sexta-feira, 23 de maio de 2025

Rainha Bianca IV - Escolhe o Rei

Há feira no castelo,
Trocando o luto
Por um vestido azul
A rainha Bianca
Decide seguir seu costume
E ir escolher os melhores legumes
E temperos.
Saído do quarto,
Percorrendo o corredor,
O guarda Alvaro
Lhe dirigiu voz:
- vossa senhoria
Retirou o luto
Para o castelo?
Bianca o olhou de soslaio,
Lhe fez uma reverência,
E disse:
- sim. Foi escolhida a hora.
- se vossa Magestade
Me permite,
Faz menos de meses
De sua morte tão triste...
Ele lhe dizia,
Tocando seu braço.
- guarda real,
Faz menos disso
Que você dorme
Em meu quarto,
Por quê eu fingiria
Para meu povo?
Lhe indagou,
Tocando sua mão
Com carinho.
- por sua licença,
Aquela morte suspeita
Precisa ser investigada.
Ele lhe disse,
Beijando sua mão
Sobre o braço dela.
- certo que sim,
E o assassino será punido.
Dito isto,
Ela continuou pelo corredor
Com as pernas bambas
E voz sôfrega.
- há muito que amo Álvaro.
Ela confidenciou
A sua acompanhante.
- ele não teria sido escolhido
Para a guarda
Não fosse minha palavra,
Era um garoto franzino
E fraco,
Contudo, o julguei inteligente.
Ela confidenciou a Nádia.
- com sua licença,
Sei que a senhora
Está acima de toda
A suspeita,
Contudo, este reconhecimento
De sentimento por Álvaro,
Não o coloca em algo?
Indagou Nádia,
Pegando em seu braço
Com carinho,
Enquanto Bianca
Se colocava o primeiro
Passo no degrau da escada
Visando descer para o salão.
- se ele é da minha confiança,
Ele é quem nunca estaria...
Dado o terceiro passo,
Ela parou e se voltou
Para cima,
Encarando Nádia de frente.
- Ora, me desculpa,
Não quis ser invasiva,
Ele é tão jovem,
Não estaria se aproveitando
Do que você sente?
Nádia disse,
Lhe afagando o braço.
- aproveitar-se?
Então, sou proibida
De confiar em alguém?
Bianca disse.
Empurrou o braço de Nádia
E saiu rápido,
Chegou ao salão
E dirigiu-se a direita
Rumo a feira da área comum
Do castelo,
Onde todas as bancas
Estavam organizadas
Com toda a colheita,
E cada qual,
Após ela fazia suas escolhas
E pagamentos.
Ela passou pela banca
De tomates, cebolas,
Alho, pimentão...
Escolheu seus favoritos.
Cruzou para os temperos,
Preferiu os verdes aos secos,
Cebolinha, salsinha,
Manjericão, alecrim e orégano,
Contudo, nada seco.
Nádia e mais duas
De suas empregadas internas
Iam atrás com seus carinhos
Embalando as escolhas
E levando.
O castelo de Bianca
Era mantido com base
No trabalho ofertado,
Eles escolhiam sementes,
E ofertavam a terra
Para plantio por externos.
Parte do plantio nutria
O castelo,
Outra parte era comerciais,
Do lucro
Os externos recebiam
Seus pagamentos.
Depois, ela passou
Para as frutas,
De imediato
Ao chegar na banca
De uvas,
Viu o senhor responsável
Por ela,
Retirar uma caixa
E esconde-la.
Ficou com medo das uvas,
E optou por outras...
Escolheu melão, melancia,
Banana e pêssegos.
Logo, após se iniciava
As bancas de reinos vizinhos,
Também lá,
Ela fez suas escolhas,
Isto lhe custou o dia.
Ao buscar seu quarto,
Verificou que Álvaro
Deixou a parte interna
E permaneceu
O tempo todo ao seu lado,
Contudo distante,
E conversador.
Ele lhe daria um bom rei,
Realmente.
Era próximo do povo,
Ouvia suas necessidades
E sabia lhes passar
Para que fossem resolvidas.
Na entrada de seu quarto,
Ele se antecipou
E lhe a porta.
- entre, senhora.
- obrigada, Álvaro.
Ela lhe disse.
Então, o beijou.
Lhe puxou pelo casaco,
E o trouxe para dentro.
- senhora estive
Conversando com cultivadores
De uvas e fui informado
Que aquela que o rei
Comeu estavam envenenadas.
Ela fez um espasmo
De medo.
Afastou-se dele um pouco,
E o olhou no fundo dos olhos.
- ele era um namorador,
Encontrou moça jovem
E faceira no reino próximo,
A trouxe para o castelo,
E seu pai o matou.
Álvaro disse,
Em tom sério.
