quarta-feira, 30 de abril de 2025

Gatilho do Passado

Ligou o carro,
Dirigiu pela avenida,
Vidros abertos,
Óculos escuros sobre os olhos,
Queria manter o ar misterioso,
Mais ver que ser visto,
Porém, nunca não ser notado.
Algo em sua mente
Lhe pedia que fosse lembrado,
Cerveja em mãos,
Volume alto,
Metallica no aparelho,
Velocidade contida no velocímetro...
De repente, uma curva,
Em um bar
Ele viu uns garota,
Ela comia um xixi salada,
Esfomeada e risonha.
Seu coração pulsou forte,
Algo pediu que se aproximasse,
Mas, ele estava em linha reta,
Precisaria entrar na quadra,
Demoraria um tempo
Sem vê-la
E este tempo lhe pareceu tão crucial,
Que seu coração se comprimiu
E a respiração falhou.
Ligou o pisca,
Dobrou a esquina e seguiu,
Rápido e sem ver mais nada,
Avistou ela,
De costas.
Ela passava maionese
No xis e sorria.
Um arrepio percorreu sua coluna,
Ela virou-se para trás,
Seus olhares de entre cruzaram.
Ele diminuiu a velocidade,
Quase parou,
Seguiu a linha reta,
Parou próximo a calçada,
Sem parar de olha-la.
Ela despertou a lembrança
De um amor antigo,
Uma boca que já beijou
A tanto tempo,
E que nunca foi capaz de esquecer,
Mesmo com tantos anos,
Ele não lembrava quantos,
Sua mente era tão fresca
Que pareciam minutos,
Quando lhe doía a memória,
Passava então, horas.
Abriu o porta luvas,
Retirou seu retrato,
Comparou a garota que comia,
Eram parecidas,
Havia algo de similar
E ele quis apostar nisto.
Saiu do carro,
Recolocou a foto,
Fechou a porta,
Foi até ela,
Não tardou,
Sentou ao seu lado,
Pediu um xis,
A acompanhou no cardápio.
Então, entrou no bar
Uma garota morena,
Cabelos cacheados,
Olhos escuros da noite,
Vestida de biquíni,
E uma cobertura sobre ele,
Algo de crochê quase transparente.
Ela olhou-o,
E seu corpo estremeceu,
De imediato
Ele levou a mão ao rosto
De Melissa,
A garota que recordava-o de Andressa,
Ele quis manter Melissa,
O arrepio parecia lhe dizer
Que outra vez,
Não duraria.
Seria como foi anteriormente,
Não teria futuro.
Então, sem motivo,
Ele lhe pediu um beijo,
Por menor motivo
Beijou sua boca.
Foi guiado ao amor antigo,
Enxergou Melissa sobre
Lençóis amarelos de seda,
A seda caindo de seu corpo,
Ele deitado de lado,
Vendo sua coluna a mostra,
Depois seu bumbum.
Então, se viu beijando
Aquele corpo esguio e perfeito
Que um dia lhe jurou amor.
E no próximo ano
Engravidou de outro rapaz,
Um colega de faculdade,
Preferiu o outro,
Apresentou exames
E no mesmo dia
Disse adeus,
Sem nunca arrepender-se.
Nunca a importou
As mil viagens que Referson
Fez até a faculdade
Em busca dela,
As flores que enviou
Através da floricultura,
Os cartões lido em voz alta,
Pelo cara do Amor Falado...
Ela teve o filho,
Casou-se na igreja,
Fez celebração,
E o convidou.
Na cerimônia,
Ele teve coragem de lutar
Por seu amor...
- O que você deseja
Pra me trazer até aqui Referson?
Ela indagou vestida de branco,
Um vestido curto,
Com cinta liga e meias transparentes até o bumbum,
Sapatos de salto branco,
Toda de branco.
- você está perfeita, Melissa!
Ele disse, com três flores
Vermelhas entre os dedos.
- certo que estou,
É meu casamento com Jerônimo,
Seu amigo,
Homem que eu amo.
Ela respondeu segura
Com seus lábios em batom branco,
O blush branco brilhava a luz
Da, lâmpada da sala,
Quando ela fechava os olhos,
A maquiagem branca
Lhe dava ares de estrela
No olhar.
- eu ainda a amo.
Ele disse ali a dois metros dela,
Parado em pé,
Seguro em seu smoking preto.
- eu o esqueci a tanto tempo,
O queria chamar para apadrinhar
Nosso menino,
Mas desta forma,
Não vejo alternativa,
Terei de te afastar da família...
Ela disse, com seus lábios trêmulos.
- por quê?
Ele interrompeu.
- por quê?
Você confunde o que houve
Com o que acabou.
Acabou e fim!
Ela disse,
Levou a mão em espasmo
Em sua direção,
E seguiu outra saída,
O deixando lá trancado,
A espera-la pelo resto da cerimônia.
Transcorreram-se seis horas
E ele não percebeu
Que ela saiu por dentro,
E não por onde entrou com ele.
A porta ficou trancada,
Aquela que ela usou.
E ele ficou.
Quando saiu,
Se deparou com a faxineira,
Fazendo a limpeza.
- senhor, o que faz aqui?
A cerimônia acabou a três horas!
Não há ninguém mais!
Ela disse.
Ele levou a mão ao rosto,
Se ajoelhou naquele chão,
Virou-se para o altar,
E clamou por ela.
- senhor, a noiva foi embora,
Saíram em família.
Foram viajar para outro país.
A faxineira disse.
Ele quis morrer.
Então, puxou a nuca
De Andressa com suas mãos.
E apertou os lábios dela
Nos seus.
Não queria perde-la,
Ela era tão similar,
Tão inacreditavelmente parecida...
- Ai, você me feriu!
Gritou Andressa,
Empurrando-o para longe.
- que horror.
Ela retornou a falar,
Depois saiu e foi para o banheiro.
- foi mal, hein, amigo.
Disse a garota morena
Casualmente com seu sorriso brando.
Ele conseguiu rir,
E isto lhes pareceu descortinar
Sua mente.
- que embaraço!
Ele falou.
-sou Referson!
Disse,
Depois levantou-se
E lhe estendeu a mão
Em cumprimento.
- Ranera.
Eu estou um pouco pior,
Estava olhando a vitrine,
Um rapaz passou de motocicleta,
E levou minha bolsa...
Ela disse trêmula.
- que terrível.
Referson respondeu
E saiu do lugar,
Olhou-a de cima a baixo
Para se certificar
De que estivesse bem.
- horrível, perdi documentos,
Dinheiro e tudo...
Estou com medo.
Ela disse, assustada.
- eu a levo para casa.
Ele respondeu.
De alguma forma,
Odiou a lembrança de Melissa,
De outra forma,
Rejeitou Andressa
Por quere-la apenas
Para despertar um gatilho
De esperança
De um relacionamento
Que fracassou há tantos anos.
Puxou o cardápio,
Deixou dinheiro para a conta,
E algum acréscimo,
Sem esperar a garota
Retornar do banheiro
Ele foi embora,
Não se importou
Com a boa educação
Ou nada.
- vamos!
Ele falou.
E pegou Ranera pelo pulso.
Com a outra mão
Abriu a porta do carro
Por meio da chave.
- você realmente irá me ajudar?
Ela indagou,
Tocando em seu ombro.
- é claro.
Ele respondeu,
Beijando seus lábios
No meio da rua.
Ranera estremeceu,
Não esperava contato sentimental,
Não depois de ser roubada
Daquela forma tão bruta
E assustadora.
- meu braço ficou preso
Na alça da bolsa,
Veja, estou vermelha de dor,
Eu fui ferida...
Ela ainda disse.
Ele a puxou para seu peito,
A pegou no colo
E a tirou dali.
- eu irei te proteger.
Falou.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Seu Olhar

Quando se planeja
O que fazer de sua vida,
Ocupa-se uma folha,
Ocupa-se duas
De um caderno 
Com linhas novas.

Mas, assim que cruzei
Com seu olhar,
Eu vi minha vida passar
Como se eu estivesse a passear,
Dirigindo meu carro
Em velocidade alta,
E você estivesse lá fora,
Andando na calçada.

E eu tão simples,
Passei por você,
Num piscar de olhos te reconheci,
Cruzei o sinal vermelho,
Uma senhora de bengalas
Levantou a bengala a reclamar.

