Angela Marroquina,
Cantora famosa
Desde os doze anos,
Era acostumada a fazer shows
Por toda parte.
Com a disseminação da internet,
E redes especializadas
Em música,
Tornou-se famosa mundialmente,
Desde as cidades mais remotas
Até grandes metrópoles.
Garota bonita,
Casada a dez anos,
Hoje aos vinte e sete é mãe,
De menino de sete anos.
Seus pais vivem nos Estados Unidos da América ...
Devido a agenda de shows,
Escolha de repertório,
E gravação de cds,
E organização de clipes musicais,
Há cinco anos não os vê,
Mas paga cada uma de suas
Milionárias despesas.
Com avião próprio,
Ela se considerava dona
De si própria,
Com direito a grifes exclusiva
De roupas para si mesma.
Caracterização única no palco,
Unânime em frente as câmeras,
Cada música lançada
Um sucesso em todas as bocas,
Desde crianças até idosos,
Todas com letras simples,
E lindas.
Já tinha empresa com repertório
Exclusivo,
No entanto,
Nas horas vagas,
Embaixo do chuveiro
Ou em oportunidades
Não esquecia de fazer um verso
Ou outro e correr anotar.
O esposo e o filho
Sempre tinham o caderno
De anotação em mãos.
Não raras vezes, corria pela casa,
Cheia de sabonete,
Nua, cabelo escorrendo espuma,
Em busca do caderno
Para anotar o verso.
O esposo sorria,
Logo ia atrás dela com o rodo
E o pano de chão
Para secar os rastros,
Não raras vezes,
Buscava a toalha
E se punha a secar
Com o chuveiro ligado,
Porquê encontrou a afinação
E a música perfeita
Ou estava planejando coreografia.
Um grito de espanto,
E Fábio invadia o banheiro
Para auxiliar,
Já ocorreu de cair no piso molhado,
Mais de uma vez,
A música envolvia toda a família.
O filho, já alfabetizado,
Escrevia as próprias frases
De que gostava,
Trazia para a mamãe,
E elas eram aproveitadas,
Inclusive seus desenhos
Eram organizados nos arranjos
E clipes.
O esposo escolhia roupas,
Não raras vezes,
Cruzou por alguma loja
Encontrou alguma roupa
No estilo da esposa
E a adquiriu para uso nos shows.
O entrosamento familiar
Era único e perfeito.
Cada despedir-se para os shows
Fora de seu país,
Marrocos, era um chochoro,
Ela sempre saiu com o coração apertado,
Desde ao conhecer Fábio.
O viu num show,
No Japão,
Ele trazia um cartaz em mãos:
“Meu irmão é seu fã,
Eu não!”
Ele escreveu.
Ela riu em plena música,
Cessou a voz
E o chamou até o palco.
Ele subiu,
Pediu licença para o irmão,
E ambos a abraçaram,
Logo depois se puseram de lado.
Naquele dia ganharam seu autógrafo,
Depois, puseram o cartaz autografado
Dependurado na parede de casa,
Num quadro moldado a cedro,
E vidro transparente.
Dono do hotel onde ela estava,
Logo ao meio dia
Do dia seguinte
Conseguiu conversar com ela
Pessoalmente,
No mesmo dia transaram,
Em poucos meses,
Aos dezessete anos dela,
Vinte e três dele,
Casaram-se.
De tão feliz,
Ele deu o hotel de presente
Ao irmão,
Foi embora do Japão,
Morar no Marrocos.
A distância impede visitas
Corriqueiras,
O irmão é ocupado
Com o trabalho,
Que tem decaído rendimento,
Mas o mantém feliz.
Os pais de Fábio
Fizeram uma viagem
De avião,
Faltou combustível
E há dois anos,
Ambos faleceram.
Em virtude de dívidas desconhecidas,
A propriedade em que viviam
Foi adquirida em leilão
Por estranhos a família,
Quando Fábio soube,
Traumatizado pela morte,
Tudo havia ocorrido,
Não pode fazer nada,
Nem despedir-se do local
Em que nasceu.
Soube por correspondência,
O advogado enviou uma carta,
Informado que não havia herança,
Todavia, nem dívidas.
De outra forma,
Foi agendado show
Em pais estrangeiro,
O destino de Angela Marroquina
Era o estado de Santa Catarina,
No país Brasil.
O idioma era desconhecido,
No entanto,
Em cinco minutos de abertura
Para a venda dos ingressos,
Todos os lugares foram vendidos,
O local estaria lotado,
Inúmeros fãs a esperavam
Sempre com todo o carinho.