- acredito no que você diz.
Precisamos de uma reunião
Com o povo,
Onde será apresentado
O relato.
Ela disse.
Se dirigindo a cama,
E sentando-se.
- eu tenho as uvas confiscadas,
Tenho testemunhas,
E todos o viram morto
E as características ficaram claras.
Ele disse.
- sim,
Não entendi o fato
De ela fugir pela janela,
Foi tão horrível
A atitude.
Ela estava nua.
- sim.
Ela tinha outros amantes
Por todo o reino.
Devo comunicar o reino vizinho?
Ele indagou.
- sim. Os devolva para onde vieram,
Com as cortesias
De contar o crime
E pedir prisão a todos os envolvidos.
Ele anotou tudo
Que ela disse.
Procedeu com a prisão imediata.
Fez, também a carta
De informação ao reino vizinho,
E pediu para agendar data
Para conduzir os assassinos.
Além disso,
Fez uma comunicação escrita,
Deixou a vista de todos,
E informou a cada um dos reinos
O ocorrido e nomes dos responsáveis,
Bem como a atitude de solução.
- me ajude a tirar o vestido.
Ela pediu,
Álvaro se aproximou,
E fizeram amor por toda a noite.
Foi de conhecimento de todos
A relação de ambos
Tão rápida e séria.
Ela não teve medo de represálias externas,
As uvas foram adquiridas
E ficaram expostas para a venda,
Realmente, não era produto
Das pessoas dali.
Cada qual que tivesse dúvidas,
Poderia verificar as frutas.
Ela optou por casarem-se,
Fez a comunicação imediata,
Não importou-se com dizeres.
- Álvaro, case-se comigo?
Para logo,
Para o mais cedo possível?
Ela o indagou.
- sim, caríssima Bianca,
Sonho contigo desde menino,
Você é meu sonho!
Beijaram-se,
Agendaram a data
Para dois meses.
O povo ficou boquiaberto,
No período de quatro meses,
Tudo mudaria,
Inclusive, haveria a troca de rei,
Após a morte do primeiro,
De imediato,
Houve a escolha do segundo.

Ramo de Trabalho: Homicídios

- alô. Empresa Lirow de engenharia,
Em que posso ajudar?
Indaga a secretária,
- preciso contratar um serviço.
Diz um homem do outro
Lado da linha.
- está certo,
Vamos agendar um horário.
Ele responde,
Pega a agenda analisa
Um horário disponível
E o expõe.
- o horário disponível
É das dezessete horas
Do dia quinze,
Na sala do térreo.
Estaremos aguardando.
O homem anota a data
E horário e comparece.
É guiado até uma sala
Onde ele é visto
Pelo vídeo escurecido
Contudo não vê quem
Está do outro lado.
Anota-se nome da pessoa,
Idade e demais características,
Bem como, local onde mora
E quais frequenta.
- Paula? Moça jovem com filho?
Somente a Paula?
Indaga uma voz feminina
De onde ele não vê nada.
Ele senta -se mais seguro.
- sim, o filho é meu
Eu quero tê-lo em meu poderio,
Mas, não desejo mais Paula.
A moça o olhou.
Depois baixou o rosto
Para a folha de papel
Que tem em mãos,
Sobre uma agenda
E continua anotando.
- está certo.
O valor é vinte mil reais.
Ele se assusta,
Acha o valor interessante,
É baixo e simples,
Ele odeia Paula,
Iniciou um relacionamento
Apenas para diversão,
Dele proveio um filho,
Contudo, passado o tempo
De convívio,
Ele sentiu-se incapaz
De adaptar-se ao casamento.
- sim, tenho o valor.
Ele respondeu.
- passe imediatamente
Para a caixinha que está
Ao seu lado
Em madeira
Presa a parede
É só puxar que ela
Vai até você,
Você coloca ali
E sai.
Ele riu.
Você tem dois dias.
- vinte e quatro horas.
Se tudo que você informou
Se confirmar são vinte e quatro horas.
Ele puxou o compartimento,
Colocou o dinheiro
E saiu para fora
Sem ter visto ninguém.
Saído da sala,
A secretária passou
O valor e os dados
Para Fagundes,
Ele os pegou.
De sua sala,
Sentado atrás de sua mesa
Amarela de madeira nobre,
Ligou para um dos rapazes
Que faziam a parte da rua.
- Edivaldo, você pega um veículo
Sem permissão ou conhecimento
Do dono,
Que tenho um serviço para você,
Em posso do veículo,
Ligue para o número coordenado.
Edivaldo, usando outro celular
Ligaria também,
Para outro número.
Edivaldo agendou
Encontrou com a namorada
Que estava no trabalho,
Iria esperar ela
A partir daquele instante
Na praça para tomar sorvete
No carrinho
Que sempre fica lá.