Eu ainda, assim,
Te cuidei pelo espelho
Retrovisor,
Eu sinto muito pela idosa,
Não pude fazer outra coisa,
Continuei a te olhar.

A rua não tinha retorno,
E eu fui obrigado a passar,
Respeitar outros planos,
Não podia parar,
Cruzei em velocidade alta
Pelo marcador de velocidade,
Eu ganhei multa.

Mas não parei de olhar
Pra trás,
Simplesmente, precisava
Encontrar retorno,
Virar de qualquer forma,
Te encontrar.

Mesmo que isto
Demorasse uma vida,
Uma hora,
Ou o tempo que for,
Mas suas pernas
Não correram me alcançar,
Por Allah,
Você não me viu te olhar?

Mash'allah,
Não posso acreditar,
Eu precisei marcar retorno,
Voltar a te ver,
Te falar tudo que senti por você,
Quando se apaixona
Não é questão de esperar,
É questão de não perder de vista,
De outra forma,
Como a veria outra vez?
Não,
Não sou capaz de perder...

Convite de Lua

O relógio restou meia noite,
Ela não soube entender,
Mas, no palpitar de seu coração,
Entendeu que era sexta-feira,
Dia treze.
Levou a mão ao peito,
Pois seus ossos ficaram
Significativamente frágeis,
Então, seguindo o impulso,
Sentou na beira da cama,
Depois, retirou a mão do peito,
Levantou-se,
Abriu as cortinas
E pôde contemplar a lua cheia.
Tão imensa e brilhante
Que fez parecer dia,
Sua luz ofuscante
Lhe bateu no mesmo
Instante em seus olhos,
Deixando-a cega,
Seus lábios abriram-se,
Mas não precisou falar.
Seu corpo deu meia volta,
Parou estagnado
Olhando a porta trancada,
E não importou se estava segura,
Sentiu urgência por andar.
Precisava, de alguma forma,
Dentro de si, vagar.
E sentia que tinha um rumo,
Por isso, necessitava seguir
O fez.
Caminhou até a porta,
Sem preocupar-se por estar
De camisola até os joelhos
Transparente,
Abriu a porta.
Não disse nada.
Saiu.
Lá fora percebeu
Que haviam outras portas abertas,
Como a sua,
Que sem saber porquê,
Não quis fechar,
Só entendeu
Que era desnecessário,
Precisava seguir,
Tinha que ir.
Tomou o lado direito da rua,
Sentido ao centro da cidade,
Duas quadras antes,
Desviou,
A lua brilhava sobre sua cabeça,
Feito uma lâmpada,
Tornando a noite um dia.
O rumo que tomou a levou
A um portão,
De imediato ela não reconheceu,
Mas o abriu,
Ele era alto e grande,
Estava escrito em letras
Gigantes Cemitério 🪦.
Abriu,
Seguiu.
Chegou a uma lápide,
E não soube porquê,
Mas precisou sentar-se sobre ela,
Sentou e seu coração
Começou a parar de bater.
Ele foi acalmando-se,
Para um batimento lento
E regulado,
Era como se a lua tivesse mãos,
E suas mãos regulavam seu corpo,
E coração.
Nisto pensou se deveria
Rezar,
Não soube que oração fazer.
Então a lua escondeu-se
Atrás de algumas estátuas,
Lentamente, baixou para trás,
E aquelas sombras
Ganharam o cemitério,
E saíram de cima das lápides
Para irem percorrer o chão.
Não havia barulho,
Não tinha ninguém além dela,
E as sombras vinham
Com desenhos obscuros,
Sem formato
Querendo alcança-la.
Seu coração ao invés
De acompanhar seu medo,
Fez o contrário,
Foi batendo cada vez
Mais devagar,
Então, quando a primeira sombra
Quis tocar seus pés,
De modo instintivo,
Ela sentiu que deveria levanta-los.
O fez.
Levantou-os,
Depois, os puxou para onde estava,
E como seu coração parou de pulsar,
Ela, primeiramente, caiu,
Então, ele pulsou fraco,
Aí ela organizou o corpo,
E deitou-se ali.
Sem conseguir pensar,
Sem impulso para reagir,
Aninhou as mãos retas
Ao corpo,
Então, as sombras chegaram,
Subiram a lápide,
E ela caiu.
Caiu dentro do túmulo,
Havia ossos lá,
Um formato de pessoas,
Não muito reconhecível,
Estes ossos levantaram os braços,
E a abraçaram.
Mantendo ela ali dentro.
A lua não surgiu mais,
Apenas o dia.
Com o dia veio o coveiro,
Ele chegou cantando
Com uma pá em mãos,
Enxada e cavadeira,
Subiu para mais acima
E iniciou a abertura do chão.
Morreu alguém na cidade.
Haveria velório.
Ele passou por ela
Diversas vezes,
Seu coração pulsava fraco,
Ela não tinha forças
Para falar,
Não conseguia abrir
Os lábios,
Nem emitir grunhidos,
Ou mesmo soluçar.
De uma vez,
Ele olhou em sua direção,
Seus olhos estavam abertos
Ardiam contra o sol,
Mas ela esforçou-se
Para mantê-los,
Seu peito arfava levemente.
Ele olhou,
Passou a mão
Para limpar uma sujeira
Como se ainda houvesse
Uma lápide sobre ela,
Ele pôde ver sua mão mexer-se.
Depois, ele pegou um balde,
Colocou água,
Trouxe sabão,
Uma toalha,
E limpou onde ela estava.
Ela podia ver a água cair,
Podia até sentir,
Num esforço imenso,
Abriu os lábios,
Estatelou os olhos,
Arregalou-os num pavor abafado,
Mas, ele não a via.
Ele passou o pano do início
Ao fim do túmulo
E saiu de perto,
Seguiu seu rumo de abrir a cova,
Na parte da tarde,
Aproximadamente dezessete horas,
Um caixão passou.
Seus homens o carregavam,
Pessoas choravam atrás,
Algumas traziam flores,
Outras cantavam louvores,
Outras faziam orações,
Todas olhavam curiosas
Para todos os lados,
Mas nenhuma a via.
Todavia, ela enxergava
De uma a uma.
Ela tentou mover-se,
Mas, os braços daquele
Que a seguravam
Eram mais fortes.
Ela ouviu quando seus pais
Saíram na janela chamar seu nome,
Quando alguns se tumultuaram
Atrás dela,
Quando carros passavam
Aturdido pela estrada,
Mas ela estava emudecida.
Era como se sua língua
Tivesse ficado presa,
Ela mal conseguiu
Abrir a boca,
Então, chegou o entardecer,
Conforme o sol se foi,
E as sombras da tarde
A tocaram
Ela pode chorar,
Copiciosamente,
Mas seu peito estava fraco,
Ele não emitia sons.
A lua chegou.
Velas crepitavam
No seu entorno,
As ceras das velas
Começaram a escorrer,
Chegaram até ela,
Ao passar pelo túmulo,
Invadiram a lápide,
E algo quente a tocou,
Ela não pôde mover-se,
Apenas deixou ser consumida
Por ceras de velas coloridas.
A cada nova vela
Ela podia ouvir um pedido
Do ente querido
Que a acendeu...
Aos poucos, a lápide
Foi sendo preenchida,
E a noite foi,
Veio o dia.
O dia não deixou as ceras
Esfriarem,
Manteve elas cada vez mais aquecidas,
Algumas pessoas entravam ali
Aturdidas,
A maioria saíram,
Porém, na noite do dia 15
Uma não saiu.

