sábado, 17 de agosto de 2024

Casamento

Casamento.
Casar.
Ato de união entre dois seres humanos.
Mento….
Não minto.
Ocorre num momento,
E dura,
Se quiser.
Se quiser-se,
Se desejar.


Amor é uma palavra que une,
E casamento se faz a dois,
E duas fases,
O conhecerem-se,
E o continuar
Depois disso.
Depois de conhecerem-se,
Há o aprofundar.

Casa.
Aceita?
Pra isso é dever aprofundar,
Construir alicerces.
Casa.
Fixar-se,
Querer.
Estar.

Me?!
Sim.
É um assombro.
É abandonar o estar sozinho,
Deixar tudo que era seguro
E que não realidade,
Nunca foi mesmo,
Para olhar o outro
E respeitar,
Aí é que se pisa
Em chão que se escorregar
Há quem ampare,
Está aí a verdadeira segurança.

Hein?!
As vezes,
É não ouvir muito,
Mas entender,
Conversar,
Proteger.

Tô.
Sim,
Estar.
De quê é feito o amor
Senão estar um no outro,
Um com o outro,
E ficar.
Ficar acima dos gritos,
Das agressões,
Da dor,
E dos perdões.
Que não haja um
Para não precisar haver o outro,
Mas passam-se os anos e há.
Casamento.
Que seja abençoado,
Eterno
E poderoso!

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Pompom

Estava na hora de beijar,
Abraçar e gostar,
Embora soubesse que deveria
Estar feliz por tê-lo,
O simples ter as vezes pede,
E o seu pedia mais,
Muito mais do que houve.

Estar junto não bastava,
Relação de superfície 
Não era suficiente,
Queria beijo, amassou,
Tirar a roupa,
Trocar telefone,
Visitar sem hora marcada,
Sem querer que o dia terminasse,
Ou que a noite pedisse.

Pedisse mais dela,
Mais dele,
Mais da bebida,
Mais das carícias,
O vazio de estar sozinha
Jamais abandona por completo,
Depois de uma vez no porre,
O efeito fica e cobra.

Exige a euforia,
O riso solto,
Os gestos despedidos,
A felicidade no rosto,
E ela se descobriu obcecada
Pela tentativa de estar feliz,
Sentir-se completa,
Libertar-se de diretrizes,
Ser livre e profunda.

Por fim parou na frente dele,
Tocou com mãos suadas
E sujas de cerveja
O seu colarinho branco,
E o desorganizou,
Puxou para o seu maxilar 
E lhe fez carícias 
Sem tocar propriamente com suas mãos,
Apertou mais forte,
Fez gestos com a roupa,
E soltou.

Então tocou seu peito
E o fez menção de empurrar,
Não foi forte o bastante,
Nem desmedida para tropeçar,
e aí cara,
Deixa eu sentar nas suas pernas
E socar minha vagina em você 
Até encontrar seu pompom?
Eu disse,
Ao encontro de seus lábios,
Sem tocar,
Sem medo,
Bem, bem perto.
Ele pegou minha mão esquerda
E me levou.
Foi ótimo.
Sem arrependimento.


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Pois é

-Se o banco não é branco,
Por quê o nego tem que ser negro?
Ele indagou,
Com pás, machados, facão e foice,
Tudo em mãos.
Sorriu para a bonita mulher,
Mas a desejou de boca aberta 
E sorriso escancarado e trêmulo.

Não,
Não bastava a ele beleza,
Precisava caber nela
Todos os seus pênis,
Um por um que ele teve,
E outros que desejasse.
Sim,
Ele tinha um membro,
Grande, estúpido e ereto.
Para o que quer fosse
Diria:- sente-se.
Para quem quer que analisasse
Ele queria saber se tinha efeito,
Se fazia referência,
Agradava ou tinha jeito.

Não,
Não tinha jeito de pênis,
Seu pescoço grosso e enorme
Não tinha ares de fala,
Suas bolas eram como sinos
A badalar por onde passasse,
Tim toin Tim toin,
Membro fétido, fibroso e convencido,
Tim toin Tim toin,
Eram pesados de carregar,
Faziam barulho,
Buscavam espaço
E queriam mostrar-se.

Jogou-se a boca
Que o rejeitou,
Foi maltratado
E não compreendeu,
Jogou-se a mão 
Que o empurrou,
Foi ferido
E não compreendeu,
Jogou-se no primeiro espaço,
Quis esconder-se,
E lá teria ficado,
Não fosse podre, aberto e nojento.

