muito distante,
Mas, não posso ser sua,
Querido, isto me dói a valer.

Depois eu peço desculpas,
Eu não peço,
E nós seguimos,
Sempre juntos,
Querido,
Quando eu busco
Seus olhos,
As vezes, escondido
Eu gostaria de lhe pedir
Quando você se parte
Entre meus dedos
Você se fere?

Porquê querido,
Eu lhe parto em tanto,
E em muito você cai,
Mil pedaços
Não é muito para você
Se reconstruir
E logo no outro dia
Estar inteiro para mim.

Por quê?
Você está partindo
Para mais longe que os planetas?
Você se importa comigo?

Querido,
Eu vejo meu erro,
Chego em você e distorço tudo,
Eu não quero estar sozinha,
Mas, a um dedo
E você cai do lance,
E a minha mão cheia
Aonde eu poria você?

Eu gosto disso,
De ter você ao meu dispor,
Por você eu deixo o celular,
Por você eu procuro
O site exato,
Me conecto com som alto,
Mostro que estou te vendo,
Você sempre irá dizer:
Brigado?
Isto é status de relacionamento
Ou você está contendo?!

Frutinhos de Canela

Na tarde do dia
05 de abril do ano de 2025,
A Chácara Ahmed recebeu visitas.

Um casal distante
Veio passar algumas horas,
Aproveitou e se deliciou
No pé de canela,
Que soltava seus frutinhos
Amadurecidos.

A canela carregou tanto,
Que seus galhos
Arcavam com o peso,
Ficou tudo azuladinho,
Cada cachinho de canela,
Com muitos frutinhos,
Diversos cachinhos
Em cada ponta de galho.

O pé de canela cresceu bastante,
A cada ano ele ganha
Uns cinco metros.

Nisto, aquele casal de aves
Ficou feliz e satisfeito.

Comeu trepado no galho,
Voando de um pé para o outro,
Andando da ponta do galho
Ao início,
Voando de uma extremidade a outra.

O Bruce Wayne
Nunca ficou mais feliz,
O casal se juntou
Para ajudar ele a colher
Os frutinhos,
E ficaram na pontinha do galho
Mais baixo
Para fazer peso.

O galho encostou no chão,
Bruce pulava feliz,
Colheu com as duas mãozinhas,
Colheu o frutinho na boca,
Feliz da vida.

Depois,
Pegou uma lata de guardar café,
E encheu a latinha
Com os frutinhos
Para usar depois em doces,
Chás e temperos.

No final da tarde,
O casal de aves,
Negras com um bigode vermelho,
Os Jacus ganharam consentimento
Do Bruce para dormir
Na árvore.

A felicidade foi incrível.
Eles ligaram o radinho
Metallica,
E dançavam de um galho
No outro.

Jogando canela na boca
Como se fosse pipoca,
Sentados no chão e rindo.

Bruce se divertiu.
Ele adora a época de colheita
Dos frutinhos.
Pois, é anjo de menino.

Namadinha a Danadinha

O verão do ano 2025
Foi intenso,
Namaduna foi ao pet
Pediu corte novo
Retirar todo o cabelinho.

Isto mesmo!
Ficou carequinha.
Quem aguentou foi PrinssosRah,
Seu pelo cresceu
De maneira extraordinária.

Ele virou um urso de pelúcia,
Contudo,
Tem suas peculiaridades.
Ele não quer ser pego no colo!

Não.
Prefere ser garoto solto
Ao vento com a grama
Batendo em suas patinhas,
No colo?
Não!, nunca!

Sua mãe tentou
Dar um abraço no menino,
Retendo ele sobre suas pernas
Por algum tempo,
O garoto se exaltou
E tacou seus dentinhos.

Mordeu a mamãe.
Lindo menino,
Do sorriso mais perfeito.

Imediatamente, foi solto
Junto com Namy.