Futebol Amador

Chegou o sábado,
Antes das quatorze
A comunidade inteira
Se reunia no campo
De futebol.
- daqui vamos tirar um artilheiro!
Disse Adílio.
- um verdadeiro campeão!
Gritou Dalvan,
Descendo a estrada de terra limpa,
Próximo a laranjeira,
Erguendo seu filho nos braços
Até o céu
Como se fosse um troféu.
- Ehhhhh!
O menino gritou,
Levantou a mão fechada
Para o céu
E chacoalhou-se naqueles
Braços fortes de seu pai.
- a bola!
Gritou Edivaldo.
Dando um chute com toda força
Na bola
Por trás da rede do gol.
- aproveitei esse chute,
Assim que o jogo iniciar
Você não terá outra chance!
Gritou Douglas
Do lado direito do campo,
Correndo para pegar a bola
No meio do campo,
E chutando de bico para o gol:
- eh é Goolllll!
Comemorou Aquelino,
Saindo do outro lado
Do campo,
Vindo em direção a bola,
As corridas e tropeções,
Erguendo a camiseta
Sobre a cabeça,
Estilo jogador profissional,
Deixando sua barriga flácida
A mostra.
- Sai que é sua!!!!!
Gritou Valderez,
Para si próprio,
Se jogando através da rede
E pulando em frente ao gol
Rápido o bastante
Para segurar o chute.
- peguei, peguei, peguei!!!
Ele gritou rodopiando
Com a bola em mãos.
Se jogando para a torcida.
- Ehhhhh, ganhou uma laranja.
Respondeu Luiz,
Reconhecendo seu porte
Obeso e partindo para a árvore,
Subindo sem perdão até
Alcançar as laranjas.
- tá certo!
Tá certo!
Vamos dividir os jogadores.
Disse Dalvan,
Soltando Gilvan no chão.
- crianças não jogam.
Ele disse
Apontando o dedo
No peito do garoto de doze anos.
- é no par ou ímpar,
Par ou ímpar.
Ímpar eu ganho!
Gritou Adílio.
Entrando no campo,
Fazendo alongamentos,
Comendo quatro dedos
De banana que retirou
Do cacho maduro
Da beirada do campo
Esquerda.
- é comigo então, neguinho!
Disse Dalvan
E correu com três dedos
A mostra na direção de Adílio.
Adílio se alvoroçou
E botou cinco dedos.
- Deu oito.
Deu oito.
É parrrr!
Gritou Carlinho,
Chegando para conferir os dedos,
Estilo juiz,
Meio vesgo,
Mas sabendo contar dedos.
Dalvan iniciou chamando,
Adílio continuou
E assim seguiu até incluir a todos.
Partida iniciada,
Bola no meio do campo,
Primeiro chute
E o drible rolou solto.
Chutada a bola,
Para a área do gol do adversário,
Adílio esqueceu para qual
Time jogava,
Ao invés de marcar o gol,
Já que estava na área,
Alcançou a bola
Cara a cara com o goleiro,
E driblou sozinho,
Feito Luiz Gonzaga na sanfona,
Único e conhecedor.
Contudo,
Virou de frente
E chutou a bola
De bico para a frente,
Com toda a força,
A bola bateu na outra área,
O goleiro correu e a alcançou.
- Adi, marquei pra lá o gol
É pra lá.
Valderez gritou aturdido.
E revidou depois de segurar
A bola com a mão esquerda,
Fez picar no chão,
Chutando para frente
De qualquer forma.
Dalvan ergueu a perna,
Segurou a bola
Na panturrilha,
Fez quicar no chão,
Mantendo com o pé esquerdo,
Várias vezes,
Até poder segurar.
Então, passou para o pé direito,
E rumou,
Porém, depois de driblar Douglas,
- Darvan,
Darvan,
É pra lá!
O Adi é loco,
Ele que jogou errado!
Darvan.
Gritou Douglas,
Tastaviando com o pé,
Buscando tomar a bola
De Dalvan.
Douglas e Dalvan
Jogavam no mesmo lado.
Dalvan deu uma olhadinha
Para Adílio,
Que arfou o peito,
E se soltou dm busca
Da bola,
Então, recordou-se
Que fazia o gol
Para o lado oposto,
E fez uma meia lua,
No Laudecir,
Deixando ele boquiaberto
Com as mãos na cabeça,
E retornou driblando todos
Que pôde.
Na terceira meia lua,
De pegar a bola com o pé direito,
Vir com ela solta no chão,
Jogando de um lado para o outro,
Em zigue e zague.
Esperava o adversário chegar,
Então, jogava o pé esquerdo
E passava a bola por cima
Da pessoa,
Depois com o direito
Trazia a bola de volta.
Dalvan parou três metros
Depois do meio do campo,
Mirou o gol
E chutou dali mesmo.
A bola saiu do chão
E levantou vôo livre,
Não teve opção pro goleiro
Alcançar,
Ele jogou-se para o céu,
E a bola cruzou um metro
Depois de suas mãos,
Parando no alto da rede,
Quicando e descendo
Para a grama.
- é gol.
É gooll.
Ele gritou.
Derli tinha aula
De educação física
Na escola,
Levou as duas mãos ao rosto
De vergonha,
Porquê jogava toda semana
E não reconheceu
A habilidade da jogada.
O time do Dalvan
Se aproximou e se abraçaram
Comemorar.
No entanto de tanto
Ser o estudante,
Um dia um jogador
Ensina o outro.
Adílio de posse da bola,
Tocou para Derli
Com força,
Douglas tentou segurar,
Pegando na ponta do pé
A bola,
Mas ela correu
Para a frente,
E Marcelo correu para ela.
- peguei Adi.
Peguei!
Marcelo gritou
Levando as mãos para o céu,
Em vitória.
-Jogue que eu pego.
Joguei pra frente.
Respondeu Euclides.
- pra frenteee!
Disse Adílio.
E Marcelo conseguiu
Chutar com o pé direito
Para o esquerdo,
Do direito para o esquerdo,
Do direito para o esquerdo.
Sozinho.
Ele e a bola.
Nisto Douglas chegou,
Colocou o pé por entre
As pernas de Marcelo,
Perturbando a bola,
Que correu um metro pra frente,
Marcelo levou a mão
No peito de Douglas,
Empurrou ele pra trás
E correu.
- falta.
Falta.
Gritou Douglas.
Levantando as mãos.
Porém, Marcelo não parou.
Não reconheceu o erro.
Alcançou a bola
E chutou a toda prova.
Aquelino pulou no gol,
Do lado esquerdo
Voou ao alto para o direito,
A bola bateu na ponta de seus dedos,
E passou.
- nãoooo!
Ele gritou.
Ela acertou em cheio
No travessão,
Na quina do travessão
E voltou.
Quede pegou a bola.
- é minha.
Aqui não.
Aqui não.
Reteve a bola no chão
Por um momento
E passou a rolar ela
Embaixo do pé,
Em meia lua,
Depois virou para o lado
Que jogava para marcar o gol.
Sem parar de rolar,
Ele deu um pulinho
E acertou a bola
Com o próprio pé esquerdo,
Passando para o colega
Daniel,
Que chutou um metro pra frente
E correu alcançar,
Chutou para frente e correu.
Deixando o povo incrédulo
Com aquilo,
Driblando a si mesmo
De maneira unânime.
Nisto, Adílio entrou de carrinho,
Deslizando para a bola
Com o pé esquerdo,
Firmando-se no direito.
- De carrinho na bola.
Daniel que já havia chutado
Para ninguém
Se distanciado da bola,
Correu de suar atrás daquele
Chute de Adílio.
Alcançou a bola,
E chutou ela sem esperar parar,
Unindo a força que ela vinha.
Pois não verdade,
Adílio chutando a bola
De carrinho
Apenas desviou o curso
E ao invés de ela seguir
Ela foi para o lado,
Então Daniel apenas
A pegou com um chute
Usando o lado do pé,
E mandou para o gol.
Valderez nem mexeu-se,
A bola chegou voando
Em sua direção,
Ele apenas juntou as mãos
E a pegou.
Ela quicou,
Ele revidou com o próprio peito,
Ela retornou para a frente.
Dalvan chegou,
Não deixou chegar no chão,
E chutou prazerosamente,
Com a parte de cima do pé,
Pegando bem no meio
Embaixo dela,
Que foi rodopiando de volta,
Seguindo reta,
Alcançou o lado direito
De Valderez,
Entrando sem ele ver para o gol.
Valderez esperou a bola
Pulando de mão levantada no gol.
- não passou.
Cadê?
Cadê?
Ele dizia.
- passou e tá aqui!
Respondeu Dalvan
Indo buscar a bola
Dentro do gol.
Iniciada a partida,
Adílio perdendo
Por dois gols,
Se fortificou,
Manteve a bola próxima
De seus pés,
Quando Dalvan chegou tomar,
Ele passou pelo meio
Das pernas dele
Com força.
- passou queimando!
Ele gritou.
Correu e alcançou a bola
Do outro lado de Dalvan,
Deixando ele pra trás.
Então, Douglas chegou nele.
- não vem não, neguinho.
Não vem não!
Ele gritou,
Deu uma corridinha
De centímetros na bola,
Levou o pé por baixo dele,
Deu uma chutada
E levantou até a altura
Do próprio joelho,
Douglas saiu por baixo,
Adílio levantou por cima,
E de meio dia pé
Levantou para a área do goleiro.
Paulo da área alcançou
A bola com a cabeça
E foi assim mesmo
Com ela para o gol.
O goleiro tirou
Com destreza,
Jogou com ambas
As mãos para a frente,
Caindo no peito de Adílio
Que não teve medo,
Soltou para o chão,
E chutou rente a grama
Para o ângulo direto.
Aquelino apenas
Teve tempo de levar a perna,
A bola tocou nele,
Mas não fraquejou,
Foi para a rede!
- eh ehe ehe.
Goollll.
Terminado o futebol amador,
Ronaldo foi reconhecido
Na televisão nacional,
Era o único em idade para jogar
Futebol profissional,
Apropriado da técnica amadora,
Se lançou no mundo.
Saiu da grama da Linha Barra da Taquara,
Para a grama de São Paulo.
Lá, fez três gols para ganhar a partida,
Até seguir no seu drible,
Bola rolando do seu pé
Para a grama,
Do seu pé para a grama,
Do seu pé para a grama.
Correu a bola,
Até chegar o adversário
E apenas calçar a bola
Com o pé direito.
Ronaldo levou uma prensada
Na bola contra o adversário
Caiu de cara no chão,
Voando para o alto,
De cara na grama São Paulina.
Depois disso,
Ele foi dispensado,
Para chegar a São Paulo
Fez uma vaquinha
Pedindo dinheiro emprestado
Para todos os parentes,
Mas foi de avião,
 Ninguém lhe tirou este gosto
De voar pelos área,
Porém, bola perdida,
Jogou entregue
Para o adversário,
Ele optou por retornar de ônibus.
Bola embaixo do braço,
Autografada,
Jogo gravado
Passando na televisão,
Gols no ângulo,
Dribles vergonhosos na bagagem.
Foi difícil entregar a camisa do time,
Suada e suja,
Retirou e beijou-a,
Adeus a carreira,
Retorno as origens.