- tá bom, meu amor.
Em suas horas saio
Do trabalho e vou.
Ela respondeu
Com um sorriso.
- tenta vir o quanto antes,
Vida.
Estou com saudades.
No caminho
Ele comprou uma
Caixa de bombons
E encaminhou para ela.
Sempre tão gentil,
Quando queria.
Ao lado do bar
Onde encontrou os bombons,
Encontrou o carro perfeito,
Pagou a um moto táxi
Para levar os bombons,
- diga a ela, que estou aqui,
Esperando ansioso.
Ele falou
Para o rapaz na moto.
O rapaz abriu a viseira
Olhou seu rosto,
Pegou a sacola
Pendurou no braço
E foi até a empresa
De calçados.
Edivaldo, neste instante,
Usando uma chave extra,
Abriu a porta do carro de passeio,
Entrou como se fosse dono,
Ligou a ignição e foi até três quadras distante.
Lá parou,
Comprou uma cerveja,
Voltou ao carro,
Abriu a cerveja
E a tomou,
Enquanto com a mão esquerda
Fazia a ligação para a empresa.
Ele não tinha carteira assinada,
Mas, tinha o vínculo de emprego
Com ela,
Conforme o trabalho
Ele era contratado e pago.
Tudo no mesmo instante.
- alô?
Alguém atendeu.
- alô, sou eu.
Edivaldo respondeu.
Era a senha
Quando se tratava
De trabalhos agendados
Para ele.
- anote os dados...
Ele anotou tudo bem certinho,
Tinha uma pequena agenda
No bolso.
O local onde ela iria
Mais depressa
Seria na creche
Buscar o filho,
Ele tinha uma hora
E meia para encerrar o serviço.
Foi até o local,
Aguardou em frente a praça
De recreação
Dentro do carro,
Chegado a moça
Que veio caminhando
Pois morava perto,
Ele não pensou duas vezes,
Dirigiu em sua direção
E a pegou em cheio,
Acostumado ao trabalho
Nem parou para se certificar,
Apenas olhou pelo retrovisor.
Pegou o celular
E enviou a mensagem “feito”.
Agora ele receberia o dinheiro
Em espécie por meio
De um moto boy
Que nem parava
Apenas alcançava a carteira
E seguia.
Era simples,
Ele foi rápido o bastante
Para devolver no local
Onde pegou,
Ninguém o viu,
Ele não disse nada.
Agora, se alguém tivesse
Visto o acidente fatal,
O carro não teria sido furtado,
Por tanto, nem mesmo o dono
Compreenderia o que houve.
Ele saiu dali,
Pelo outro lado,
Logo uma moto encostou
Na calçada ao seu lado,
Ele recebeu a carteira,
Cumprimentou com um
Soco na mão dele fechada,
E o rapaz foi.
Edivaldo comprou um picolé,
E continuou no local,
Comendo o sorvete de palito.
Esperando a namorada.
Edivaldo aguardou sentado
No banco em meio a praça,
Passado uma hora,
Um homem estranho
Aproximou-se dele,
Sentiu ao seu lado,
Retirou o chapéu da cabeça
E se virou para ele.
- você morre, agora!
Edivaldo jogou o picolé
No chão,
Levantou as mãos assustado,
Ao tentar levantar do banco
Foi impedido.
O estranho o segurou
Pelo braço
E o manteve sentado.
- tenho um revólver dentro
Do chapéu,
Minha filha morreu,
Faz pouco tempo,
Eu encontrei ela caída,
Num acidente de moto,
Morta,
Usando suas roupas de trabalho,
Lá estava sua carteira e celular.
Ela foi atropelada num cruzamento
Por um caminhão,
Não sobrou rosto dela,
Eu não me senti seguro,
Eu não me sinto bem,
Eu confiei muito
No quanto ela dirigia
Para ela ganhar a motocicleta,
Ela não teria caído,
Ela foi morta,
Ela jamais se colocaria
Em perigo.
O principal contato dela
Depois dos familiares
Era o seu,
Eu mantive o contato,
Eu não apaguei,
Eu guardei o telefone,
E agora o usei.
Foi sempre eu quem te respondeu,
Logo depois de marcar encontro,
Ela não foi,
Mas eu fui,
Você nem me notou,
Eu te cuidei,
Você foi o responsável,
Eu o peguei,
Você é assassino de aluguel,
Você a matou,
No mínimo com seu ofício.
Me leve ao dono,
Me leve ao seu chefe,
Ou morre imediatamente.
-Eu estou impedido.
Ele respondeu trêmulo.
O homem atirou contra ele,
O rapaz caiu para trás no banco.
O homem revistou seus bolsos,
Encontrou o celular,
E os manteve consigo.
