“..., então foi isso que aconteceu.”
Diz o Robson sentado
De frente para o juiz,
Ele está algemado,
Cabelo raspado,
Uniforme de presidiário.
O juiz faz sinal com a mão
Levando para frente
Repetidas algumas vezes,
Ela aberta e de lado,
Em uma espécie de tchau
Na altura do peito.
-“ levem-no.”
Ele sentencia,
Bate três vezes o martelo
Sobre a pequena tábua
De madeira de sobre sua mesa.
Dois policiais posicionam-se
Atrás de Robson
Que permaneceu sentado,
O pegam pelos braços
Na altura dos músculos
E o levantam a força.
-“ erga-se,
Você vai para o presídio.”
Ele é solto em pé
Pelos policiais,
Não se recusa a andar,
Recebe as vaias dos presentes,
Inúmeras pessoas que ocupavam
Aqueles bancos,
Levantam-se para aplaudir,
Fazer assovios e sorrisos
Pela condenação.
Ele baixa a cabeça,
Segue o caminho de suas lágrimas,
Chega na viatura,
Vai no banco de trás,
O policial depois de sentar-se
No banco da frente
Se assusta
Ao confrontar o olhar de Robson
Pelo espelho retrovisor,
Retira o sinto de segurança
Que já havia colocado,
Sai para fora,
Faz sinal ao outro policial,
Abrem a porta traseira
Onde estava Robson,
Retiram-no com o cacetete
Em mãos,
Descerem-lhe bordoadas,
No rosto,
Nos ombros
E na coluna.
-“ perdão,
Pelo amor de Deus,
O que eu fiz?”
Ele indagou.
“-sentou no lugar errado
Seu lugar é fechado
No camburão,
Você é um sujeito perigoso.”
O policial disse.
Abrindo o porta malas,
Onde se localiza a jaula
De pôr os presos,
E o colocou lá sentado,
Com um empurrão
Até vê-lo bater a cabeça
E cair sentado.
-eu estava cooperando,
Senhor.
Eu estou seguindo
O que me mandam,
Vocês abriram a porta
Da frente, eu juro, senhor”.
Ele recebeu
Uma bordoada forte
Em seu rosto
E caiu desmaiado
Naquele local,
Onde cabem quatros homens
Sentados um dia lado do outro,
Bem apertados e magros.
- este sujeito
Depois de condenado
Está confrontando a lei?
Indagou um policial
Das forças especiais
Que estava com a viatura
Parada logo atrás,
Ele era do policiamento canino.
Força que treina cães
Para fazer o trabalho
Que homens
Não conseguem,
Por exemplo, farejar drogas,
Pessoas soterradas, etc.
Os policiais que conduziam
O condenado consentiram
Com a cabeça.
-Deik, ajude-os!
Disse o policial ao cão,
Este saltou de sua jaula
Da outra viatura,
Ao comando do dedo
Do policial
Adentrou na jaula do presidiário,
Cheirou seu rosto sangrando
E desmaiado,
Posicionou-se em sua frente,
Foi amarrado por coleira
Ali numa alça,
Com a coleira grande
O suficiente para encostar
Em Robson
E ir cheirando -o até o presídio,
Onde ele seria retirado
Da viatura e colocado em sela.
Ambas as viaturas
Dirijam juntas até o presídio.
#
Primeiro mês de nascimento
Do filho Artur,
Robson passou no supermercado
Comprou um bolo,
Um vaso de flores
E um pacote de bombons.
Voltou rápido
E feliz para casa,
Aos trinta e sete anos
Era pai,
Em seu primeiro ano
De casados com Lúcia.
Lucia, conforme
O costume
O esperou na porta,
Depois de ele buzinar
Pela terceira vez o carro.
Ao abrir a porta,
Ele acenou do portão,
Sorriu e abriu para entrar
Na garagem.
