Era noite na casa da avó,
Todos nós reunimos
Ao redor do fogo,
Para ser exato:
Vovó colocou pinhão
Sobre a chapa do fogão
Para torrar
E nós nos alimentar.
Era inverno gelado,
Destes de cair geada
Sobre o sereno,
Congelar a grama
E fazer do casaco
Mero adereço
Sobre o corpo congelado.
Vovó retirou parte das brasas,
Pôs sobre a forma do fogão,
E retirou a forma
Colocando ela no chão,
Ali esquentávamos nossos pés,
Nós três: eu Teobaldido,
Jackeline e Betorio.
Vovó disse para saber esperar,
Contudo Jaceline foi ágil,
E comeu todo o pinhão cru,
O resultado disso é que
Usou o banheiro
Por toda a noite,
Obrigando todos a saírem
Para o banheiro dos fundos
Da casa.
Aquele mesmo lá de fora,
Pra quem conhece a residência
Não há de ignorar o terror,
Pois não há outro banheiro,
Exceto os pés de laranjeiras,
Foi noite gelada
E escura,
Vovó segurando uma velinha
Derretendo por entre seus dedos,
E eu agarrado ao tronco
De laranjeira,
Entre espinhos e sapos,
Não merecíamos isto.
A teoria não parou nisto,
Todos vimos Jaceline
Aquecer chaleiras atrás de chaleiras
De água
E entrar no banheiro
Levando a bacia,
Todos convenham que
Ela estava na verdade
Tomando banho quente,
Enquanto nós
Fomos obrigados
A limpar o bumbum
No mato serenado de geada...
Passou da meia noite,
Vovó fez mate doce,
Ninguém tinha sono,
E vovó gostava de contar histórias,
Jackeline toda tormento da
Saiu do banheiro finalmente,
Secando os cabelos
Com o cobertor:
- está caindo geada,
Vocês acreditam?
Ela indagou.
- caiu geada em teus cabelos Jaci?
Fui obrigado a retribuir
O sinismo,
Gear nos cabelos da Jaci
Dentro do banheiro
Foi a gota d’agua.
Saiu de lá,
Vestiu o melhor vestido
De vovó,
Na saída da porta
Enroscou no prego
Que estava segurando
Um terço
Pendurado no quarto dela.
- vejam primos e vovó:
Temos invasão de baratas
E grilos dentro de casa!
Ela comentou
Mostrando o rasgo do vestido
Entre seus dedos
Vermelhos de aquecidos.
Eu apenas levei
Meus dedos aos meus lábios,
Não tive o que falar.
-podem ser camundongos.
Vovó terminou.
Eu tive menos resposta
Que antes.
Uma mente e a outra confirma.
Peguei a cuia de leite doce
Com hortelã que a vovó
Me servia,
E bebi tudo calado.
Jacilene escolheu
Sentar-se ao meu lado,
Com um pisão no lado
Da forma ela jogou
O brasido todo pro alto.
- pois veja vovó,
São mais de um camundongo,
Um estava no quarto,
O outro foi se aquecer no fogo!
Eu encarei bem aquele rosto
Lívido de inteligência
E vi bem
Que papel higiênico
Eu só teria naquela noite
Se poupasse o matinho
Gelado lá da laranjeira.
Nem perguntei a respeito
“Camundongo comeu”
Seria o cúmulo do “fique quieto”.
Bem, vovó encontrou
Outro saco de pinhão
E o pôs sobre a chapa
Para torrar
E nós enchermos a barriga.
Já saciada Jaceline
Decidiu ir para casa dormir,
Ótimo.
Tendo saído naquele frio
De deixar grama verde branca,
Usando o vestido esvoaçante
De vovó,
Decidimos fechar a porta,
Nisto vimos um dedo
Em plena fresta:
- Jaci, você está
Com seu dedo
Na fresta da porta?
Vovó indagou a ela.
- certo que não vó.
Vovó já acometida da idade,
90 anos de vida,
Acreditou estar vendo coisas,
Fechou a porta com normalidade.
- ahhhhh.
Ouve-se o grito estridente.
- e agora Jaci,
De repente você estava?
Indagou Betorio.
- Não, eu saí correndo,
O vestido enroscou
E puxou meu dedo.
Respondeu com sagacidade.
De imediato vovó abriu a porta,
E a menina estava lá parada,
Com o dedo preso na fresta,
Olhos marejados de lágrimas.
- entre pra dentro
Que eu cuido disso.
Vovó disse a ela,
Puxando a menina
Pelo ombro.
Por resultado,
Nós sofríamos descascar o pinhão,
E Jaci ganhou sem medida
Descascado pelas mãos
Hábeis de vovó,
Enquanto sofríamos tomando
De cuia a cuia,
Jaci ganhou mate doce
Na xícara...
Não fosse pouco,
Vovó foi ver a menina,
Deitada na cama,
Debaixo de cobertores
Soando baldes.
- você está com febre menina?
Indagou vovó.
Dando-se o direito
A dúvida.
- certo que não estou vovó.
Todos nos olhamos espantados.
- então, está...
Nos dissemos um ao outro.
Vovó olhou a todos,
Mas não disse nada.
Uma da madrugada,
Com a geada caindo
Tão intensa de molhar os cabelos
E congelar as orelhas,
Vovó juntou um maço de velas,
Entregou-nos uma casa um,
E corremos para os outros pés
De laranjas,
Buscar uma galinha
Para fazer canjas.
-tem certeza sobre isto, vó?
Indaguei com vela na mão,
Enquanto via a velhinha
Subindo a laranjeira,
E eu e o Betorio iluminando ela.
Eu embaixo da árvore,
Betorio subindo ao lado
De vovó para ela ver,
Encontramos uma galinha
Gordinha e facilzinha.
Lá foi vovó pegar ela,
Se movendo com dificuldade
Por entre os espinhos
E galhos apertados.
Depois veio a parte simples,
Ver vovó limpar
E nos preparar o jantar...
Isto, lá pelas duas ou três da manhã.
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