Quinto dia
Para buscar emprego,
Milésima porta
Em que bate,
Tantos currículos entregues,
Algumas chamadas
Na caixa de mensagem.
Ela já não solta
O prato sujo de sabão
Para correr da pia
Até a sala
Para atender ao telefone.
Quando decidem
Marcar entrevista,
Agendam horário
Com mil e tantas candidatas...
Há sempre alguém
Mais preparado que ela,
Alguns tem experiência
De função,
Aí já sabem fazer o serviço,
Outros é o primeiro emprego,
Então, são mais dispostos...
Ela baixa os olhos
Para a folha de mil questões
Que está respondendo,
“Por quê que parecem
Conhecê-la,
Já saber como ela irá trabalhar,
O quanto está disposta
A doar-se para o trabalho?”
Ela pensa,
E quase chora.
Ao final,
Todos despedem-se,
Anunciam que o candidato escolhido
Será avisado
Através de um telefonema,
Ela abandona a louça suja
Sobre a pia,
Abandona o quarto,
Abandona a cozinha,
Entrega tudo a sujeira,
Enquanto isso,
Gruda sobre o sofá da sala,
A esperar o telefone,
Uma oportunidade qualquer
Dentre tantas que se imagina apta...
Com o passar do tempo,
Ela desiste de esperar,
Alguém preencheu sua vaga,
Alguém foi melhor que ela,
Alguém se encaixou
Dentro do que a empresa buscava,
Este alguém não foi ela.
Com o passar dos dias,
Ela já retorna a limpeza
Da casa onde mora,
Com o passar das semanas
Quase abandona o telefone,
Com o passar dos meses
Se esforça pra passar por lá
E ver quem foi a escolhida
E imaginar descobrir
O que de especial
Está pessoa tinha...
Enquanto isso,
As contas chegam,
Ela divide o pouco
Que tem entre água,
Luz, telefone,
Sim, ela tem que
Manter o telefone ativo...
E comida,
Roupa... Quem sabe?!
Nenhum comentário:
Postar um comentário