Namadinha,
Acordou logo cedo
De sua caixa de calcinhas,
Biquíni e sutiã,
E advinha:
Sete lindos ovinhos
Que ela passa, agora,
O dia todo
E a noite toda lá chocando.

Era cedinho da manhã,
A mamãe dela tomava
Um café colhido do lado da horta,
(Colhido, torrado no forno,
E moído com o pau de fazer massa).

Com leite retirado da vaquinha,
Pelo vovô,
E o açúcar feito pelo
Próprio pai,
Retirado da cana de açúcar
Do lado do quintal,
Aquele mesmo onde Namady
Colhiam as suas minhoquinhas
Para encher seu papinho.

Bem, feito o café,
Tomado com bolinhos,
Namady levantou
Rebolando o rabinho
Naquele corpo gordinho,
Tomou água no potinho,
E pediu colo para a mamãe.

A mamãe,
Que estava sentada na cadeira,
A pegou,
Abraçou, acariciou e beijou.

Namady ficou tão feliz,
Que fez cocô ali mesmo,
Sobre a calça da mamãezinha.

No cocô saiu um verdinho.

A mamãe ficou super feliz,
Pois agora Namadinha
Estava muito melhor
E sem verminhos,
Todavia,
Ela soltou Namadinha no chão,
Com beijinhos
E foi logo cedo para o banho.

Danadinha, a Namadinha!

A Perninha Ferida

As nove horas
Da manhã de segunda-feira,
Masharey e o Mohagalo
Iniciaram a cantoria.

Cacarejaram por muito tempo,
Em conjunto e bem alto.
Masharey subiu no pé
De figueira da China,
E lá do galho,
Bem no finalzinho
Ele cantou outra vez.

Masharey fez tão bonito,
Que seu andar até o fim do galho
Pareceu um desfile
De um pezinho rapidinho
Atrás do outro,
Foi lindo ver.

O galho balançava
Para cima e para baixo
Com ele,
Parecia um balanço.

Ele subiu bem no fim,
Olhou para Mohagalo
E abriu as asinhas e cantou
Alto e profundo
Olhando do chão
Até onde a vista alcançava.

Mohagalo abriu suas asas,
Ergueu o peito pro alto
E cantou por muito tempo.

Mohagalo é filho de Masharey,
Mas criou-se enorme
E corpulento,
Possui penas vermelhas
Como o sol poente.

Algumas são pretas
E elas brilham ao sol
Sob um efeito verde e azul,
É inacreditável como
Aquelas pernas vermelhas
Percorrem o corpo dele
Lisas, e espessas até o rabo
Azul.

Suas pernas parecem cabelos
De tão lisas e brilhantes,
No entanto, são grossas.
Suas pernas são compridas
E magras.

Entre os dois
A cantoria foi longa,
Então, Bruçane foi ver
O que havia.

Eles pediram saúde
Ao galinho filho do Masharey,
O Mahagalinho,
Ele caiu ao correr
E feriu uma perninha.

Calorosa em seus sentimentos,
Bruçane juntou sua camiseta,
Segurou com as patinhas,
E rasgou com os dentes,
E junto ao Bruce Wayne,
Wolverine e Bruçano,
Eles amarraram a perninha
Do irmão que estava manco
E torceram por sua melhora.

Mohagalinho ficou feliz,
Foi até o cochicho de pneu,
E comeu bastante da ração
Molhada com água
Que havia lá.

- então, como você está irmãozinho?
Indagou Masharey com sua asinha
Sobre a coluna de Mohagalinho
Que comia feliz.

- estou muito melhor.
Respondeu ele,
Erguendo a cabeça,
E sorrindo.

Depois ele levou o pescoço
Ao redor do pescoço do paizinho,
E abraçaram-se.
- que bom, meu filhinho!
A turminha ficou toda feliz.

domingo, 6 de abril de 2025

Fim de Casamento

Alguém bateu na porta,
Três vezes,
Chamou meu nome.
Eu estava com o chuveiro
Ligado,
A água morna
Percorria meu corpo.