Seguiu até seu carro,
Dirigiu para longe,
E olhou cada conversa
E cada mensagem.
Encontrou o número da empresa,
Ligou.
- Empresa Lirow de engenharia...
Ele desligou.
Então, esperou um pouco,
Ligou de volta.
Depois ficou escutando,
Pareceu ouvir uma voz
Ao longe que dizia.
“morte por encomenda”.
Desligou assustado.
Suas mãos trêmulas
E inseguras.
Depois, lembrou do rosto
Da filha desfigurada,
De encontra-la em um
Compartimento de necrotério,
Embalada para ser levada
Por funerária...
Chorou com a cabeça
Encostada no volante,
Depois tomou coragem
E retornou a ligação.
- empresa Lirow engenharia?
“ Morte por encomenda”.
- eu ouvi, morte por encomenda?
Ele disse.
- de quem se trata?
A secretária respondeu.
Ele deu um nome.
- Daniel.
Ele deu o nome
De um estuprador reconhecido,
Foragido da lei,
Condenado e não encontrado.
- sim, preciso de mais detalhes.
Ela respondeu.
- qual o valor?
Ele indagou atônito.
Parecia tudo tão simples,
Tão a vista.
- vinte mil em espécie
Trazido na empresa.
Ele acertou de imediato,
Retirou o valor,
Chegando na empresa,
Desesperada ao se deparar
Com a porta de entrada
Para a sala de vidro,
Arrombou com um coice.
A porta caiu para trás,
Sem muito barulho,
De imediato ele atirou
Na moça que estava
Com a agenda,
Pegou seu telefone,
Ligou para o número imediato,
Era seu chefe.
Ele subiu os andares,
Eram dois,
Chegou lá disparou
Seu terceiro tiro,
Matou também ele,
Sem fazer perguntas.
Ao sair para fora,
Suando frio
E amedrontado,
Foi embarcar no carro,
Abriu a porta...
- polícia.
Você está preso!
Chegou a ouvir,
De um homem de uniforme
Policial,
Ele estava armado,
Com a arma já apontada
Contra ele,
Em sua nuca,
Por suas costas.
- o que houve?
Ele indagou,
Deu um chute certeiro,
Derrubou a arma
Levando um tiro
Contra o rosto.
- eu fui ferido,
Mas você foi morto.
E disparou seu quarto tiro.
Contra sua clavícula,
Depois puxou o colete
A prova de balas,
E o quinto foi direto
No peito.
Ele estava sozinho,
Ele correu para o carro,
Ligou a ignição
E correu o mais depressa
Que pode.
Parecia não haver câmeras
De vigilância,
Mas, o trabalho era tão sórdido
Que não lhe parecia
Parar nisto.
Contudo, não foi perseguido,
Não que ele tenha visto,
Seguiu sua vida.
Levando um buquê de flores
A filha no cemitério.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Rainha Bianca IV

- a guarda real?!
Chama a rainha Blanca,
Ao adentrar em seu quarto,
Deparou-se com o rei imóvel
Com um cacho de uvas
Dentro da boca,
Roxo e entalado.
Uma mulher nua
Enrolada em um lençol
Descia a janela,
Com um aceno de adeus
E um detestável sorriso
Em seus lábios.
A rainha levou a mão a testa
Tentando afastar
O sentimento de ódio,
Por encontrar outra traição do rei,
Contudo,
Desceu a mão aos lábios,
Desta vez,
Pareceu-lhe a última.
Moveu-se até o final da cama,
Tocou seus pés nus,
Ele estava enrolado
Em um cobertor de couro
Marrom.
Olhos abertos e cínicos,
Um aspecto de sorriso
Parecia lhe cobrir
O semblante,
Estava feliz,
Sentia-se realizado.
Chegou a guarda a porta,
Quatros homens vestidos
De armadura cinza,
Espada em mãos
Posicionaram -se na porta.
-como ajudamos,
Vossa Magestade Bianca?
Indagou Fausto.
- acudam o rei
Que está a desfalecer.
Dois guardas entraram
No quarto,
Tentaram buscar sinais vitais,
Retiraram as uvas de sua boca.
- parece envenenado, senhora?
Disse Ugolino.
- minha impressão é
Que afogou-se
Com as uvas.
Ela respondeu.
Quase que para si mesma.
Outros dois guardas
Foram chamar o médico.
Chegado este,
Depois de efetuado testes,
Verificou-se não haver meios
De salvar sua vida.
Foi feito o velório,
Enfeitado o salão interno
Para luto,
Deixando aberto os portões
Ao povo.
Uma extensa fila
De amantes se prostrou
Para prestigiar sua memória.
Enterrado o corpo,
Ela chorou a dor
De perder o esposo.