domingo, 27 de abril de 2025

Mergulho em água doce

Elio mergulhou,
Longo e profundamente,
Abriu os braços e fechou
Por baixo da água
De cabeça abaixada,
Depois, olhou para a frente,
E foi ainda mais longe.
De calças folhadas,
Sem camiseta,
Com um único movimento
Ele retornou ao leito,
Percorreu uns cinco metros,
Enquanto juntou os dois braços
E os abriu,
Encostando-os nas pernas.
Ao sair,
Virou-se de volta,
De súbito,
Fazendo a água saltar,
Empurrou-se na própria água,
E nadou a braçadas de volta.
Há uns cem metros,
Alcançou o fundo,
Sem afundar
E percorreu o resto do caminho
A passadas até a margem.
Pegou algumas pedras
Do fundo do rio,
Sentou-se na água,
Olhando as pedras,
Enquanto respirava
Pesadamente.
Peixes passavam sobre seus pés,
Deixou o corpo submerso
Até o umbigo.
Depois, um arrepio
Lhe percorreu primeiro
Os braços,
Depois subiu até o pescoço
E rosto.
Uma sensação estranha
De ser observado
O tomou com força,
Ele tremeu de medo,
Olhou ao redor,
Não pôde ver muito distante,
Todavia, não havia ninguém,
Apenas o silêncio.
Bateu uma pedra
Na outra para ouvir
O barulho,
No entanto,
Isto não atenuou seu medo,
Não lhe pareceu tão seguro
Estar ali seminu.
Olhou repetidas vezes
Para todos os lados,
Então, ergueu as pernas
E deixou os braços
Imóveis sobre os joelhos.
Isto, de alguma maneira,
Lhe pareceu correto,
Como se fosse uma alternativa,
Ou um meio de fuga.
De soslaio pode notar
Repousar uma borboleta
Próximo a ele
Sobre as pedras
Fora dá água.
Ele sorriu para ela,
Ela parecia reconhece-lo,
De alguma maneira estranha.
Ela bateu as asas algumas vezes,
Depois disso,
Repousou em seu braço,
Como se quisesse lhe falar ao ouvido.
Ele teria corrido,
Teria gritado,
Mas optou pelo silêncio,
Aterrador e interrogador.
Permaneceu olhando-a,
Não soube o que dizer,
Ela batia levemente suas asas,
Feito um código,
Uma linguagem antiquada,
Ou algo do qual
Ele não tivesse conhecimento.

A Agricultora

- boa tarde!
Indagou um homem
Vestido de terno e gravata,
Assim que Erica abriu a porta.
- quem é?
Ela indagou
Dando um passo
Sobre a escada.
-sou advogado.
Estou com a ordem
De despejo em mãos!
Ele disse.
Subindo até ela
E lhe entregando um documento
Assinado por advogado.
Ela pegou e o olhou,
Com os olhos marejados de lágrimas.
- como assim?
Ela perguntou,
Escorando-se na parede
Da casa por ter perdido
Suas forças.
- você financiou
E não pagou,
Aí atrás está o valor
De sua dívida,
Os juros,
E a sua penhora.
Ele explicou.
Falando rápido
E gesticulando.
- eu financiei porquê
Meu esposo morreu,
Eu não tive dinheiro
Para pagar o velório,
Enfeite da igreja,
Aquisição de caixão,
Roupa sob medida,
E lugar no cemitério...
- na verdade, senhora.
Não nos importa
Os motivos de seu financiamento,
Dívida é dívida,
Precisa ser paga.
Ele interrompeu-a.
- Meu Allah.
Ela respondeu,
Gesticulando próximo
Ao rosto para encontrar ar.
Suas pernas trêmulas,
Pareciam se deslocar
De pavor.
“Perder a casa?”
Iria para onde?
“uma dívida em seu nome?”
Isto era mesmo
Um ato de desonra.
- tem quinze dias.
Quinze dias.
Nenhum dia a mais,
Ou a polícia será
Enviada e a senhora
Há responde processo.
O homem disse,
Passando por trás do carro escuro,
E abrindo a porta de entrada...
- a senhora não responde
A um processo por assassinato?
Ele indagou
Com a porta aberta,
Olhando-a seriamente.
- não foi seu esposo que foi encontrado morto
Sem motivos sentado a mesa
De sua casa?
Ele perguntou
Entrando no carro.
- Allah.
Eu não o matei.
Eu o amava.
Eu juro...
Ele ligou o carro,
Não a ouviu
Nem menos se importou.
Ela escorregou da parede,
Desceu até o degrau da escada
Feita em madeira,
Que há um ano
Ela e o esposo Roberto
Fizeram juntos,
Usando um serrote,
Madeira da propriedade
E pregos...
Escorregou,
Caiu sentada
E chorou.
Estava tudo perdido,
Como comprovaria
Que nunca feriu o esposo.
É certo que,
Quando ele partiu,
Há nove meses,
Talvez até,
Ela deveria ter buscado
Substituí-lo por outro homem.
Principalmente, quando
O gado de leite aumentou
A produção,
Mas ela preferiu ficar sozinha,
Triplicar o trabalho
E resolver tudo como podia.
Nisto cumpriu.
Rezou por seu esposo,
Pediu a Allah que o protegesse,
Se apegou ao seu cheiro
Pela casa,
Manteve as lembranças.
Soube, através dele mesmo
Que encontrou outra,
Ainda podia recordar a conversa.
- chega,
Cala a boca!
Então, estapeou-a no rosto!
- estou cansado de você,
Você é uma fraca!
Você não transa bem,
Não me satisfaz em nada!
Nisto pegou uma mala
E saiu de carro.
Fez um sinal com a mão
De dentro do carro,
Erguendo um dedo
Para a casa e baixando
Rumo ao chão.
Cantou pneu
Na estrada da frente de casa,
Fazendo voar pedra
Na porta,
Nas flores
E nela.
Depois foi.
Beijando uma fotografia
De uma mulher
E colocando no painel
Do carro.
Ela o viu fazer isso.
Ele nunca agiu assim
Tão apaixonado
Com relação a eles dois.
Ela ficou embasbacada.
Boquiaberta.
Ele foi.
Simplesmente, foi.
Ela soluçou tanto
Naquele dia,
Quanto agora.
Chorando capciosamente.
#
- e então?
Enriqueao indagou
Tocando a face de Larissa.
- tudo pronto.
Neste exato momento
Tudo se encaminha
A meu favor.
Ele riu alto.
-Parabens, Larissa.
Seu sonho foi destruir
Roberto e você conseguiu?
Ele beijou-a ternamente,
Por muito tempo,
Depois se afastou.
- Claro, Erik.
Sua mãe acusou ele
De ser seu pai,
Eu não o perdoei
Por se afastar de você,
Jamais irei perdoa-lo.
Ela respondeu,
Ajeitando a camiseta
Sobre seus ombros largos.
- verdade,
Mamãe teve uma imensidão
De namorados e homens,
No geral,
Mas ela se apegou aquele nome.
Ele respondeu se sentando.
- Ora, querido.
Foi simples demais.
Não bastou todo o dinheiro
Retirado dele por meio de minha relação...
Que nojo de ter de beija-lo,
Só de pensar me embrulha o estômago...
Ela olhou o namorado,
Distanciou-se um pouco.
- mas o dinheiro que tirei
Não foi pouco,
Depois quis mais,
Muito mais.
O trouxe pra cá.
Mas logo,
Senti tanto ódio daquele velho,
Que me obriguei a envenena-lo,
Então, lhe fiz um seguro de vida.
Me garanti!
Ele riu alto.
- você trabalhar com seguros,
Foi ótimo!
Ele disse, sorvendo um gole de chá.
E mexendo o açúcar
Da xícara dela.
- sim.
Financiamentos e penhor,
E seguros...
Dinheiro, né baby,
Dinheiro fácil.
Ela respondeu,
Lhe tomando a xícara e bebendo.
- ela me rejeitou,
Que idiota,
Assim, me sinto
Menos responsável
Pela bolada...
Ele disse,
Olhando para a janela de vidro.
- verdade, você se irritou muito,
Pela rejeição daquela velha roceira....
Depois de um momento de silêncio,
Ela indagou:
- vai mesmo se apropriar
Daquela propriedade idiota
Por despeito?
Você superfaturou todo o velório,
Com seu amigo, heim?
Ela falou rindo,
Roçando os dedos em sua face.
-ela vai ir presa,
Aquilo iria para leilão igual.
Você esqueceu que devolveu
O esposo envenenado
Para ela?
Ele indagou
E se aproximou beijando
Sua face,
Depois saindo.
- sim, falei com o juiz da cidade.
Ele foi encontrado morto
Com ela,
E o laudo constou envenenamento...
 Só falta sair sentença.
Acho que irei levar uma flor
No cemitério,
Aquele merece uma flor.
Ela disse
E riu.
Erick saiu para fora
De casa.
#
- senhora, Erica Enriquera?
Indagou dois policiais
Armados com documentos
Nas mãos.
- sim?
Ela respondeu abrindo a porta.
- estamos com sua ordem
De prisão em mãos.
Você foi condenada por assassinar
Seu esposo através de veneno!
Venha conosco para a viatura,
Você será levada ao presídio local.
Ele respondeu,
Lhe entregando o papel
Para ser assinado.
- assine. Depois disso,
Junte as suas mãos nas costas,
A senhora é considerada
Perigosa.
Será conduzida algemada.
Eles revistaram ela.
Percorrendo com suas mãos
Seu corpo todo,
Cabelo, pescoço,
Partes íntimas,
Dentro da boca...
Depois a algemaram,
Abriram o camburão
E a colocaram lá.
- na entrada do presídio
A senhora liga para alguém
Que feche sua casa.
No presídio a senhora
Não precisará de nada.
Ele falou fechando a porta
Em sua cara.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Não Serei Mãe?