Eu cantava
Uma canção romântica,
Antiga e esquecida.

Ouvi de volta,
Palmas altas surgiam
Da minha área,
Pensei comigo mesma:
Mas o portão esta fechado,
Não há como alguém
Ter entrado”.

O barulho continuou,
Eu desliguei o chuveiro,
Parei para ouvir
E não pareceu engano.
Mas eu não esperava ninguém.

Saí fora do banheiro,
Olhei o celular,
Não havia mensagem,
Então, sem avisar
Ninguém viria.
O que seria?

Soltei o celular
Sobre o sofá,
Estava abrindo a porta
Do banheiro,
Quando surgiu um estranho,
Me abraçou pelas costas.

Eu quis reconhecer o cheiro,
Tentei me esquivar
Para ver quem era,
Mas dois braços fortes
E masculinos me envolveram
Sem dizer nada.

Apenas usou sua força,
Eu estava nua,
O chuveiro estava desligado,
Então, ele me empurrou
Até a água,
Ligou fortemente o chuveiro,
Pegou o chuveirinho,
E o empurrou
Contra as minhas narinas,
Até o final.

Eu tentei suspirar,
Tentei gritar,
Tentei respirar...

Eu lembro que meu ex marido,
Finalmente foi embora,
Depois de dez anos de casados,
Ele deixou nossa casa.

Mas não sem prometer,
Eu volto,
E você irá me querer
Menos ainda que hoje.

Meu último suspiro
Foi está lembrança,
Ele abrindo a porta
Depois de ter saído,
Colocado o rosto lá dentro,
Com seus olhos azuis ofuscados,
Seus lábios me dizendo isto,
Ele retornando o passo
Que deu até a sala,
E fechando a porta.

Depois disso,
Tudo se apagou,
Eu arfei,
Arfei sem querer,
Eu busquei o ar,
Eu quis viver,
Por Allah,
Como desejei a vida.

Água retornava
Do meu corpo,
E água entrava por ele.

Me vi aos doze anos,
Sentada sobre minha
Cama de solteiro
Lendo o Alcorão:
“Ó Meus servos que vos excedentes em detrimento de vós mesmos, não desespereis da misericórdia de Deus. Deus perdoa teus pecados. Ele é compassivo e misericordioso.”

Logo, as páginas se ofuscaram,
Eu movi a mão,
Quase abri os olhos,
Eu estava inerte no chão,
Tudo foi se apagando.

Eu me senti carregada,
Eu acreditei que estava,
Não sei se naquele estado
Se acredita em algo,
Fui, depois, jogada no asfalto.
Não senti dor.
Tudo ficou escuro.

Nesta Manhã da Minha Morte

Eu me apaixonei
Pelo homem mais lindo
Que já sonhei,
Porquê mulheres
Sonham com amores,
Ao menos as normais.

Como eu vivi pouco
Sobre amar alguém,
Eu confesso que fiquei
Muito mais no idealizar.

Aí, encontrei um garoto,
Jovem ainda,
Pensei este é o rapaz certo,
E foi.
E ele é.

O rapaz ideal.
O perfeito.
Mas, um dia cruzei
Por este outro,
Olhei para ele
E o admirei:
Então... O tal homem,
Justo aquele dos sonhos.

Meu marido não importou-se,
Não se irritou
Por eu criar expectativas
Em outro homem.

Apenas adiantou,
Cuidado, minha vida
Porquê garotas sofrem.
Eu disse,
Está certo amor.

Meninas sofrem
E este é mesmo
O homem certo para isso.
Ele me olhou
E respondeu:
Minha vida
Se for para você provar
Do sofrimento,
Saiba, eu não quero.

Então, eu percebi
Que não era isto.
Eu gostei deste outro homem.
Achei ele lindo,
Mais maduro,
Diferente em algumas coisas,
Poxa, ele é realmente lindo.

Bem, meu esposo também.
Mas, eu gosto do sorriso
Deste outro,
Da barba farta,
E eu não conhecia este sentimento.