Quatro meses a correr
Os corredores
Usando preto,
Sem atrever-se a olhares,
Recebeu presentes
De inúmeros reinados vizinhos.
Ao recolher de sua empregada
Um buquê de flores
Com um cartão de condolências,
Estava parada em sua sala,
Quando retirou o cartão,
O ergueu sob o olhar para ler:
- ainda sofrendo, rainha?
Indagou um integrante da guarda real.
Ela retirou os olhos
Do cartão,
Deparou-se com Álvaro.
- sim, sofro a dor.
Lhe respondeu.
Ele aproximou-se dela,
Lhe estendeu a mão
Até sua face.
- me tenha para amparo,
Depois de ele ter lhe ofendido
A integridade física
Tantas vezes,
Eu consegui trabalhar arduamente
E passei a compor o corpo
Da guarda real interna do castelo
Com isso evitei que lhe ferisse mais,
Ou lhe causasse a morte.
Ela tocou sua mão quente.
Não respondeu.
- Há tanto que lhe amo,
Lhe admiro por sua integridade,
Não me afaste.
Lhe tenho em amor.
Ela aproximou-se
E o beijou sôfrega e apaixonadamente,
Depois, devolveu as flores,
Informando que naquele instante
Havia saído do luto,
E que estava para casar-se.

Homicídio no Lar

“..., então foi isso que aconteceu.”
Diz o Robson sentado
De frente para o juiz,
Ele está algemado,
Cabelo raspado,
Uniforme de presidiário.
O juiz faz sinal com a mão
Levando para frente
Repetidas algumas vezes,
Ela aberta e de lado,
Em uma espécie de tchau
Na altura do peito.
-“ levem-no.”
Ele sentencia,
Bate três vezes o martelo
Sobre a pequena tábua
De madeira de sobre sua mesa.
Dois policiais posicionam-se
Atrás de Robson
Que permaneceu sentado,
O pegam pelos braços
Na altura dos músculos
E o levantam a força.
-“ erga-se,
Você vai para o presídio.”
Ele é solto em pé
Pelos policiais,
Não se recusa a andar,
Recebe as vaias dos presentes,
Inúmeras pessoas que ocupavam
Aqueles bancos,
Levantam-se para aplaudir,
Fazer assovios e sorrisos
Pela condenação.
Ele baixa a cabeça,
Segue o caminho de suas lágrimas,
Chega na viatura,
Vai no banco de trás,
O policial depois de sentar-se
No banco da frente
Se assusta
Ao confrontar o olhar de Robson
Pelo espelho retrovisor,
Retira o sinto de segurança
Que já havia colocado,
Sai para fora,
Faz sinal ao outro policial,
Abrem a porta traseira
Onde estava Robson,
Retiram-no com o cacetete
Em mãos,
Descerem-lhe bordoadas,
No rosto,
Nos ombros
E na coluna.
-“ perdão,
Pelo amor de Deus,
O que eu fiz?”
Ele indagou.
“-sentou no lugar errado
Seu lugar é fechado
No camburão,
Você é um sujeito perigoso.”
O policial disse.
Abrindo o porta malas,
Onde se localiza a jaula
De pôr os presos,
E o colocou lá sentado,
Com um empurrão
Até vê-lo bater a cabeça
E cair sentado.
-eu estava cooperando,
Senhor.
Eu estou seguindo
O que me mandam,
Vocês abriram a porta
Da frente, eu juro, senhor”.
Ele recebeu
Uma bordoada forte
Em seu rosto
E caiu desmaiado
Naquele local,
Onde cabem quatros homens
Sentados um dia lado do outro,
Bem apertados e magros.
- este sujeito
Depois de condenado
Está confrontando a lei?
Indagou um policial
Das forças especiais
Que estava com a viatura
Parada logo atrás,
Ele era do policiamento canino.
Força que treina cães
Para fazer o trabalho
Que homens
Não conseguem,
Por exemplo, farejar drogas,
Pessoas soterradas, etc.
Os policiais que conduziam
O condenado consentiram
Com a cabeça.
-Deik, ajude-os!
Disse o policial ao cão,
Este saltou de sua jaula
Da outra viatura,
Ao comando do dedo
Do policial
Adentrou na jaula do presidiário,
Cheirou seu rosto sangrando
E desmaiado,
Posicionou-se em sua frente,
Foi amarrado por coleira
Ali numa alça,
Com a coleira grande
O suficiente para encostar
Em Robson
E ir cheirando -o até o presídio,
Onde ele seria retirado
Da viatura e colocado em sela.
Ambas as viaturas
Dirijam juntas até o presídio.
#
Primeiro mês de nascimento
Do filho Artur,
Robson passou no supermercado
Comprou um bolo,
Um vaso de flores
E um pacote de bombons.