Aos trinta e quatro anos,
Sem filhos,
Você já pensa
Se será capaz de chegar
Ao momento da concepção.

Você se pega a engordar,
Olhar o espelho,
E se imaginar
Quantos meses de gravidez
Estaria.

Mesmo assim,
Você não deixa de comer,
Fazer os pratos que te agradem
E, as vezes, sonhar
Se existiria alguém compatível,
Dentre tantos feios,
Um feio que se goste,
Que lhe satisfaça em algum quesito.

Porquê gosta estou,
Enjoada com relação a homens,
Também,
Homem por concepção
Encontrou poucos,
Quase todos a linda distância.

Se você deseja engravidar,
Será que deve tentar
Com todos
Ou escolher um pouco,
A questão é quando
Você não possui tanta opção.

Porquê gorda e enjoada,
Vai sobrando poucos
Pra se querer,
Eu olho fotos de bebês
E penso terei um meu?
Como será quando o tiver?

Eu preciso dar valor
Aos poucos que há em meu número,
Selecionar é para as jovens
E bonitas,
Me enojam o passar dos anos,
Um dia abandonei meu casamento,
Não foi hoje que me arrependi.

Convivo com um monstro,
Esposo,
Um monstro rico,
Eu feia pobre...
Destino fadado.
Sucesso garantido,
Mas, como engravidar?

Sinto repugnância
De olhar no rosto,
Eu prefiro esfaquear minha barriga,
Perder todo o ar,
A me rebaixar,
A qualquer um daqueles
Monstros asquerosos.

Eu disse a ele,
Faça um castelo de ouro,
Fez,
Mas não me encorajo,
Devo ser burra,
Fadada a pobreza,
Mas, não suporto me rebaixar.

Sinto nojo,
Soberano,
Gente da nobreza,
Eu pobre,
Da roça...
Me rebaixar
Ou nunca ter filhos...

Não ser chamada de mãe,
Carregar um bebê no colo,
Mas, ter um com cara de macaco?
Não sou tão pontual
Com minha aparência
Pra conviver com um feio.

Se alguém quiser desculpas,
Bem, inicialmente foram os atos,
Hoje quis me comprar com dinheiro,
Fez tudo a ouro,
Mas eu ainda estou
Jogada na pobreza,
Preferia-os mortos!

Tanto dinheiro me compra,
São prédios a ouro,
Mas não compra meu futuro,
Eu não serei mãe.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Minha Manhã de Mulher Independente

Sinto orgulho
Em compartilhar
Meu dia com você,
Eu acordei,
Tive necessidade de trocar
A máquina de lavar roupas
Do lugar.

Conforme fui analisando
Os objetos de dentro de casa,
Notei a falta de um tanque
Para lavar os calçados,
E tirar a sujeira maior das roupas.

Sabe aquelas encardidas
Que a gente ama
E não quer pôr fora?
Então, estás mesmas.

Olhei minha horta
Com suas saladas tristonhas,
Vi a necessidade
De instalar uma torneira
Para pôr a mangueira de jardim.
E o fiz.

Chamei três encanadores,
Todos me irritaram
Com a demora,
E não entendiam
Como eu queria organizar.

Eu disse a eles:
Queridos poupem sem tempo,
Que eu poupo meu dinheiro.
Analisei que peças iriam,
Como eu gostaria
Fui a loja de materiais de construção
E comprei todas elas.

Iniciei o trabalho cedinho da manhã,
Cheguei ao meio,
Troquei algumas ideias,
Voltei a loja,
Comprei o que faltava.

Bem, são treze horas da tarde,
Eu instalei tudo perfeitamente,
Sobraram peças
E ainda instalei um novo
Chuveiro porquê cansei do antigo.

Isto mesmo,
Organizei instalação elétrica,
Posição e reposição de canos,
Colocação de peças neles,
Prendi o tanque de plástico
Que escolhi.

Coloquei a mangueira de jardim,
E instalei a máquina de lavar,
Me sinto orgulhosa,
Por tudo que fiz.
Adeus ao discurso de independência,
Bem-vinda a competência pra fazer.

Por fim,
Só agradeço ao meu esposo,
Que me apoiou
E confiou em mim:
Enfim, amor, consegui!

Assim, Não Aconteceu

- você perdeu a fome.
A irmã dela disse,
Retirando o prato,
Recém servido.
Alice em sua cadeira de rodas,
Olhou para o prato,
Aspirando seu cheiro
Sentindo fome
E enjôo.

- sim, estou sem fome.
Respondeu.
Ella, empurrou Alice
Para dentro do quarto,
Trancou -a com as chaves.

O passado de fama
E dinheiro,
Era rememorando em casa
Fotografia pendurada na parede.

Ella, foi mesmo a melhor
Das editoras,
Escreveu como ninguém,
Teve cada um de seus livros
Vendidos
E suas histórias lhe renderam
Excelentes filmagens
Campeãs de bilheteria.