As mãos daquele homem moviam-se,
A boca dele nunca teve nada para dizer,
Mas ela caia e arrastava-se,
As pernas nunca tiveram horizonte,
Mas jogavam-se
E não paravam de embevecer-se,
depois diga-se não possui valor a face?
Disse o negro que passava,
Não disse muito,
Mas foi ouvido.
Ali foi morto,
Mas dele lembram-se,
E nunca daquele estúpido a machado.

sábado, 10 de agosto de 2024

Religião

Folhava outra vez o livro que seguia,
Riscava frases,
E acreditava no que lia,
Milhões de anos a frente,
E ainda tinha tanto a ensinar 
E ela o seguia.
Acreditava.
Repreendia.

Transformar o corpo,
Dignificar a alma,
Como se tivesse todas as respostas,
Seguia irrepreensiva,
Rosto de pedra,
Emoção contida,
Doava e doava-se,
Cobrava e cobrava-se.

Crédula em estar certa,
Era só recitar uma frase,
Ditar um número e um nome,
Direcionar a bíblia,
Pronto diz a religião,
Pediu o profeta Jesus,
Seus olhos eram gelo e fogo,
Tudo conforme estava escrito.

Quando tudo se foi,
E apenas a porta crepitava,
Ela quis voltar atrás,
Mas restou apenas silêncio,
Sua sala parecia um cubo,
Fechada e improvisada,
Com suas paredes brancas a consumi-la,
Janelas fechadas com vidro,
Teto qualificado.

Ergueu os olhos tristes do livro,
E quando os voltou,
Havia ali outra frase,
Outra parábola outro mandamento,
Tudo deu errado,
Mas nunca esteve mais no contexto,
Sentiu uma onda de medo,
Nunca desconfiou do Deus que seguiu,
Nem do que o padre falou,
E ela entendeu e seguiu.

Tornou a fechar o livro,
E suas páginas bateram contra seu pulso,
Cortaram e então sangrou,
Não estava presa por algemas,
Mas o sangue que ali jorrou,
Retornou a manchar páginas 
Do então livro,
Que apenas contava história antiga,
Mas que levava almas novas.

Caiu de sua mão e foi ao chão,
Sujo de terra e pó,
Do chão em que pisava,
O chão que construiu e adorava,
Sem família para onde retornar,
O cubo de gelo se fechava,
Endurecia e comprimia.
Fosse abri-lo,
Fugir ou mudar o pensamento,
O cubo se desfaria,
Dele porfiria uma cruz,
De todo cubo resulta uma cruz,
Virada, erguida, deitada ou caída,
Tanto se aprofundou na religião 
Que a seguiu sem perdão,
Tanto reprimiu-se para caber ali,
Que agora algemava a sangue si mesma,
Enforcava-se na cruz que ergueu,
Morria com as palavras que leu,
Comprimia-se no cubo que tanto forçou-se a entrar,
Sem entender que não cabia.
A cruz deixou de crucificar,
Agora vinha escrita em livros,
Afirmava direcionar,
E comprimia até que se possa encaixar.

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

O Sedutor

Por fim, parou em frente a porta,
Quase no final do corredor,
E parou,
Encarou a porta ainda fechada,
Pensou em bater para abrir,
Mas ao invés disso,
Pegou a maçaneta e abriu,
Com um gesto frágil e decidido
Se colocou na sala
Sem avisar.

Parou de frente a ele,
Que estava em pé,
Não sabia se a esperava
Ou se desejava que estivesse ali,
O encarou decidida e firme,
Olhos cravados em seu rosto,
A barba desfeita e desleixada,
Num contraste perfeito
Com cada detalhe do seu rosto
Másculo, forte e seguro.

-Sr., vou pedir uma única vez
e como sabe,
Eu não gosto de ser repetitiva.
Seu coração ficou aos saltos,
A camisa branca colocou ao corpo,
Suada e fria,
Deixando em evidência o sutiã branco,
E o arfar de seu peito nervoso,
E ansioso pelo toque dele,
Seus olhos correram para sua mão,
Os dedos longos, grossos e bonitos,
Pelos escurecidos sobre eles,
Músculos salientes
E unhas roseadas e bonitas.
Só ela sabia o quão intenso
E difícil era manter-se distante.

-o senhor irá passar o dia todo fugindo?
Digo isso, porquê há um sol lindo 
Lá fora,
E eu gostaria de passear a cavalo,
Contudo, o estábulo está trancado,
E sei que as chaves lhe pertencem.
Ele pareceu estremecer
Diante da altivez do convite,
Parecia a ele 
Que era mais simples 
Quando suas mulheres
Simplesmente,
Tiravam suas roupas
E ficavam desnudas para ele,
Porém, com está era tudo inesperado,
Com um sabor de desejo,
Conquista e dificuldades.