Voltou rápido
E feliz para casa,
Aos trinta e sete anos
Era pai,
Em seu primeiro ano
De casados com Lúcia.
Lucia, conforme
O costume
O esperou na porta,
Depois de ele buzinar
Pela terceira vez o carro.
Ao abrir a porta,
Ele acenou do portão,
Sorriu e abriu para entrar
Na garagem.
Ela chegou até ele
O beijou antes ainda
De ele abrir a porta,
- querida, nos trouxe bolo
E bombons e flores
Para enfrentar a sala.
Ele apontou para o banco
Do carona,
Onde estava a caixinha
Contendo todas as coisas.
- amor, obrigada.
Que lindo.
Ela respondeu
Com um sorriso aberto
No rosto,
He beijando tenuamente
A testa.
Ele juntou a caixa,
E a entregou:
- veja querida,
São seus favoritos.
Ela pediu a caixa,
Afastou-se para trás,
Ele abriu a porta.
- são sim,
Amor, são.
Ela retornou
Para dentro de casa,
Seu cabelo loiro
Recém pintados e cortados,
Unhas feitas num preto e branco
Intensos,
Lábios cheios de um batom
Marrom.
- querida, nosso filho?
Ele disse pasmo,
Ao entrar na sala de estar,
- ele caiu do sofá...
Ele respondeu,
Correu até o bebê
Que estava roxo no chão,
Com uma batida vermelha
Na testa.
- caiu?
Eu não lhe disse,
Eu fui ao salão de beleza,
Voltei não faz muito...
Ela respondeu,
Indo de encontro a Robson,
Abrindo o pacote de bombons
E descansando um
E levando até sua própria boca.
- nosso filho...
Ele pegou a criança,
Sentou no sofá com ela,
E ele paulatinamente voltou
A chorar.
-querido, estou com o jantar
No fogo,
Preciso ir ver.
Respondeu a esposa,
Retirando o vaso de flores
De dentro da caixa
E soltando sobre o rosto do bebê.
-querida?!
Robson gritou,
Levantou com um espasmo
De mão e empurrou as flores
No chão.
Lucia retornou para ele
Com um virar de seu corpo
Magro e bem vestido
Em vestido azul marinho
Fino e comprido,
Sobre seus pés nus
Numa rasteirinha aberta
Preta e branca
Com uma tira branca sobre
O dedão
E outra preta em frente
A canela sobre o pé.
- querido, você sujou o chão?
Meu Deus, eu passo o dia
Todo a limpar isto...
Ela respondeu,
Mordendo outro bombom,
Depois o olhando incrédula,
Passou o dedo sobre o bolo
E levou a boca.
- eu não posso acreditar
Que você não viu nosso filho?
Ele ficou ereto,
Coração aos saltos,
Encarou seus olhos.
- Lucia, eu não estou te reconhecendo?
Ele falou boquiaberto
E trêmulo.
Ela virou-se em direção
A cozinha,
Com um espasmo de esquecimento,
Depois se voltou para o marido.
- querido, eu passo o dia todo
A esfregar este chão sujo
De suas prostitutas ex-namoradas
Suas, esqueceu-as?
Com passadas rápidas
Ela veio até ele
Então, beijou sua boca.
No ímpeto,
Ele levou o braço
Para abraça-la,
O beijo se intensificou um pouco,
Ela o abraçou pela nuca,
Apertando a caixa contra o bebê
Clairto.
O bebê chorou,
E ela afastou-se rápida,
Com um sorriso,
Segurando o rosto do esposo
Em direção a ela.
Depois virou-se para a direita
E seguiu até a cozinha,
Comendo bombons
Potiados no bolo.
Robson, foi até o vaso,
Juntou-o,
Depois de verificar
Que não estragou nada
Soltou ele sobre a mesa
Do lado do sofá,
Seguiu até o quarto do bebê,
Pegou o berço de colo,
E colocou Clairto dentro.
Então, seguiu para seu quarto,
Ao lado daquele,
Soltou o bebê sobre a cama
Rodeado de travesseiros,
Ainda dentro do berço,
Tirou a roupa
E foi para o banho.
Depois de tomado o banho,
Saiu, se secou, trocou de roupas,
Pegou o bebê e foi até a cozinha.
- qual o cardápio, Lucia?
Ele indagou na porta,
Entrando e deixando o bebê
Sobre a cadeira,
Foi até a panela ver o que era.
- É risoto, cuida pra mim
Vou me sentar
Sinto dores nas pernas.
Ela disse,
Ao abrir a tampa,
Soltando o ar quente
Sobre ele
E indo até a mesa
Onde estavam as cadeiras.
Ele levou rápido
As mãos aos olhos.
- claro, posso cuidar disso.