Não cansava de olhar as fotos,
Sempre posicionadas
Com os reconhecidos artistas,
Beijando a quem queria,
Vestida nas melhores roupas,
E em algumas delas perdidas,
A sua irmã Alice,
Sempre discreta,
Óculos nos olhos,
Quase masculina.

Era simples editorar,
Mas, um dia,
Sua irmã ficou paraplégica,
Perdeu os movimentos das pernas,
E entrou na cadeira de rodas
Da qual não saiu.

Iniciou com problemas
Nas articulações,
Foi parando de escrever.
A verdade é que seus textos
Diminuíram a qualidade,
A intensidade da escrita,
E até as ideias escassearam.

Alice, como toda escritora
Decaiu num abismo
De perder a criatividade.
No entanto,
Ella deixou-a bem cuidada
Em seu quarto,
E gastou tudo que pôde
Em novo material,
Novas mãos escritoras,
Mais jovens, bonitas,
Com mais personalidade artística.

Investiu muitos bilhões,
Teve que comprar material,
Bilheteria e holofotes.
Neste tempo, Ella perdeu-se.
Ela passou a fazer uso de antidepressivos,
Assiduamente,
Acompanhada por um psiquiatra.

Começou a perder o sono,
Ficar indisposta,
Revoltada com a vida
E as coisas.
Certa vez, encontrou um revólver
Dentro de casa,
Pegou-o entre seus dedos,
E atirou contra a parede
Sem mais nem menos.

Isto, pôr em risco,
Sua integridade física
E a de sua irmã,
Foi um erro grotesco.
Entrou, no mesmo instante
Para o medicamento.

Os remédios intensos,
A fizeram dormir por dias,
Ao acordar ela se debatia,
Incapaz de aceitar suas deficiências,
Se jogava no chão usando as mãos,
Gritava alto,
Se feria.

Foi enrolada em lençóis,
Medicada de hora a hora,
Jurava que podia andar...
Foi difícil vê-la naquele estado.
Ella, indisposta e irritadiça
Com toda a situação
Entrou para a bebida alcoólica.

Comprou das bebidas
Mais caras,
E fez as festas mais vangloriadas.
Com a irmã fechada.
Em meio a festa saia,
Levava um copo de algo
Para a irmã,
As vezes, de bebida,
Ela precisava melhorar
De seu estado de abandono.

As vezes, um bolo.
Alice, abria os olhos
Olhava a irmã e seus olhos
Derramavam lágrimas
Sem soluçar,
Sem falar,
Só chorava.
Ella se comparecia,
Lhe dava a bebida na boca,
Lhe dava um pouco de bolo,
Então, soltava o prato de lado
E saia para a festa.

O barulho ensurdecedor
Não atrapalhava a nenhuma,
Uma aproveitando cada instante,
A outra dormindo.
Ella acordava-se,
As vezes na cama,
Outras no sofá da sala,
Até no chão próxima a piscina,
Com dois homens dispostos.

Rememorando, antigos tempos,
Ella decidiu contratar
Novo escritor,
Pôs anúncio no jornal
E pediu boas qualificações.
Iniciou um rapaz,
Trouxe texto pronto.
“Mais um.”
Ella pensou.

Contudo, analisou suas
Capacidades e viu conveniência nisto.
Editorou, e enviou para publicar.
Porém, o público leitor
Abandonou seus gostos,
Passaram-se os meses,
E nenhum exemplar
Foi vendido.

Todos estavam expostos
Nas melhores vitrines,
Apenas geraram gastos.
“Fracasso”.
Ela disse,
Embriagada por trás do sofá,
Em seu pescoço,
Com o hálito quente.

Depois disso,
O esfaqueou.
Jogou o corpo num terreno baldio,
E retornou indignada.
Sua irmã,
Agora com menos uso de remédio,
Levemente, movia suas mãos,
Isto era o bastante
Para trazer algum dinheiro
Pra casa.

As festas diminuíram,
Porém, o nível de vida
Era bom.
Irritada com o curso
Das coisas,
Ella entrou na sala de cinema,
Passou a mão na estante
Lotada de filmes,
Correu os dedos
Na outra parede
Com tantos troféus,
As fotos no interior...

Na cômoda ao lado das poltronas
Em frente a televisão enorme,
Estavam as seringas,
As agulhas e os remédios utilizados.
Ainda hoje,
Com seu nível de vida diminuído,
Não sentia culpa.

Estudou por intermédio
De amigos e meios
Que o dinheiro alcança,
Então, foi dopando a irmã,
Causando nela dores...

Até colocou aquela arma
Ao alcance dela
Por próprio querer,
Induziu Alice a tomar
A atitude,
Depois disso,
Foram apenas desenlaces.

As seringas foram essenciais
Para alcançar o fim cadeira
De rodas...
Suas mãos intactas,
Eram, agora ferramentas
De trabalho de Ella.

Me entrega

- entregue seus beijos, rapaz!
A garota disse
No ouvido do garoto,
Enlaçando seus ombros,
Descendo as mãos
Para os seus braços,
Acariciando até tocar seus dedos,
E prender-se neles.

Depois ela pendeu-se para frente,
Tocando suas costas com seus seios,
Acariciando-o,
E cumprimindo-se a ele.

Nisto, beijou sua coluna,
Soltou a mão esquerda,
E se afirmando em seu ombro
Direito com a mão esquerda,
Segura nos seus dedos da mão direita,
Ela rodopiou até sua frente.

Passou a mão esquerda
Para o seu pescoço,
Apertou-o:
- me entrega todos
Os seus beijos rapaz!

Ela disse,
E recostou sua bunda
Em suas cochas,
Apertando-se nele.

Ele a puxou com a mão esquerda,
Acariciou sua cintura,
Passou para a barriga
E apertou-a para si,
Depois baixou a cabeça,
E procurou seus lábios
Com sôfrega paixão.

Lábios nos lábios,
Carícias por carícias,
Lábios trêmulos se buscavam
Em intensidade desmedida,
Então, ele virou-se de frente para ele,
Se beijaram loucamente.

- me dá todos os seus beijos,
Lindo homem.
Ela falou de coração aos saltos,
Paixão voraz,
Corpos ardentes em fogo,
Mãos incontidas em ansiadas carícias.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Aquisição pro Verão

Hoje foi um primeiro passo,
Tão difícil se desfazer
De antigos laços,
Tomar uma decisão
E lhe dar iniciativa.

Parece ideia cultural,
Mas sempre que se foca
Num objetivo
Se busca um meio
Para alcançar,
Para obter o sucesso.

Precisa-se de que
Outro alguém seja o meio.

Por exemplo,
Se acomodar a usar
O carro do próprio pai
Ao invés de obter o seu.

Buscar companhia
Para ir ao mercado,
Depender de opiniões impostas,
Para escolher desde a roupa
Até o mais importante.

Eu hoje,
Disse ao meu esposo,
"Gostaria de obter está propriedade".
E não lhe fiz pedidos:
“ o que você acha,
Seria lucrativo,
Você gostaria?”

Não.
Eu a vi
E lhe falei,
“Eu gostaria para nossa família”.
Lhe dei os fins de uso,
E a forma:
“pagamento em dinheiro”.

Eu não me sinto errada
Por isso,
Escolher algo que envolva
Todos nós,
Ter uma percepção unitária.

Eu gostei do que vi,
Disse como esperava que fosse,
Então, pedi.

Sem aquele medo
Por tomar uma decisão,
Sem apelar para opinião,
Dei liberdade ao meu querer.
Isto é coisa difícil para uma mulher.

Se libertar das amarras
Da dependência financeira,
Psicológica, educacional...
Meu esposo é parceiro,
Ele me presta todo o apoio,
E nós escolhemos juntos
Como desenhar nosso castelo,
Qual grama usar na terra,
As flores que iremos regar
E os frutos a acomodar no pomar.

Eu sou uma pessoa introvertida,
Dependente de tudo que vejo,
Estou tomando um primeiro passo
Para mudar conceitos,
Ter independência emocional,
Trabalhar meus sentimentos.

Eu já me imagino lá,
Sentada naquelas pedras,
Pondo a mão na grama molhada,
Provando os ares de nova terra,
Uma propriedade para descansar,
Escolher verões a se passar,
Vislumbrar novo futuro.