Ele tinha mais do que 
Uma boa ideia sobre passeios a cavalo,
Aonde poderia levar,
Ou seja,
A árvore mais próxima,
O enroscar no cabelo,
Desmanchar o penteado
E ódio e horrores,
Porém, não isto não servia
Para ela,
Para seu feitio, roupa ou modos.

-e o que você fará 
Quando se deparar com a primeira árvore?
Irá empacar e imitar o cavalo?
O olhar penetrante dela
Parecia desnuda-lo,
Era como se removesse cada peça,
E o tocasse de forma íntima,
Próxima e sedutora.
-Infelizmente,
Faz parte de mim ser 
Um tanto quanto selvagem,
Quando se refere a sua companhia,
Não lhe garanto que não iria fugir,
Lhe dar uns coices,
Ou lhe enroscar com o rabo.

A sala foi preenchida por risos,
No mesmo instante 
Ele a encarou profundo
E sedutor,
Parecia realmente interessado nela,
Abriu a escrivaninha 
Retirou as chaves e reteve para si.
Depois abriu o zíper da calça 
E a colocou dentro da cueca.
-Então, você usa as mãos ou outra coisa?

Ela correu até ele,
Atrevida, desolada e destrutiva,
Lhe desferiu um tapa no rosto,
Abriu o zíper
Retirou as chaves,
Que estavam bamboleando
Sobre seu pênis atrevido,
Então, o empurrou para trás.
-Idiota.
Disse ao se virar para sair.


quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Luar de inverno

Sob o luar tênue e quente
Que atravessava a luz do telhado,
Eu o encarava com ódio,
Incerteza e fúria controlada,
Já não sentia o vento de inverno 
Que tocava e penetrava a pele,
Parecia cortar,
Mais valia possuía o luar 
Que tocava e aquecia.

É certo,
Que está espécie de calor
Jamais seria referida a ele,
Não com aquele rosto enfurecido,
Menos ainda com aquele ímpeto desmedido
Que rapaz que sabe o que faz,
Que possui todas as certezas,
E quê, sabe-se Deus porquê,
Não erra.

Decididamente,
Hoje,
Ao menos por ora,
Ele estaria errado,
Desde o instante em que abriu aquela porta,
Desde o momento em que quis beija-la,
Mais ainda quando ousou insinuar 
Que ela,
Ela,
Se apaixonaria por ele.

Ela forçava satisfação a cada grito,
A cada palavra humilhante que proferia,
Tentava maquiar no rosto
Uma felicidade e orgulho que não sentia,
Fosse fazer o que o coração mandava
Se aproximaria,
O aqueceria em seus braços,
Antes ainda de o frio toca-lo,
Envolveria-o em seus beijos,
Antes mesmo que pudesse sentir
O arrepio do terrível inverno,
Ou antes que as estrelas do céu,
Caíssem sobre aquele telhado de vidro,
Embaçando a visão,
Gelando seus entornos,
Escondendo os céus com seus flocos de neve,
Congelando os dois completamente.
Pois é sabido,
Mais certo que a previsão do tempo,
Muito mais que a sabedoria dos anos passados,
Ela não iria beija-lo.

O gelo viria e os consumiria,
E o amor antes consumado,
Numa gota de gelo os levaria,
O que estaria por vir,
Pertencia a qualquer coisa,
Destino, erros, medos ou fracassos,
Mas não estaria por vir,
Não pertencia ao futuro,
Menos ainda ao presente,
Pior que isso,
Passado.
Simples e puro passado.

Então senhor todo quente, -
Ela disse sacudindo seus dedos no ar,
Dedos avermelhados e arroxeando-se,
Toda dono do pouco de calor 
Que ainda havia,
Como se suas mãos
Fossem pequenos fósforos 
Que poderiam ser acesos 
Assim que desejasse,
Que usaria para queima-lo,
Reprimi-lo, distancia-lo.

Coisas odiosas que lhe vinham a mente,
Sempre que o via convicto
E dono de suas certezas e classes,
Estalou-os,
Como se quisesse acorda-lo,
Retira-lo do transe que o faria crer
Que ela iria toca-lo,
Ele jamais mereceu tal certeza,
Cai neve no telhado,
Imagino que você tenha 
Em suas certezas
Alguma singela ideia
De como não con-ge-lar.