Sente-se que eu termino.
Fez sinal para ela se sentar,
Mostrou o lado oposto
Da mesa,
Para que ela ficasse
Ao lado do filho e o cuidasse.
Vendo ela ir,
Ele se dirigiu até a pia,
Pegou na geladeira uma cebola,
E a fatiou,
Depois, indo jogar na panela,
Com a cebola sobre a tábua de cortes,
E uma faca ao lado.
Ele viu a esposa sentada
Sobre a cadeira
Onde deixou o bebê,
Chegou até a panela,
Olhou para ela de volta,
Sentiu a falta do filho...
- Querida, cadê Clairto?
Ela sorriu,
Levou a mão na testa
Em sinal de esquecimento,
Depois o buscou ao redor
De si.
Robson, num ímpeto de fúria,
Se jogou contra ela,
- cadê, Clairto?
Ele disse,
Colocando uma faca
Em sua garganta.
A tábua de cortes
Voou na parede
Espalhando cebolas
Por todo o lado.
- cadê, nosso menino?
Ele perguntou outra vez.
Então, a ergueu pelo pescoço,
O filho estava embaixo dela.
Ele a segurou com força
Erguida no alto,
Depois a soltou,
Lucia caiu mole no chão.
 -meu filho,
Meu filho...
Ele disse,
Pegando a criança no berço móvel,
Sem vida.
Ele ergueu a criança,
Colocou em seu peito,
Soltou sobre a mesa,
Tentou fazer retornar
Sua respiração,
A criança não se moveu.
- vagabunda,
Você matou nosso filho.
Ele gritou em prantos,
Depois, num lapso
Incontrolável de fúria
Foi contra ela,
Ainda com a faca em mãos,
E começou a espeta-la
Com a faca
Inúmeras vezes,
Até vê-la sangrar,
E não parou.
Ele gritou alto,
Tentou empurra-lo,
Arranhou seu rosto
De maneira profunda,
Mas, ele não parou.
A polícia foi chamada
Pelos vizinhos
Que se assustaram
Com tantos gritos,
Então, tão rápido quanto
Tudo ocorreu três viaturas
Cercaram a porta de casa,
Com as luzes e sirenes ligadas.
Um policial armado
Ouvindo os gritos
Abriu a porta a chutes
E outros mais invadiram
A residência com suas armas
Em mãos,
Foram até onde vinham
Os barulhos
E encontraram Robson
Ainda esfaqueando Lúcia.
Então, o ergueram de cima dela.
Com a faca sangrando
Em suas mãos,
Ela estava totalmente perfurada.
- ela matou nosso filho,
Ela matou.
Ele gritava em prantos.
Lucia estava caída
De pernas abertas
Sentada no chão
Sangrando muito,
Olhos abertos e imóveis.
Robson foi retirado de lá,
Erguido pelos braços,
Com uma arma apontada
Contra suas costelas.
- você está preso.
Você é um assassino.
Então, o algemaram no jardim,
O colocaram dentro da viatura
Que havia derrubado
O portão
Por isso estava amassada
Na frente.
O colocaram na segunda
Que entrou
Que estava pouco amassada.
- você vai responder
Por duplo homicídio
E dano ao patrimônio público
E resistência a lei,
Por não abrir o portão
E dificultar o flagrante delito.
Os policiais se dividiram
Entre levá-lo para o presídio,
Retirar os corpos,
Encaminhar para o
Exame cadavérico,
E chamar o guincho
Para a primeira viatura
Que ficou bastante danificada.
A audiência foi marcada...

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Anos Infelizes

Aos quinze anos
Eu reconheci
Em alguém traços
Que considerei
Por amor.
Foram meus primeiros carinhos,
A primeira vez de tirar a roupa,
Eu pensei que tinha discernimento
Para fazer a escolha,
Apontei ele a dedo,
Em meio a muitas pessoas,
Lá entre amigos,
Ele foi o escolhido.
Eu bebia os primeiros porres,
Tomei álcool como não poderia,
Seria ilícito,
Mas serviam a mesa,
Depois do beijo,
Eu disse pra eu mesma
Amo a este e não outro.
A idade infantil
Me cobrou no rosto,
Primeiros de casamento
E veio o estapear de mão cheia,
Mas, se eu for pensar
Um pouco,
Desde o namoro
Era previsto o fim prematuro.
Ele não suportava
Nossos gastos,
Eu menor de idade
Não tinha trabalho,
Auxiliava no ramo familiar,
Ele aos seus dezoitos anos,
Sadio e homenzarrão,
Não buscou emprego fixo.
Me pedia dinheiro emprestado,
Contudo, eu adolescente
Não recebia salário,
Me inseriu bebida no cardápio,
Despiu minha roupa
Cada vez que pôde,
Onde e como foi de seu alcance.