O de obter um beijo
De um homem com barba.
Seus olhos escuros,
São faiscantes,
Eu disse,
Poxa amor,
Queria que ele sonhasse
Comigo,
Mas sonhar é para jovens,
Então, que me gostasse.

Eu não entendo amor,
Eu amei meu garoto,
Ele me gostou,
Estamos juntos.
E este outro?
Não sei se me amou.

Ele é alto,
Acho que gordinho,
É forte e intenso.
Seus cabelos são curtos
Escuros e contratantes,
Eu disse,
Queria que a esposa dele
Aceitasse o romance...

Seria simples,
Seus interessante,
Uma troca de experiências,
E vivências.
Porquê amar é bom,
E sexo pode ser intenso,
Intenso fora de casa,
Como o temos dentro.

Confesso que penso,
Por quê outro rapaz?
Quem olhar para este sabe:
Ele é lindo,
Perfeito e intenso.


Seu sorriso me cativa,
O jeito humilde dele,
Mexe comigo.
As vezes, eu digo a ele:
Querido, aqui vai tudo para pior
Mas seu sorriso esmorece
Meu ódio,
Acalma minha mente,
Limpa meus sentimentos.

Ele parece um homem bom,
Eu o resumiria desta forma,
Parece maduro
E estar sempre apto a ajudar,
Dar um conselho
E as vezes, a sumir,
Não deixar vestígios,
Então, eu penso:
Queria que estivesse comigo...

Sonhei por anos com ele,
Me faltou coragem,
Eu não sou a dominadora,
Grande mulher conquistadora,
Nem sou sedutora,
Sou simplona.

Aí, nesta noite,
Noite passada estive com ele.
Não poderia sem melhor.
Nos beijamos,
Foi intenso e forte.
Ele realmente é perfeito.

Amei cada momento.
A questão é que,
Ao acordar nesta manhã
Percebi que tudo foi um sonho.
Eu fui dopada através da água
Da minha própria caixa,
Alguém pôs droga nos canos.

Eu simplesmente dormi,
Mas não tão simples,
Estive agora lembrando...
Um homem velho
Com rugas intensas de expressão,
Rosto sombrio e olhos vívidos,
Ele aproveitou a janela aberta,
Entrou.

Eu dormia,
Boca aperta e seca,
Nua,
Sem jantar.
Ele colocou uma toalha
Em minha boca,
E então fez sexo comigo,
Sem me pedir,
Sem eu aceitar ou querer.

Ele fez sexo com meu corpo
Por longas horas,
E gozou ao redor da minha intimidade,
Voltou a fazer sexo
Até grudar seu corpo ao meu,
Até que aquele orgasmo
Secou e o manteve,
Magro, velho e rugoso
Sobre meu corpo.

Doeu.
Eu senti dentro do coração a dor.
Doeu.
Meus ossos dos quadros
Pareciam de abrir
E se partir.

Doeu,
Doeu meus olhos de ver aquilo.
Eu via.
Não sei como,
Eu via.

Apenas eu não me movia,
E ele investiu seu sexo
Dentro do meu corpo
Por mais horas,
E doeu minhas costelas,
E elas pareciam se abrir,
E se partir.

E doeu minhas coluna,
E minha garganta ficou seca,
Eu tentei falar,
Eu juro
Por Allah,
Eu tentei falar.

Mas não saía palavra alguma,
Nem som,
Nem vestígio de nada.
Eu parecia estar... Morta,
Será que estava morta?

Eu sentia dor,
Eu não sentia a dor?
Eu tentei olhar para aquilo,
Aquele velho dentro
Do meu corpo,
Então, eu sentia dor.

Constatei.
Desviei para o teto,
Era branco,
Eu estava vendo um teto branco
Mas, então eu não estava em casa,
Aonde eu estava,
Olhei e vi aquele velho,
Ainda dentro do meu corpo,
Vi meu roupeiro
Por trás dele,
Eu estava em casa,
Eu reconhecia a escuridão da noite.