Foi como se cada fio dele se arrepiasse,
Cabelos soltos e irritadiços,
Pelos e barbas eriçados,
Olhos arregalados e seguros,
Terrivelmente seguros.


terça-feira, 6 de agosto de 2024

Desgraçado

Você se juntou ao meu inimigo,
Tem uma desculpa:
Detê-los.
Não importa minha saúde,
Um infarto ou meus ferimentos,
Você está com eles.
Sempre esteve.

Por isso,
Com a boca cheia de saliva
Para cuspir na sua cara,
Eu digo:
não o quis antes
E menos quero agora.
Sinto vergonha e nojo
Do cara que você é,
E foi anteriormente,
E será sempre.

Você só me causa repulsa,
Cheio de desculpas,
Come merda e respira peidos 
E você é o quê?
Digno de mim,
Ora pro inferno o seu dinheiro,
Acha que eu iria quere-lo?
Você só foi um negro
Para eu mascarar desprezo.

Eu não senti e nem sinto
Nada por você,
Você não é melhor que o anterior,
Você permitiu ao meu desgraçado
Estuprador me bater.
Ele feriu meu olho,
Minha cara,
Meus braços,
Minha coluna.
Aquele desgraçado bateu 
Em mim na sua frente,
Aquele demônio 
Que só o quero morto.

Você me enoja,
Veja o que você permitiu
Contra eu.
Ele me feriu,
Eu poderia estar grávida,
Aquele desgraçado 
Me negou comida,
Me chamou de negra,
Aquele desgraçado seu.

Aquele mostro vizinho
Que você colocou ao meu lado,
Achou que poderia importunar
Meu descanso,
Não importou meu trabalho,
Minha honra,
Meu esforço,
Aquele desgraçado,
Por quê você acha que eu brinco?
Só porque você acha as tuas cadelas 
E elas correm para mim chorando?
Você acha que eu não te mataria?
Querido, 
Você nem vale o seu dinheiro,
Um bosta feito você nunca deveria tê-lo.
Lhe sinto nojo.
Você me estuprou.
Lhe tenho nojo.

Desgraçado de quem quero distância,
Mas fugir para você?
Chamar seu nome ou lhe pedir ajuda?
Vai atrás da cadela que você quis
Lá atrás quando me ofendeu.
Você é um bosta,
Uma merda.
Poderia ter me defendido.
O teu desgraçado me bateu!
Meu braço está roxo
E inchado,
Você estava junto,
Vendo e se divertindo?
Você presta tanto
Quanto estes que você sustenta.
Eu lhe sinto nojo!
Eu nunca te quis sem camisinha,
Eu não toquei em você negrinho,
Eu nem lhe permiti me tocar,
Eu preferi qualquer outro,
Qualquer outro merda no seu lugar.

Você é um bosta comedor de merda,
Nem meu cu eu te dei,
Nada.
Apenas um tapa na tua cara,
E você devolveu bem,
Diga:
Quando eu chamei seu nome?
Você achou que eu quis te proteger?
Eu mandei matar você!

Você sabe o que eu penso de quem me fere?
Que Me machuca ou violenta?
Eu não fui assim com você,
Eu nunca feri ninguém,
Não suba na minha bunda
E pense que irá me dar prazer,
Eu te desprezo.
Eu te desprezo.
Eu te desprezo!
Eu não devolvo,
Eu mando pro inferno!
Que o diabo o tenha,
Que o diabo lhe tenha!
Desgraçado igual aos outros.
Desgraçado que se diverte com minha dor.
Desgraçado.
Queimei seu gato.
Joguei ele vivo no fogo.
Tentei de toda forma matar você.
Só lhe tenho nojo.
Estúpido comedor de pulga,
Você nunca mereceu minha boca,
Ou meu nome na sua.
Desgraçado estuprador,
Com o quê você se diverte?
Com minha dor.
Desgraçado estuprador.
Um dia aparecerá alguém forte,
Um dia irão lhe devolver os socos,
E cada ferimento.
Desgraçado negro,
Nariz de cadela reinenta,
Desgraçado de prostituta,
Bandido rico,
Desgraçado de coleira branca.
Bandido dono.
Maldito abandono.
Se eu engravidei de você?
Deus me livre sinto nojo,
Joguei a merda que saiu de mim
Contra a janela,
Quando imaginei que o desgraçado
Que iria me ajudar
Era você,
Você seu bosta!
Tenho desprezo por você 
E os comparsas que você usa
Pra me machucar,
Corre pro desgraçado do vizinho,
Corra, chore e lhe dê o pênis,
Ele quer sentar.
Desgraçado, bastardo.
Filho de escravagista,
Desgraçado, bastardo do diabo!

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Ap...