Uma vez,
Lá no bar do Seu Ronildo,
Outra vez na beira do asfalto,
Por seguida na entrada
Da estrada que dava
Para a casa do Seu Romeu,
Por fim, me levou ao motel.
Sagrado lugar barato,
Onde deita toda a arruaceira,
Com o fim único de sexo,
Motel não hotel,
Todavia, o fim era o próprio.
Lençóis frescos de amor
Recém acabado,
Mais uma conta a acrescentar,
Chegou a data feliz,
Casamo-nos,
Nem lá foi como eu quis,
Passaram os anos
E em cada um fui a mais infeliz.
Me separei,
Após dez anos,
Entre traições,
Motéis baratos
E desentendimentos,
Enfim, desprendimento.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Sim, Esposa e Dona

Chego na empresa
Do meu esposo
E todos viram para me olhar,
Começam a baixar
Seus rostos e comentar.
As vezes,
Sinto curiosidade,
Gostaria de saber
O que produz tanto assunto?
Meu cabelo,
Meu rosto,
Como eu me visto?
O pior de tudo isto,
É que sempre acham
Que são melhores que eu,
Se martirizam,
Se comparam entre si,
E imaginam que iriam seduzi-lo.
Tento buscar seus motivos,
Me irrita está maneira de agirem,
Não podem exercer
Seus trabalhos,
Desempenhar um bom serviço,
Se imaginar recebendo
Seus salários?
Não,
Não podem.
Sempre acreditam
Que precisam
Se tornar suas amantes,
Que possuem algum
Dom supremo,
Que irá conquista-lo
De qualquer forma que seja.
Eu nunca entendo isto,
Ele entende menos,
É um preenchimento de papel
Desnecessário,
Entram,
Parecem eficientes,
Então, me vêem,
E acreditam que irão transar
Com ele.
Por uma vez
Que seja,
Ou para sempre.
Uau,
Ele perdeu a calma,
Ele nunca me traiu,
É o querer dele,
Mas, isto vai além
Do desrespeito por ele
E por eu,
É um absurdo de pensamento.
Neste conceito,
São milhares na fila do desemprego,
E se imaginam que iremos
Nos importar?
Saibam, de antemão
Que não.
Quando irão procurar
Um trabalho,
Por quê não pensam
Em exercer o cargo
Com bom desempenho,
Ser igualitários
Em seus tratamentos.
Nunca foi necessário
Se referir a eu como “a dona”,
Mas ter respeito
E querer trabalhar
É imperativo.

Emprego

Quinto dia
Para buscar emprego,
Milésima porta
Em que bate,
Tantos currículos entregues,
Algumas chamadas
Na caixa de mensagem.
Ela já não solta
O prato sujo de sabão
Para correr da pia
Até a sala
Para atender ao telefone.
Quando decidem
Marcar entrevista,
Agendam horário
Com mil e tantas candidatas...
Há sempre alguém
Mais preparado que ela,
Alguns tem experiência
De função,
Aí já sabem fazer o serviço,
Outros é o primeiro emprego,
Então, são mais dispostos...
Ela baixa os olhos
Para a folha de mil questões
Que está respondendo,
“Por quê que parecem
Conhecê-la,
Já saber como ela irá trabalhar,
O quanto está disposta
A doar-se para o trabalho?”
Ela pensa,
E quase chora.
Ao final,
Todos despedem-se,
Anunciam que o candidato escolhido
Será avisado
Através de um telefonema,
Ela abandona a louça suja
Sobre a pia,
Abandona o quarto,
Abandona a cozinha,
Entrega tudo a sujeira,
Enquanto isso,
Gruda sobre o sofá da sala,
A esperar o telefone,
Uma oportunidade qualquer
Dentre tantas que se imagina apta...
Com o passar do tempo,
Ela desiste de esperar,
Alguém preencheu sua vaga,
Alguém foi melhor que ela,
Alguém se encaixou
Dentro do que a empresa buscava,
Este alguém não foi ela.
Com o passar dos dias,
Ela já retorna a limpeza
Da casa onde mora,
Com o passar das semanas
Quase abandona o telefone,
Com o passar dos meses
Se esforça pra passar por lá
E ver quem foi a escolhida
E imaginar descobrir
O que de especial
Está pessoa tinha...
Enquanto isso,
As contas chegam,
Ela divide o pouco
Que tem entre água,
Luz, telefone,
Sim, ela tem que
Manter o telefone ativo...
E comida,
Roupa... Quem sabe?!

Transporte Ilegal

Terceiro ano de trabalho Na mesma empresa, Cansada de ir ao serviço No transporte público, Vez que, no mês anterior, Um rapaz ...