Quais dos benefícios
De Allah renegados,
Tu homem?
Eu enganei,
Menti para mim mesmo
Quando jurei que amei,
Fiz um aceno
E passei.
A verdade é que nunca esqueci,
Não deixei de amar,
E neste sentimento
Eu quase morri.
Ele partiu,
Certo dia,
Olhou para mim
E disse adeus!
Acabou tudo.
Chega deste amor absurdo!
Eu não entendi,
Mas não busquei revidar,
Desejou o adeus,
Eu concedi
É assim que acaba,
Pra ele,
Por quê pra eu
Não houve fim!
Ele não veio mais,
Passaram as horas,
Passaram os dias,
E nos dias os meses.
Eu busquei,
Eu fui um louco
Atrás dele.
Eu invadi aquele hospital,
Empurrei a porta,
E me coloquei lá dentro
De qualquer forma.
A guarda levantou
Da cadeira,
Sacou a arma.
O médico se aproximou,
Eu o segurei pelos ombros:
- meu irmão está aí.
Eu sei que está.
Ele está desacordado,
Imobilizado,
Sem documentos
Ou memória.
O médico me olhou
E sorriu.
- qual é o nome dele?
Ele pediu.
E fez sinal
Pro guarda não atirar.
- não adianta eu falar,
Ele não sabe quem é.
Ele caiu da moto
E se perdeu.
Eu gritei atordoado.
- como você sabe
Que ele está aqui?
Ele indagou.
- porquê eu o amo.
Eu sei.
Meu coração diz,
Ele está vivo.
Eu preciso encontra-lo.
Eu gritei feito um louco,
Um homem quando
Perde o irmão
Fica doido.
Sem explicação.
-eu preciso proteger ele.
Querem mata-lo.
Eu preciso cuidar dele.
Eu gritei.
Chacoalhei aquele médico.
- ele não está aqui.
Ele disse.
Me pegou pelos ombros
E repetiu.
Olhando dentro dos meus olhos.
- ele não está aqui.
Então, eu saí atordoado.
Juntei nossas fotos,
Colei por toda parte,
Busquei na polícia,
No rádio,
N televisão,
Nos achados e perdidos.
Eu comprei um auto falante,
E fiz a carteira de habilitação,
Peguei um carro emprestado
E saí gritando
Sem direção.
- cadê meu irmão?
Eu fui até a igreja,
Fiz procissão,
Pedi a Allah,
Juntei as mãos.
Busquei no alto,
No gordo e no magro,
No baixo,
No motoqueiro
E no bombeiro.
Escrevi em cada dia
Para ele uma frase,
A cada semana
Uma música,
A cada mês,
Uma novela,
No final das contas
Um filme.
Um dia,
Um senhor distinto,
Chegou em meu portão,
Carregando um saco
Cheio de papéis,
Jogou em frente a minha casa
E os queimou todos.
- eu morri,
Desgraçado.
Eu morri.
Me esquece.
Maldito.
Gritou para mim.
Eu saí,
De toalha enrolada
Na cintura,
Sem cueca.
Olhei tudo aquilo
E não reconheci.
O homem se jogou
Contra meu portão,
Dando socos e ponta pés,
Me jurando de morte.
- vou te matar!
Me deixe em paz.
Maldito!
Eu não te perdoo.
Caiu um fios da careca,
E isto me rememorou
Aquele indivíduo de cabelos:
- meu irmão.
Meu irmão!
Eu gritei.
A toalha caiu no chão
Logo que eu levantei
As mãos pro alto
Gritando de felicidade.
- maldito!
Maldito!
Traidor!
Você arrombou minha esposa!
Ele gritou.
Me apontando o indicador.
Olhei para onde direcionava.
Para o malandrão.
- apequenou meu irmão.
Eu me casei,
Veja.
O rapaz juntou uma
Pedra do chão,
Aquele maldito chão
Que não limpei.
- minha ex.
Ele gritou.
- minha ex?
Gritou de novo.
E soltou uma pedra
Em minha direção.
Eu corri.
Abandonei a toalha,
Chacoalhei os quadris
E corri.
- maldito!
Me esquece!
Ele gritou atirando pedras
Contra minha parede.
- esqueci!
Eu respondi
Olhando pelo vidro
Da porta fechada.
A labareda de fogo
Tomou conta de tudo.
Fez fumaça.
Sujou a calçada.
O que Allah trouxe
Para o meu djim,
Foi meu pequeno brincalhão,
Com este no meu poderio
Eu não preciso de outro.