Seria como de costume,
Desembarcar no aeroporto,
Ser conduzida por carro alugado
Até o hotel,
Esperar por poucas horas,
Ir ao show,
Terminar o show e ir para o hotel.
O país tinha agendado shows
Em três de seus estados,
Santa Catarina, São Paulo
E Rio Grande do Sul,
Tinha um outro também
Com muitos fãs requerendo show,
Minas gerais,
Então shows no país
Demandava uma semana
De entregas ao trabalho.
Por desconhecimento do local
E costumes e idioma,
Se recusou a levar a família,
Preferiu ir sozinha.
Contratou seguranças próprios,
Apenas três dos favoritos do esposo,
Jordano Mirano e Janvano.
O local se encarregada de outros
Para conter a multidão
E afastar curiosos.
No avião a caminho
De Santa Catarina,
Ela levou a música
Escrita com seu filho
Em mãos,
Ainda em sua letra a caneta:
O amor une as pessoas,
Eu amo minha mãe,
Ela ama eu e papai,
Então, nunca estaremos
Sozinhos,
Porquê quando ela me abraça,
Tudo fica bem,
E se ela sorri,
O mundo fica melhor que antes.
Papai abraça nós dois
Apertado,
Ele me faz dormir no seu peito,
Eu tenho sonhos bons,
Não quero acordar,
Quero dormir muito,
Aí mamãe abraça nós dois,
Ela tem perfume bom,
Seus cabelos cobrem seus ombros,
Eu me vejo ir mais longe
No sonho,
Acordo feliz e forte.
Ela me dá um beijo,
E beija papai,
Ele nos abraça mais.
Ela encerrou a leitura
De mãos trêmulas,
Beijou o papel branco,
Com seu batom nude,
Marcou a folha
E chorou.
Já sentia saudade,
Mas está viagem
Teria de ser feita sozinha,
Logo voltaria,
Assim era o trabalho
E valia a pena.
Com um único cd ficou milionária,
Construiu carreira segura,
Pessoas a amavam,
Buscavam por ela,
Lhe pediam para gravar as músicas.
Desembarcado no aeroporto,
Descobriu problema
Com a bagagem,
Se dirigiu a sala solitária
Para resolver.
Chegando lá,
Sentiu um cheiro estranho,
Uma fumaça no lugar
E caiu.
Acordou amarrada no chão,
Com o rosto ensanguentado.
- sua carreira acabou!
Disse um homem lhe
Apontando uma arma
Contra a nuca.
Ela levantou o rosto
Do soalho sujo de poeira
E sujeira de sapatos,
Viu num vislumbre
De tecnologia,
Bandidos invadindo
Sua casa
E matando seu esposo.
No que compreendeu,
Eles estavam vestidos
Como ela,
Com rosto, cabelo e maquiagem,
Fingiram que ela teve que voltar
Porquê esqueceu a música
Que tinha entre as mãos.
Um tiro em cada um,
Os dois caíram
Com sorrisos no rosto,
Então, surgiu uma mulher
A frente,
Realmente usava a mesma
Roupa que ela usava
Neste mesmo instante.
Depois soube que o irmão
Do esposo também foi morto,
E nisto os seus pais,
Por isso, ela não recebeu
Suas visitas
E teve a partir de então,
Suas viagens canceladas
Para ir vê-los.
Os bandidos que atuavam
Contra ela
Chamavam este feitio criminoso
De chacina,
E eliminaram toda sua família,
Agora seria ela,
Aquela moça iria
Requerer sua carreira artística,
A usufruir de seu dinheiro
E bens...
Ela encostou a cabeça
No chão sujo chorando,
E entendeu as motivações
De em tão pouco tempo
Ter investido tanto dinheiro
Em aquisição de prioridades...
Não chegou a levantar
O rosto,
Levou o tiro de misericórdia.
Descobriu que seus clipes
E ensaios até então gravados
Seriam todos utilizados
A partir de agora
Com o único fim de lucro,
Nada mais restaria dela.
Ainda teve tempo de chorar,
Ainda encontrou forças
Para pensar no filho.
Lembrou de si mesma
Dentro do avião
Cantando a música
Só em voz,
A câmera do avião sobre
Sua cabeça...
Tudo seria mostrado
Em ineditismo.
Antes de seu último suspiro,
Caiu ao seu lado
Três corpos,
Sua mente sugeriu
Que fossem os seguranças,
Seus amigos...
Tudo se foi.
Não restou testemunha
Ou aspecto fora do lugar,
Apenas as imagens
E aquela mulher tão similar.
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