Queria pôr meus pés nela,
Mas deixo a critério do esposo,
Ele conversa contratos
E paga o valor
De um dinheiro que não é dividido,
É meu,
Dele.
Nosso.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Problemas

Olá, meu amigo,
Cansei de te ver triste,
Levanta os olhos,
Veja adiante,
A tristeza dividida
Se simplifica.

Deixa eu te dar meu abraço,
Apertar seu ombro,
Segurar sua mão,
Os anos de amizade
Nos fizeram mais próximos,
Não desperdice com tolices.

Me conte o que houve,
Me fale de suas dores,
Eu não suporto te ver sofrer,
Se você chorar
Eu choro também.

A vida está difícil,
Mas podemos melhorar,
Entregue seus problemas,
Vamos solucionar.

Amizades de bebida
Sempre termina ao final do gole,
Mas, a nossa durou
E se alonga no tempo,
Vamos dividir um chá,
Tomar água doce,
Dividir um sorvete
Ou uma cerveja.

Mas aproveita
E me fala do que te aflige,
Reclame de suas dores,
Confia no que te digo,
Falar alivia a alma,
Eu quero estar próximo,
Divida tudo comigo.

Nós Não Dissemos Olá

Visualizando seu perfil,
Rolando suas fotografias,
Vendo o que você gosta,
Coisas que compartilha,
Eu percebi,
Nós não dissemos Olá.

Não tentamos
Nos aproximar,
Não combinamos um suco,
Ou um sorvete,
Nem enviamos um ao outro
Uma mensagem.

Pois é,
É possível
Que você seja amigo
De pouco tempo,
E é possível
Que seja mais antigo.

O que fizemos
Que preferimos
Compartilhar e rolar vídeos
A nos aproximar?

Com tanto assunto
Bom para ser discutido,
Optamos por vaguear,
Não escrever um texto,
Uma frase,
Ou enviar um emoji de beijo.

Certo que emojis
Deixam a desejar,
Mas, optamos por pior,
Permanecemos
Sem nem ao menos
Nos cumprimentar.

As vezes,
Eu passo horas por aqui,
Outras vezes,
Desperdiço menos tempo,
E você,
Quanto tempo dedica
A rolar o telinha?

Não sei se perdemos
Um amigo,
Mas sei
Que não ganhamos
Com isso,
Ter um número
De perfil com fotografias
Não acrescenta na vida.

Nós não dissemos Olá,
Não conhecemos um ao outro,
Perdemos uma boa conversa,
Não estamos próximos.

Mas, você está
Em minha rede social,
Eu nem sei
Se você sabe disso,
Ou se vem a lhe interessar,
Caso goste de minha presença,
Tenta teclar,
Caso não faça diferença,
Nem assim,
Acho melhor silenciar.
Nós não dissemos Olá.

Milho aos Galos

- que programação legal
A de hoje.
Disse Gerome,
Olhando pra televisão
Sem piscar os olhos.
- mais que legal.
Respondeu Emma,
Ambos sentados
Um do lado do outro
Em poltronas de courino
Rasgado.
Acordaram,
Tomaram café em frente a televisão,
Fizeram o almoço
Da mesma forma.
Ir no banheiro
Que se localizava na área
Era uma corrida,
Tudo para não perder
Um minuto sequer
De assistir.
Chegou as dezessete
Da tarde,
E o pai e mãe de ambos
Chegaram da roça.
Angelo chegou puxando
Os bois que traziam a carroça
Carregada de melancia
Sobre o pasto Elefante
Que iria servir de alimento.
Marrina vinha atrás
Puxando três vacas,
Duas novilhas
E um terneiro.
Logo, o terneiro
Foi direcionado
Para a estrebaria
Onde seria alimentado
E receberia água
Sem sair lá de dentro,
Vez, que foi direcionado
Para a engorda,
Seria carneado para o Natal
Que se aproximava.
O ano era 2025,
Mês de agosto,
O pasto estava escasso,
Não poderia ser perdido tempo.
- Gerome e Emma corram
Levar o gado tomar água
No rio!
Eduardo gritou lá de fora.
-Saiam da frente desta
Televisão gritou Marrina.
Eduardo passou ao lado
Da casa de madeira,
E bateu duas vezes com a mão
Na parede com força,
Para despertar as crianças
Do transe assistir televisão.
- ah, que droga.
Ambos disseram juntos,
Olharam um para o outro,
E se atiraram em direção
A porta,
Certificando-se de desligar
A televisão
E fechar a porta com uma puxada
De mão atrás de si,
As corridas para voltar a assistir.
Levado o gado no rio,
Dado a água,
Ambos se atiraram num mergulho,
Aproveitaram algum tempo
Da água gelada
Que corria serena e verde.
- a paz do mundo mora aqui, né?
Indagou Gerome.
- claro que sim.
Respondeu Emma.
Eles chegaram até a árvore Sarandi
Que se jogava das pedras soltas
Para o leito do rio,
Com seus galhos tocando
A água,
Levemente sendo empurrados.
Auxiliaram um ao outro,
Subiram nela,
E se permitiram cair na água,
Segurando-se nos galhos,
Sendo empurrados
E seguros.
Depois, disso,
Voltaram para a casa,
Tocando o gado
Usando o galho seco
Da margem.
- aqui é o lugar mais lindo!
Disse Emma.
- sim, amo aqui para sempre.
Respondeu Gerome.
Emma colheu um galho
Florido de guanxuma,
E andou cheirando as flores
Amarelas.
Com uma mão
Puxava o gado
Para não se desviar,
Com a outra roçava
A flor no rosto,
Sorrindo para o irmão.
Retornaram pra casa,
Amarraram a vaca
No eucalipto,
Pegaram uma jarra
E um balde
E foram tirar leite.
Juntaram o elefante
Na carroça,
Cortaram para os terneiros.
Gerome pegou um balde
Levou água ao terneiro fechado.
Retornaram em disparada
Para a frente da televisão,
Correndo com o balde cheio
De leite,
Derrubando leite no chão,
E sujeira, um pouco de pó
Dos chinelos no balde.
Entraram, soltaram na pia,
Coaram o leite.
Uma leiteira foi colocada
Sobre o fogo para ferver.
Nisto o pai chamou-os
De volta,
Gritando bem alto.
- faltou dar milho
Para as galinhas
Do terreiro
E para os galos fechados.
Emma foi a escolhida
A deixar a televisão,
Desceu as escadas pulando
Para fazer barulho,
Irritada em ter de trabalhar.
Pegou o balde da mão do pai,
Levou aos galos.
Chegou lá e se posicionou
Do lado das gaiolas
E jogou dali mesmo
Morando nos potinhos
O milho todo
Num único movimento
De levar para cima,
E impulsionar e soltar
O milho.
Muitos caíram no chão,
Contudo,
Em três dias,
Se tornou bem certinho.
Nada caia, ou pouco se perdia,
E o que caia virava comida
Para as galinhas
Que estavam soltas.
No outro dia,
No instante de ir trabalhar
Na roça,
O pai cortou a melancia,
Foi obrigado a chamar
Os filhos várias vezes,
Para comer as fatias.
Eles correram,
Pegaram suas fatias
E voltaram para a frente
Da televisão.
Então, foi designado
O trabalho de tratar os galos
E galinhas.
Emma propôs a aposta
Ver quem fazia mais rápido
Sem desperdiçar
E suprindo a necessidade
Por completo de alimento
As galinhas e galos.
Iniciaram com uma jarra,
Passaram para um balde
De três litros,
Terminaram com o pai
Tratando todos
Em única vez
Num balde de 20 litros.
A divisão de tarefa
Assistir e fazer
O que mais for necessário
Se tornou mais divertida.
Mas, a televisão
Super aquecida,
Foi buscado ao máximo
Não ser desligada.
Em certo dia,
Depois de todo o treino,
A televisão estragou,
Simplesmente chuviscou
Tanto,
Que já não aparecia imagem.
Emma ergueu Gerome
Pela janela sobre as telhas,
E Gerome arrumou a antena,
Ao descer resvalou numa delas,
Ela caiu no chão
A seis metros de onde estava,
E estilhaçou-se em mil pedaços.
Ele porém,
Se pendurou lá,
E Emma o puxou
Para dentro.
- você quase caiu.
Ela disse.
- mas a tv está funcionando.
Ele respondeu.
- está sim.
E bateram a mão de um
Na mão do outro
Em comemoração.
Num gesto de unir esforços
E trabalhar juntos.
Abraçaram-se
E correram o mais rápido
Que podiam para assistir.