De repente,
Surgiram três mulheres na janela:
- ah você demorou...
E o virão transando comigo.
Olharam-se assustadas
De uma para a outra.

- meu Deus,
Como ele quis transar com ela?
Uma indagou para a outra.
- o quê?
Sexo?
A outra indagou
E se jogou na janela
Para ver,
Incapaz de acreditar.

- como, depois de tudo que eu falei,
Como ele quis ela?
A terceira indagou.
- deixa pra lá,
Cansei de ouvir.

Uma falou.
Elas vestiam cinza 🩶,
Isso eu pude ver.
Mas, eu não via muito.
Parecia um macacão cinza,
E uma camiseta baby look azul.

Era azul aquilo?
Hã, eu não entendia
O que era.
Não pude entender.

Com uma passada ela entrou,
Ergueu a perna e estava
Na janela,
Soltou e estava dentro
Do meu quarto.
- querida, eu quis sair...
Ele disse.

É ele estava ainda no meu corpo.
- eu não pude.
Ele respondeu
Com aquele rosto enrugado
E caindo.
Aquela pele flácida de rugas
Sobre as costelas magras.

- ah, cala a boca.
A moça disse.
Então, derramou um líquido
Espesso e quente,
E era como uma cera,
E era também como açúcar queimado,
Derramou sobre aquela toalha
Branca que o velho
Mantinha sobre minha boca.

Eu não sabia o que era,
Mas me queimou,
Queimou profundo.
Então, ela arrancou aquele velho
Com suas mãos,
O jogou contra a parede
E o mandou embora.
Ele cruzou a janela e foi.

Ao sair de dentro do meu corpo
Seu pênis estava ereto,
E sentiu de prazer,
Feriu minha vagina
Na saída,
Saiu ereto demais.

Feriu.
Senti dor.
E ele foi embora.
E as outras três foram embora.

Eu soube,
Ali naquele quarto,
Sozinha no escuro,
Sem a toalha sobre o rosto,
Eu soube:
Eu não deveria ter sonhado
Com Hamood.

Ao acordar,
Eu abri os olhos
E tentei falar
E não podia.
Tentei respirar,
A respiração falhou.

Meu pulmão estava pesado,
Grudado no colchão,
Tentei lembrar de algo,
Algum auxílio:
Me veio a imagem
Daquele homem,
O tal homem perfeito.

Então, eu tive forças
De recordar,
A noite tormentosa,
A dor,
O sofrimento.

Juntei forças e levantei da cama.
Sentindo-me estranha,
Olhei meu reflexo no espelho,
Eu estava toda queimada,
Sem pele,
Apenas havia ossos
E músculos expostos.

Não dóia,
Minha vagina é que doía.
Então, eu não poderia
Ter sonhado com Hamood?

Como?
Eu me indaguei,
Como evitar gostar de alguém?

De ímpeto,
Algo me guiou a olhar
Pela janela,
Ainda aberta,
Eu olhei.

Veio um vento,
Apenas vento,
Ele bateu contra meu rosto.

E veio dor,
Eu não sei,
Mas cai naquele colchão.

Morta.
Eu morri.
Não me pareceu que era dor.
Não pareceu ser medo.
Eu morri.

Lá na Chácara Ahmed

Chegou o final do verão,
Foi difícil aguentar
Imenso calorão.

O sol há milhas de distância
Queimou como se estivesse
Na própria terra.

Ele chegou na laje,
Aqueceu ela,
E ela espalhou calor,
Feriu algumas árvores,
Derrubou folhas
Por todo o chão,
Queimou os frutos.

Agora os frutos sofreram
Amadurecimento precoce,
Nem todos ganharam doce,
Alguns nem poupa.

Caíram.

Apodreceram no chão,
Mas a galera da chácara Ahmed
Não ficou tão triste,
Nós fizemos uma rodinha
De oração com todos,
As galinhas, os patinhos,
Os gatinhos,
Os cães, mamãe e papais,
Nos abraçamos.

Aí abrimos o livro de Allah,
O Alcorão,
E o lemos.

Estamos ainda lendo,
E a chuva veio lá do céu,
Intensa e forte,
Molhou as folhas,
Molhou o caule ceco
Que nem parecia mais ter vida.

Molhou a laje quente,
Fazendo evaporar água
Para os céus,
Molhou os frutos que ainda
Estavam no pé
E deu a eles suco.

Deu a árvore seca,
Folhas novas,
E deu flores a outras.

A água que já estava escassa
Voltou a fonte.

Veio também o frio,
Chegou o outono.

Contudo,
Cada frutinha adquirida
No mercado
Para alimento,
Nós plantamos sua semente.

Estamos com uma plantação
Nova de frutíferas,
De todas as espécies e sabores.

E estamos lendo o livro
Todos os dias um pouquinho.

“Ele sabe o que encerram os corações.”

Do Brasil Para a Live dos Brothers

Aqui na Chácara Ahmed,
Todos somos fãs do Metallica.

É unânime,
Acordou corre até o celular,
E liga no radinho,
Lá passa música a toda hora,
Sem parar,
E apenas da mesma banda.

Pra melhorar,
Conectamos o celular
Ao rádio,
Então, o som fica mais potente,
Mais alto.

Pegamos a comida,
Frutas e pão com salsinha,
Nós servimos café,
E vamos lá para a barranca do rio,
Ouvir Metallica,
E dar pão aos peixes.

E comer tudinho.
Um dia,
Correndo o dedo
Pela tela do celular,
Encontramos a Live dos Brothers,
Bem lá no Hamood,
E todos paramos ouvir.

Lá não tem música,
Só as vezes,
Mas lá tem brincadeiras.

Aí Pitelmario gostou dos garotos,
E daqui do Brasil,
Ele levantou a patinha direita
Para cumprimentar Hamood
De Dubai.

Foi muito legal,
E todos quiseram
Mandar recadinho na
Live dos Brothers,
Porquê lá eles arrecadam
Benefícios para pessoas
E animais em situação de carência.

Aí o Hamood
Mandou um coraçãozinho
Pro Pitel
De cumprimento
Pro garoto ficar feliz.

E Pitel disse assim:
“Hamoodao, Hámudar?”
E o coração de Pitelmario,
Tremeu de vontade de abraçar ele.

E ele ergueu o peitinho
Em direção ao abraço.
Pitelmario que ouvia
Hamood daqui da casa dele,
Não compreendeu que
O Hamood da live
Estava tão distante.

Neste instante,
Hamood não pode abraçar ele,
Nem as crianças que se reuniram,
Ao redor do potinho
De comida que estava vazio,
Pra receber Hamood.

É que eles gostam de músicas.
Simmm.
Eles aqui estavam esperando
A comida da manhã:
Simmm.

Então, Hamood da live,
Eles estavam necessitados
Do seu carinho,
Porquê lhes nutrem afeto.

E eles sabem que seus carinhos,
São fartos e acolhedores
Feito a comida do amanhecer do dia.
Obrigada Brothers.

Daqui eles mandaram abraços
Pra todos os garotos.

Pois, amam os meninos
Que doam seu tempo,
Seu amor e carinho
Em benefício de quem precisa.

E nós precisamos
De amor e carinho! 💖
Beijinhos daqui do Brasil.

Lá da beira do rio
Os quero quero 
Levantaram voo
E cantaram Hamood
Te amo.
Te amo 
Garotos da Live.

Subiram até a estrada 
Cantando e rebolando
Sobre a casa.

Mas, a música do Metallica 
Nos faz falta?
Simmm.
Beijinhos meninos
Da Live dos Brothers.

Olá, botãozinho
Do Metallica!

Éramos Dois

Quais dos benefícios De Allah renegados, Tu homem? Eu enganei, Menti para mim mesmo Quando jurei que amei, Fiz um aceno ...