Ela chegou até ele
O beijou antes ainda
De ele abrir a porta,
- querida, nos trouxe bolo
E bombons e flores
Para enfrentar a sala.
Ele apontou para o banco
Do carona,
Onde estava a caixinha
Contendo todas as coisas.
- amor, obrigada.
Que lindo.
Ela respondeu
Com um sorriso aberto
No rosto,
He beijando tenuamente
A testa.
Ele juntou a caixa,
E a entregou:
- veja querida,
São seus favoritos.
Ela pediu a caixa,
Afastou-se para trás,
Ele abriu a porta.
- são sim,
Amor, são.
Ela retornou
Para dentro de casa,
Seu cabelo loiro
Recém pintados e cortados,
Unhas feitas num preto e branco
Intensos,
Lábios cheios de um batom
Marrom.
- querida, nosso filho?
Ele disse pasmo,
Ao entrar na sala de estar,
- ele caiu do sofá...
Ele respondeu,
Correu até o bebê
Que estava roxo no chão,
Com uma batida vermelha
Na testa.
- caiu?
Eu não lhe disse,
Eu fui ao salão de beleza,
Voltei não faz muito...
Ela respondeu,
Indo de encontro a Robson,
Abrindo o pacote de bombons
E descansando um
E levando até sua própria boca.
- nosso filho...
Ele pegou a criança,
Sentou no sofá com ela,
E ele paulatinamente voltou
A chorar.
-querido, estou com o jantar
No fogo,
Preciso ir ver.
Respondeu a esposa,
Retirando o vaso de flores
De dentro da caixa
E soltando sobre o rosto do bebê.
-querida?!
Robson gritou,
Levantou com um espasmo
De mão e empurrou as flores
No chão.
Lucia retornou para ele
Com um virar de seu corpo
Magro e bem vestido
Em vestido azul marinho
Fino e comprido,
Sobre seus pés nus
Numa rasteirinha aberta
Preta e branca
Com uma tira branca sobre
O dedão
E outra preta em frente
A canela sobre o pé.
- querido, você sujou o chão?
Meu Deus, eu passo o dia
Todo a limpar isto...
Ela respondeu,
Mordendo outro bombom,
Depois o olhando incrédula,
Passou o dedo sobre o bolo
E levou a boca.
- eu não posso acreditar
Que você não viu nosso filho?
Ele ficou ereto,
Coração aos saltos,
Encarou seus olhos.
- Lucia, eu não estou te reconhecendo?
Ele falou boquiaberto
E trêmulo.
Ela virou-se em direção
A cozinha,
Com um espasmo de esquecimento,
Depois se voltou para o marido.
- querido, eu passo o dia todo
A esfregar este chão sujo
De suas prostitutas ex-namoradas
Suas, esqueceu-as?
Com passadas rápidas
Ela veio até ele
Então, beijou sua boca.
No ímpeto,
Ele levou o braço
Para abraça-la,
O beijo se intensificou um pouco,
Ela o abraçou pela nuca,
Apertando a caixa contra o bebê
Clairto.
O bebê chorou,
E ela afastou-se rápida,
Com um sorriso,
Segurando o rosto do esposo
Em direção a ela.
Depois virou-se para a direita
E seguiu até a cozinha,
Comendo bombons
Potiados no bolo.
Robson, foi até o vaso,
Juntou-o,
Depois de verificar
Que não estragou nada
Soltou ele sobre a mesa
Do lado do sofá,
Seguiu até o quarto do bebê,
Pegou o berço de colo,
E colocou Clairto dentro.
Então, seguiu para seu quarto,
Ao lado daquele,
Soltou o bebê sobre a cama
Rodeado de travesseiros,
Ainda dentro do berço,
Tirou a roupa
E foi para o banho.
Depois de tomado o banho,
Saiu, se secou, trocou de roupas,
Pegou o bebê e foi até a cozinha.
- qual o cardápio, Lucia?
Ele indagou na porta,
Entrando e deixando o bebê
Sobre a cadeira,
Foi até a panela ver o que era.