Beleza a Torturar

A distância nunca é boa,
Mas com relação a sua beleza,
Torna-se tortura,
Você joga meus vestidos
No lixo,
Minha maquiagem
Na água,
Meu corte de cabelo ao vento.
Caramba,
Tão lindo assim é tormento.

Surreal,
Tipo magia negra
Da braba,
Eu não me livro,
Nem desisto,
Seco a baba,
Porquê caramba, cara?
Beleza foi beleza,
Hoje é nobreza.

Deus fez lúcifer
O anjo mais bonito,
Mas lá ele errou,
Aí te criou?
Eu fui fiel até aqui,
Agora, só sei pensar em ti.

É erro manifesto,
Que rosto,
Que lábios,
Que perfeição,
Tão distante de minhas mãos,
É capricho?

Uau,
Maravilhoso homem perfeito,
Seus traços parecem desenhados,
Todos correlatos,
Que contraste
Com a distância que nos separa,
Crueldade,
Tortura para está garota
Que o adora.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Deus

- estou aqui ainda,
Disse Deus,
Quando sentiu sua dor,
Viu seus sofrimentos,
E em você acreditou.

Todo momento
Em que você se curvou,
Não fez a vontade
De opressores,
Mas também não se livrou,
Deus viu,
Te sentiu
E o protegeu.

Deus é com você,
Em todas as horas,
Até mesmo quando
Você acreditar
Que tudo falhou,
Que você não é aceito,
Bem-vindo onde estiver,
Porquê Deus te vê maior!

Se aconselha em Deus,
Se seu pai lhe negar,
Peça para o protetor do céu,
Ele entende suas fraquezas,
Sabe perdoar,
Entenda sua mãe,
Os irmãos e o que mais for,
Porquê Deus é seu escudo,
E sua fé o protege.

Não há resultado melhor,
Objetivo mais perfeito,
Sorte mais alta
Que estar em Deus em todo lugar,
Se acolhe em Deus,
Onde você estiver
Ele estará
E irá lhe defender.

Mesmo no vício
Mais arraigado,
Deus consegue te defender,
Se você se sentiu fraco,
Deus é o primeiro a entender,
Conte a Ele seus problemas,
Resolva seus dilemas,
Deus é contigo,
Não há então perigo.

Aquele que se ajoelha,
É amparado,
O que erra
É concertado,
Esteja em Deus,
E será realizado!

Poema Letra U

Uh,
Os lábios são meus,
Mas os beijos são seus,
Não faz-se de plebeu,
Custa caro o azul dos céus,
É não dizer adeus.

Se basear em ser mau,
É por leite condensado no mingau,
Desistir do gosto do caju,
Me deixar presa nestes sete véus,
Beija-me sem tirar o chapéu,
Eu lá sou garota de escarcéu?

Fez o gatinho miau,
Me faça de apogeu,
Estou querendo subir um degrau,
Está em você o meu grau,
Me queira para o beleléu,
Mas não desiste de ser meu.

Meu coração te elegeu,
Ele pulsa por abraços seus,
Eu deixei minha fala no museu,
Mas, lindo garoto pra chuchu,
Me faz seu troféu,
E me beija sem adeus.

Poema Letra O

Oh,
Assombrados olhos
Que com mistério
Veem meus passos,
Se me permite o destino,
Dá-me este rapaz um abraço.

Olhos escuros,
Feito névoa pelo caminho,
Doces traços
De um rosto sério,
Que com fulgor contemplo,
E sonho com um afago.

Ah, que doce sonho,
Pode percorrer com meu dedo,
Cada traço
Deste rosto que me apego,
Sentir seu calor,
Provar do desejo
Destes lábios singelos.

Lábios
Que de tão meigos
Não se põe a serem contemplados,
Camuflam-se em seus mantos,
Oh lábios desejados.

Se destes a está seus beijos,
As horas correriam no relógio,
E não haveria tempo
Que cobrisse total contentamento.

Lindos dedos,
Que se projetam ao acaso,
Me tivessem por alvo,
E eu não caberia neste corpo,
Tamanha intensidade de afagos.

Perfeito corpo,
Envolto em tanto cumprindo,
Oh, daqui de tão perto,
E só vejo seus sapatos,
Oh, Allah, como seria vê-lo desnudo,
Lindo homem com quem sonho,
Tira um pouco de seus mantos,
E eu não terei outro universo.

Poema Letra I

Ih,
Nasceu saudade aqui,
Um sorriso que diz,
Vem ser feliz,
Riscar o chão de giz,
Fazer tudo que se quis.

Chega e vem sem pedir,
É estranho não interagir,
Te guardo em mim,
Preciso fazer assim,
Te abraçar sem fim,
Te olhar no carmesim.

Fazer o que nunca fiz,
Beijar no primeiro sim,
Te levar de patins,
Desenhar seu nome a lápis,
Me ver em sua íris,
A saudade não é álibi.

Pra quem foi meu oásis,
E agora nega o frenesi,
Isto não apaga o sentir,
Não se apegue ao fingir,
Tira meus beijos daí,
Cadê a flor que te deu daqui?

Você vem dizer esqueci?
Eu lhe digo não pedi,
Mentir não faz feliz,
Eu nem tirei o biquíni
Pra você se fazer de zumbi
E me abandonar sem constituir.

Poema Letra A

Ah,
Nossa promessa,
Me mantém viva,
Reaviva as lembranças,
Me trás
Um sorriso de orelha a orelha.

Você me faz falta,
A cada dia que passa,
Em cada chamada de espera,
Na ligação que não é feita.

Toda a promessa
Precisa ser cumprida,
Eu acreditei em sua fala,
Deixa o amor nos levar,
E aceita
Que podemos ser felizes agora.

Volta,
Vem reavivar as lembranças,
Nos sonhos de outrora,
Não coube distância,
Mas cabe muito de espera.

Retorna,
Se volta,
Estou a sua espera,
Sem assinatura,
Com todas as promessas.

Primeiro Lugar em Levar Pasto

A competição agora
É tratar camelo,
Se você não entende de alfafa,
Não tenta pôr os dedos.

Não basta um bom pasto,
Pra cuidar do pelo
Do lindo camelo,
Você precisa ser rápido.

Junta a alfafa e corre,
Trata ligeiro,
Que a água já vem,
Veja o brilho deste camelo,
Ele está lindo
Porquê o patrão cuida bem.

Desenrola ela do monte,
Vai e seja rápido,
Aqueles olhos grandes
Estão esfomeados,
Corre,
Vence o que chegar primeiro.

Assim, fez o patrão,
Vê-se no brilho do pelo,
Nas patas bem cuidadas,
Nos dentes preservados,
No olhar satisfeito,
Não venceu o acaso,
Este campeão venceu no rigor.

Foi mais rápido,
O vencedor,
Primeiro lugar em levar o pasto,
O camelo come as bocadas,
Que delícia ver ele satisfeito,
E o patrão
O vencedor da competição!

Boa alfafa,
Faz bons patrões,
Pernas ligeiras,
Faz o melhor dos campeões!

Vencedor no Trato

Hoje,
Quem corre
É o tratador,
Ele ruma até o galo,
E leva milho
Para ele,
Sim, senhor!

E o que acontece
Com ele
Depois disso?
Depois de tratar
O lindo galinho
Ele vence.

Mas, não é tão simples não.
Ele precisa ser o mais rápido,
Cuidar bem do bichinho,
Chegar bem rapidinho.

De passo a passo,
Cadarços bem amarrados,
Botinas penduradas
No curral,
Porquê quem se alimenta
Agora,
E se alimenta muito bem,
É o galinho.

Mas, veja que lindo bichinho,
Ele canta no terreiro,
E canta na gaiola fechadinho,
Suas cores vibrantes,
Fazem dele o mais lindo galinho.

Parabéns ao tratador,
Que foi rápido ao juntar o milho,
Eficiente em não cair no caminho,
Inteligente por encher o cochicho,
Vencedor porquê chegou
Em primeirinho,
Parabéns tratador rapidinho.

Caso: Assassinato da Balconista

Aos vinte e cinco anos Não se espera a chuva fria De julho Quando se sai para o trabalho, Na calada da noite, Até altas mad...