- É risoto, cuida pra mim
Vou me sentar
Sinto dores nas pernas.
Ela disse,
Ao abrir a tampa,
Soltando o ar quente
Sobre ele
E indo até a mesa
Onde estavam as cadeiras.
Ele levou rápido
As mãos aos olhos.
- claro, posso cuidar disso.
Sente-se que eu termino.
Fez sinal para ela se sentar,
Mostrou o lado oposto
Da mesa,
Para que ela ficasse
Ao lado do filho e o cuidasse.
Vendo ela ir,
Ele se dirigiu até a pia,
Pegou na geladeira uma cebola,
E a fatiou,
Depois, indo jogar na panela,
Com a cebola sobre a tábua de cortes,
E uma faca ao lado.
Ele viu a esposa sentada
Sobre a cadeira
Onde deixou o bebê,
Chegou até a panela,
Olhou para ela de volta,
Sentiu a falta do filho...
- Querida, cadê Clairto?
Ela sorriu,
Levou a mão na testa
Em sinal de esquecimento,
Depois o buscou ao redor
De si.
Robson, num ímpeto de fúria,
Se jogou contra ela,
- cadê, Clairto?
Ele disse,
Colocando uma faca
Em sua garganta.
A tábua de cortes
Voou na parede
Espalhando cebolas
Por todo o lado.
- cadê, nosso menino?
Ele perguntou outra vez.
Então, a ergueu pelo pescoço,
O filho estava embaixo dela.
Ele a segurou com força
Erguida no alto,
Depois a soltou,
Lucia caiu mole no chão.
-meu filho,
Meu filho...
Ele disse,
Pegando a criança no berço móvel,
Sem vida.
Ele ergueu a criança,
Colocou em seu peito,
Soltou sobre a mesa,
Tentou fazer retornar
Sua respiração,
A criança não se moveu.
- vagabunda,
Você matou nosso filho.
Ele gritou em prantos,
Depois, num lapso
Incontrolável de fúria
Foi contra ela,
Ainda com a faca em mãos,
E começou a espeta-la
Com a faca
Inúmeras vezes,
Até vê-la sangrar,
E não parou.
Ele gritou alto,
Tentou empurra-lo,
Arranhou seu rosto
De maneira profunda,
Mas, ele não parou.
A polícia foi chamada
Pelos vizinhos
Que se assustaram
Com tantos gritos,
Então, tão rápido quanto
Tudo ocorreu três viaturas
Cercaram a porta de casa,
Com as luzes e sirenes ligadas.
Um policial armado
Ouvindo os gritos
Abriu a porta a chutes
E outros mais invadiram
A residência com suas armas
Em mãos,
Foram até onde vinham
Os barulhos
E encontraram Robson
Ainda esfaqueando Lúcia.
Então, o ergueram de cima dela.
Com a faca sangrando
Em suas mãos,
Ela estava totalmente perfurada.
- ela matou nosso filho,
Ela matou.
Ele gritava em prantos.
Lucia estava caída
De pernas abertas
Sentada no chão
Sangrando muito,
Olhos abertos e imóveis.
Robson foi retirado de lá,
Erguido pelos braços,
Com uma arma apontada
Contra suas costelas.
- você está preso.
Você é um assassino.
Então, o algemaram no jardim,
O colocaram dentro da viatura
Que havia derrubado
O portão
Por isso estava amassada
Na frente.
O colocaram na segunda
Que entrou
Que estava pouco amassada.
- você vai responder
Por duplo homicídio
E dano ao patrimônio público
E resistência a lei,
Por não abrir o portão
E dificultar o flagrante delito.
Os policiais se dividiram
Entre levá-lo para o presídio,
Retirar os corpos,
Encaminhar para o
Exame cadavérico,
E chamar o guincho
Para a primeira viatura
Que ficou bastante danificada.
A audiência foi marcada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário